Túmulo revirado e corpo desaparecido: família vive drama pela 2ª vez

Uma família tem vivido, nos últimos dias, o mesmo pesadelo pelo qual foi submetida há três anos. Descobriu, na semana passada, que o corpo de Jorgina Tavares, que estava enterrado no cemitério São Miguel, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, desapareceu do túmulo. A angústia, porém, não é novidade — em 2022, o corpo do o filho mais velho de Jorgina, Francisco de Assis Tavares Pereira, enterrado no mesmo local, também sumiu.

“Tanto meu irmão quanto minha mãe faleceram de câncer. Com ele, ocorreu que exumaram o corpo sem nos avisar, tive que brigar para ter a ossada de volta, me devolveram tudo num saco preto de lixo, nem sei se é o meu irmão mesmo”, disse Gilbert Tavares da Matta, 42 anos, revoltado.

Gilbert é filho de Jorgina e irmão de Francisco, que faleceram aos 74 e 49 anos, respectivamente. À época que o corpo do irmão foi exumado, quis brigar na Justiça por seus direitos, mas a mãe, que já estava doente, pediu que o filho deixasse a situação de lado.

Após o ocorrido com o corpo do irmão, Gilbert ficou inseguro e desde que a mãe faleceu, em agosto do ano passado, passou a visitar o túmulo a cada, pelo menos, dois meses, para se certificar de que não havia nada de errado.

Em fevereiro, porém, ele percebeu que a tampa do jazigo estava diferente, e quando questionou a administração do cemitério ouviu que havia sido feito um trabalho de manutenção e não havia motivos para se preocupar.

Susto

Na quinta-feira (3/4), teve de ir ao cemitério, acompanhado de uma prima, para organizar o enterro de uma tia, que estava internada num hospital da cidade em estado crítico. Inquieto, questionou a administração mais uma vez. Insatisfeito com as respostas, exigiu que o túmulo fosse aberto — o que foi feito no dia seguinte.

“Quando eles abriram, vi que tinha alguma coisa errada, o caixão da minha mãe tinha um visor, aquele era totalmente fechado, com os detalhes da tampa diferentes. Quando abriram, tive a certeza de que não era ela, a pessoa tinha os cabelos loiros. Quando foi enterrada, minha mãe estava careca por conta da quimioterapia”, lembrou.

Imediatamente, Gilbert cobrou explicações, mas ouviu que talvez tivesse se confundido quanto ao local do enterro. “Naquele dia, eles abriram outros quatro túmulos, sem a autorização dos familiares, que nem estavam lá, mas minha mãe não estava em nenhum daqueles.”

Angústia

No sábado (5/4), a administração o contatou outra vez, explicando que a funerária fez dois enterros no mesmo dia e questionando se ele não estava se confundindo quanto à localização. “O sepultamento foi há pouco mais de sete meses, eu não me esqueceria em tão pouco tempo, não foram sete anos”, rebateu.

Outros dois jazigos foram abertos, mas o corpo também não estava lá. “Eles abriram seis túmulos, sem falar com os familiares daquelas pessoas, e nenhum era o da minha mãe.”

Segundo Gilbert, a administração apontou um último túmulo como o possível local do enterro de Jorgina, mas, agora, declararam que só o abrirão com ordem judicial. “Todo mundo está me questionando o motivo para eles terem aberto seis túmulos e agora não quererem abrir esse, eu também não sei.”

“Tem um buraco perto dessa cova, eu olhei e a alça parece com a do caixão da minha mãe, mas não sei quanto tempo vou ter que esperar para ter respostas. Eu espero que ela esteja lá”, declarou.

Gilbert está decidido a processar a administração do cemitério pelas situações. “Eu vou pedir exame de DNA daquela ossada, porque me entregaram num saco e eu preciso saber se me devolveram meu irmão”, desabafou.

Pronunciamento

A Prefeitura de São Gonçalo informou que instaurou uma sindicância para apurar os fatos. A administração do cemitério investiga junto à funerária se houve erro de documentação ou troca na numeração da sepultura, já que dois enterros ocorreram no mesmo dia.

A Polícia Civil também se manifestou por meio de nota: “A 72ª DP (São Gonçalo) investiga o caso. A perícia foi acionada para o local e a vítima foi ouvida. O responsável pelo cemitério prestará depoimento e outras diligências estão em andamento para apurar todos os fatos.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.