Resultado primário, falas de Galípolo, Lula e Haddad: os mais destaques desta 3ª

A agenda econômica desta terça-feira (8) tem poucos eventos no radar, mas ambos com potencial de movimentar os mercados. No Brasil, o destaque é a divulgação do resultado primário do governo central, prevista para as 8h30. Os números devem mostrar como anda a arrecadação e o controle das despesas públicas, tema sensível para investidores diante das discussões sobre a sustentabilidade fiscal. Nos Estados Unidos, a atenção se volta para os dados semanais de estoques de petróleo, que saem às 17h30 e podem influenciar os preços da commodity, pressionando setores ligados à energia e inflação.

Na segunda-feira (7), o Ibovespa oscilou com força ao longo do dia e fechou em queda de 1,31%, aos 125.588,09 pontos, com investidores ainda apreensivos com o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O dólar comercial avançou 1,29%, cotado a R$ 5,911, em meio a uma busca global por proteção. Os juros futuros subiram em toda a curva, refletindo tanto a percepção de risco fiscal no Brasil quanto o cenário externo.

Em Nova York, as bolsas encerraram a terceira sessão consecutiva no vermelho, com o Dow Jones recuando 0,91% e o S&P 500, 0,23%. O Nasdaq subiu 0,10%, puxado por ações de tecnologia. Investidores reagiram às declarações de Donald Trump, que voltou a falar em tarifas contra a China.

O que vai mexer com o mercado nesta terça

Agenda

Na manhã desta terça-feira, o presidente Lula participa do Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), no São Paulo Expo, onde também comparece à cerimônia de abertura da 29ª Feira Internacional da Construção Civil e Arquitetura (FEICON) e da 100ª edição do ENIC. À tarde, embarca para Tegucigalpa, em Honduras, com chegada prevista para as 19h40 (horário local).

Às 17h, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa do evento de encerramento do Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI. O tema do encontro será “Desafios econômicos do Brasil”.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa pela manhã, das 11h às 13h, de reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito das Bets (CPIBETS), no Senado Federal, em Brasília, com acesso aberto à imprensa. No fim da tarde, entre 17h30 e 18h30, ele se reúne com o senador Otto Alencar (PSD/BA) — esse compromisso será fechado à imprensa.

Nos Estados Unidos, a presidente do Federal Reserve (Fed) de São Francisco, Mary Daly, realiza um discurso.

Brasil

8h30 – Resultado primário

EUA

17h30 – Estoques de petróleo (semanal)

Internacional

Novas ameaças

Trump afirmou que, se a China não suspender até terça-feira (8) as tarifas retaliatórias de 34% contra os EUA, seu governo aplicará tarifas adicionais de 50% a partir desta quarta-feira (9). Ele declarou que todas as conversas com Pequim serão encerradas caso não haja recuo chinês. Trump acusou o país asiático de manter tarifas recordes e manipular sua moeda. Afirmou que qualquer retaliação será respondida com novas tarifas ainda mais altas. Disse também que as negociações com outros países começarão imediatamente.

Negociações no radar

Para reagir ao tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o Brasil pretende ampliar ou retomar negociações comerciais com países asiáticos, Canadá e México. Segundo a Folha de S.Paulo, a estratégia busca compensar a perda de mercado nos EUA com uma postura mais ofensiva. A reativação do acordo Mercosul-Canadá está no radar, com sinais de interesse de Ottawa. No caso do México, a ideia é ampliar o atual acordo de complementação econômica. O Brasil também mira uma aproximação com a Asean e planeja acordos com Indonésia e Emirados Árabes. A guinada à Ásia ganha força com visitas de Lula à região. O governo avalia ainda acionar a OMC contra as tarifas americanas, antes de aplicar retaliações via legislação nacional.

Proposta

A Comissão Europeia propôs impor tarifas de 25% sobre produtos dos Estados Unidos a partir de 16 de maio, em resposta às tarifas aplicadas por Trump sobre aço e alumínio. Uma segunda rodada de tarifas está prevista para 1º de dezembro. O bourbon, inicialmente listado, foi excluído da medida. Apesar da retaliação, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, afirmou que a Europa prefere uma solução negociada e já ofereceu tarifa zero para produtos industriais americanos. Ela anunciou também a criação de uma força-tarefa para monitorar importações. A Comissão prometeu diálogo com a indústria para mitigar os impactos.

Acusação

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, acusou os Estados Unidos de praticarem unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica com a imposição de tarifas. Em coletiva nesta segunda-feira (7), ele criticou a política de “América em primeiro lugar”, afirmando que ela ameaça a cadeia de suprimentos global e dificulta a recuperação econômica mundial.

Economia

Reservas suficientes

O Brasil tem reservas internacionais suficientes para enfrentar as decisões do governo Donald Trump, disse nesta segunda-feira (7) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante anúncio de investimentos do setor de logística em Cajamar (SP), Lula reiterou que a economia voltará a crescer mais que o previsto em 2025.

Mais agilidade

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (7) que espera uma votação célere do Congresso em relação à reforma do Imposto de Renda, nos mesmos moldes da reforma tributária do consumo. Durante evento em Montes Claros (MG), Haddad reforçou que a proposta não compromete o equilíbrio fiscal e rebateu críticas de que o projeto seria populista. Ele destacou que a isenção para quem ganha até R$ 5 mil será compensada pela tributação de altas rendas, como aquelas acima de R$ 1 milhão por ano, que atualmente não pagam IR.

Pressão

Os trabalhadores devem mobilizar-se pela aprovação da reforma do Imposto de Renda, pressionando os parlamentares no Congresso, disse nesta segunda-feira (7) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em evento de anúncio de investimentos em logística em Cajamar (SP), o ministro declarou que a proposta, caso aprovada como o governo enviou, permitirá que as faixas mais baixas de renda tenham um décimo quarto salário.

Energia elétrica

A Aneel prevê aumento médio de 3,5% nas tarifas de energia elétrica em 2025, abaixo da inflação estimada. A alta será puxada por reajustes nos custos de distribuição e encargos setoriais, como a CDE. A devolução de valores cobrados indevidamente ajudará a conter o reajuste. No curto prazo, analistas projetam retorno da bandeira amarela em maio, com possível sequência de bandeiras vermelhas entre junho e outubro. Isso se deve ao período seco e ao aumento do custo de geração. A cobrança extra pode elevar a conta de luz em até R$ 7,87 a cada 100 kWh.

Preço dos combustíveis

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, levou à Petrobras cálculos que, segundo ele, justificam uma nova redução no preço dos combustíveis. Ele argumenta que a combinação entre o aumento da oferta global de petróleo e a forte queda nas cotações internacionais abre espaço para novos cortes, especialmente no diesel. Embora o governo não possa interferir diretamente nas decisões da estatal, Silveira tenta sensibilizar sua direção por meio do diálogo. O barril do Brent caiu 3,5% na segunda (7), chegando a US$ 63,30 — o menor nível desde 2021. O governo mira impacto direto na inflação e no preço dos alimentos.

Camadas de incerteza

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou na segunda-feira (7) que a desancoragem das expectativas de inflação exige uma política monetária mais restritiva e duradoura. Em evento na sede da autarquia em São Paulo, Guillen disse que o atual cenário econômico é marcado por múltiplas camadas de incerteza. Segundo ele, as expectativas do mercado são um componente central no regime de metas de inflação, e sua deterioração impõe desafios adicionais para o Comitê de Política Monetária (Copom).

Política

Prisão de Bolsonaro

A maioria dos brasileiros defende a prisão de Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe. De acordo com pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta terça-feira, 52% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente deveria ser detido pelas acusações de tentar permanecer no poder por meio de um golpe de Estado. Por outro lado, 42% se posicionam contra a prisão, enquanto 7% não têm opinião formada sobre o assunto.

Emendas Pix

Estados e municípios deixaram de prestar contas sobre 86% das emendas Pix recebidas no 1º semestre de 2024, segundo a Transparência Brasil. Dos R$ 4,48 bilhões transferidos, apenas R$ 627,2 milhões tiveram aplicação detalhada. A verba sem rastreabilidade soma R$ 3,8 bilhões e foi distribuída para 22 estados e 2.757 municípios. Criadas em 2019, as emendas Pix permitem repasses diretos sem necessidade de convênios ou licitações. O STF suspendeu a prática em agosto de 2024, exigindo regras de controle. Em março de 2025, o Congresso aprovou nova regulamentação, ainda considerada falha. A CGU realiza auditorias sobre os recursos.

Impacto

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), indicou nesta segunda-feira, 7, que o movimento do governo de ampliar a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil é “correto” no sentido de “reduzir o sistema brasileiro injusto de se tributar”, mas “quem vai pagar essa conta mais uma vez são prefeitos e prefeitas”. “E o governo central vai tratar com todo o seu poder e autoridade de resolver os seus problemas”, afirmou.

Preocupação

O novo Plano Nacional de Educação (PNE), parado há quase um ano na Câmara, começa a tramitar esta semana, gerando preocupação no Planalto. Lula determinou que o ministro da Educação, Camilo Santana, acompanhe de perto para evitar mudanças drásticas no texto. O projeto prevê 18 metas até 2034 e substituirá o plano anterior, prorrogado até 2025. A comissão que analisará o tema será presidida por Tabata Amaral, com relatoria de Moses Rodrigues. O governo teme que debates ideológicos emperrem o avanço. Itens como EAD, gênero e currículo geram tensão. A comunicação do governo também monitora os impactos políticos.

Ameaça à democracia

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) publicou uma nota contra a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, um dia após o ato bolsonarista em São Paulo. Vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos, o CNDH afirmou que o projeto representa uma ameaça à democracia e à igualdade perante a lei. A presidente do órgão, Charlene Borges, disse que a anistia não promove paz, mas enfraquece o pacto democrático. A nota foi aprovada por unanimidade após proposta do conselheiro Carlos Nicodemos. O PL tenta pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta, a pautar o tema.

Sensibilidade e exagero

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu “sensibilidade” para revisar possíveis exageros nas punições aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Em evento da ACSP na segunda (7), ele disse ser favorável à pacificação nacional e afirmou que a obstrução feita pelo PL é legítima. Motta disse que manifestações são válidas e que cabe ao Congresso debater todas as pautas. Afirmou que é necessário tratar o tema com serenidade para evitar crise institucional. Apesar da fala, o projeto de anistia não entrou na pauta prioritária.

Fortalecer laços

O PT está mapeando lideranças religiosas para fortalecer sua atuação entre os evangélicos, segmento que historicamente rejeita a sigla e desaprova o governo Lula. O movimento ocorre paralelamente ao processo de eleições internas do partido. Em entrevista à CNN, Gutierres Barbosa, coordenador do setorial inter-religioso e vice-presidente da Igreja Batista Nazaré, disse que o objetivo é fortalecer núcleos evangélicos petistas nos estados. Ele afirma que o diálogo precisa ser aprimorado, sobretudo com os evangélicos de centro. Apesar da rejeição, o PT elegeu cerca de 300 evangélicos em 2024 para cargos municipais.

Desconforto

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro enviou uma mensagem ao deputado Mário Frias (PL-SP) pedindo mudança de postura após críticas dele à cota feminina. Frias havia classificado a reserva de candidaturas para mulheres como “ideia feminista asquerosa”, gerando desconforto dentro do PL. Michelle, presidente do PL Mulher, defendeu as cotas e afirmou que discursos extremistas como o dele contribuíram para a derrota de Jair Bolsonaro em 2022. Ela também se incomodou com declarações contrárias a políticas de inclusão. Segundo a CNN, a Comissão das Pessoas com Deficiência aprovou moção de repúdio contra Frias.

Corporativo

Mercado Livre (MELI34)

O Mercado Livre (MELI34) planeja investir R$ 34 bilhões este ano no Brasil, seu principal mercado, informou o vice-presidente sênior do Mercado Livre e líder das operações de marketplace da companhia no Brasil, Fernando Yunes, na segunda-feira.

(Com Reuters, Agência Brasil e Estadão)

The post Resultado primário, falas de Galípolo, Lula e Haddad: os mais destaques desta 3ª appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.