Título da Superliga da Frangosul/Ginástica completa 30 anos: “Era a cidade do voleibol”, lembra Paulo Roese

Há exatos 30 anos, Novo Hamburgo tomava conta dos noticiários de todo o País. O dia 8 de abril de 1995 entrou para a história da região devido ao título da primeira edição da Superliga Brasileira de Vôlei, vencido pela histórica equipe Frangosul/Ginástica, comandada pelo treinador hamburguense Jorginho Schmidt.

Levantador da equipe na temporada 1994/1995 e um dos melhores atletas que o Brasil já teve na posição, Paulo Roese relembrou a conquista em conversa com a reportagem do Grupo Sinos.

“Trinta anos já. Passa voando. É muito legal relembrar. E a primeira coisa que vem à cabeça é o fato de termos conseguido unir o útil ao agradável. Ou seja, tinha o Jorginho, eu, Zé Israel, o João Fernando Hartz, que era diretor, todos aqui de Novo Hamburgo, e nós tínhamos muita empatia com a cidade. Isso, com certeza, puxou o clube, a torcida e a cidade”, inicia. “Se não me engano, jogamos 15 jogos na Sociedade Ginástica. Não perdemos nenhum. O Ginásio ficava pequeno. Colocavam arquibancada e lotavam. Virou uma febre, era a cidade do voleibol”, diz.

Paulo Roese era o levantador da equipe campeã | abc+



Paulo Roese era o levantador da equipe campeã

Foto: Arquivo Pessoal

Além do título com a Frangosul/Ginástica, Roese foi campeão outras três vezes da liga nacional, com Bradesco Atlântica (duas vezes) e Banespa. Também participou dos Jogos Olímpicos de Seul. Mas um dos momentos mais especiais de sua carreira foi em sua terra natal. “Para mim, com certeza, foi o melhor e o mais especial. Inesquecível. Tem um peso enorme na minha vida, muita gente lembra até hoje.”

O lendário time que bateu o Susano, favorito na disputa, em São Paulo, nas três partidas da melhor de cinco da final, tinha Carlão, Paulo Roese, Gilson, o “Mão de Pilão”, Marcelo Fronckowiak, Celso da Silva, Paulinho, Bráulio, Marcelinho, Bagatini, Alexandre, Poletto, Miguel, André Heller. Zé Israel Becker, Paulo Tremea e Paulo Escanhuela faziam parte da comissão técnica.

Repatriados

O País vivia um momento difícil. Muitos dos jogadores que foram campeões olímpicos em 1992, em Barcelona, atuavam na Europa. Porém, houve um movimento para que eles retornassem ao Brasil para fortalecer o campeonato. Nomes como Tande, Giovane, Marcelo Negrão, Maurício e Carlão abrilhantaram ainda mais a competição.

“Foi o maior barato. Eles foram direcionados para alguns times, e o Carlão caiu que nem uma luva para nós. Eu já o conhecia. Pela garra do time e pela empatia com a torcida nós conseguimos fechar um grupo especial”, conta o ex-jogador.

Carlão com o troféu de campeão da Superliga de Vôlei | abc+



Carlão com o troféu de campeão da Superliga de Vôlei

Foto: Reprodução

Decisão contra o Suzano

Na melhor de cinco partidas, o time hamburguense iniciou vencendo fora de casa, por 3 sets a 1. No segundo duelo, sob uma “incrível energia” na Sociedade Ginástica, como frisa Roese, nova vitória: 3 sets a 2, de virada. No terceiro jogo, novamente em São Paulo, a equipe de Jorginho Schmidt garantiu o título ao fazer 3 sets a 0 (15/11, 15/10 e 15/10). E um detalhe importante foi que Carlão quebrou o pé durante o enfrentamento, mas isso não o impediu de lutar até o fim.

“Não sabíamos a dimensão da lesão, só depois do jogo que ele fez um raio-x viu que tinha quebrado. Mas, quente, aquele cara era um animal. Uma garra ímpar. Ele foi um leão. A energia dele nos contagiou e isso facilitou”, lembra.

Festa dos campeões

No retorno a Novo Hamburgo, uma grande festa. Ainda na pista do Aeroporto Salgado Filho, Carlão abriu a janela da aeronave e mostrou a camisa do clube. Uma multidão já esperava os heróis no saguão.

“Foi muito bacana. Teve uma carreata desde o aeroporto de Porto Alegre até Novo Hamburgo. Chegamos na Av. Sete de Setembro e tinha um caminhão de 1925 esperando a gente”, frisa Roese, que detalha com muito carinho o momento que segue nítido em sua memória. “Era uma multidão nas ruas. A cidade estava ali. E meu vô, com mais de 90 anos, sem aguentar ficar em pé direito, estava nos esperando com a sua bengala. Foi muito marcante”, completa o hamburguense.

Time campeão da Superliga desfilou pelas ruas de Novo Hamburgo | abc+



Time campeão da Superliga desfilou pelas ruas de Novo Hamburgo

Foto: Arquivo GES

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