Vereador sugere criar “Dia do Patriota” no aniversário de Bolsonaro

Uma proposta para criar o Dia Municipal do Patriota no dia 21 de março — data que coincide com o aniversário do ex-presidente Jair Bolsonaro — gerou forte repercussão e dividiu a cidade de Novo Hamburgo (RS). O projeto, de autoria do vereador Juliano Souto (PL), motivou manifestações de apoiadores e opositores que lotaram o plenário da Câmara Municipal nessa segunda-feira (7/4). Diante da pressão, Souto pediu vista de 15 dias para reavaliar a matéria.

O vereador, conhecido aliado de Bolsonaro (foto em destaque), justificou a escolha da data exaltando o conceito de patriotismo como “amor voluntário à nação, seus heróis, fundadores e tradições”.

Durante a sessão, ele defendeu que o patriotismo “vai além de partidos e governos” e criticou a reação à proposta: “É curioso como a democracia parece valer só para um lado. Toda essa celeuma só existe porque a data coincide com o aniversário de Jair Bolsonaro — alguém que nunca foi preso”, declarou. Ele ainda mencionou outras figuras nascidas em 21 de março, como Ayrton Senna e Ronaldinho Gaúcho, para reforçar seu argumento.

A sessão foi marcada por intensos embates ideológicos. O líder de governo na Câmara, Giovani Caju (PP), reconheceu o momento delicado da proposta, mas afirmou apoiar o projeto: “Não posso ser covarde nem mentir para mim mesmo”. Já o vereador Enio Brizola (PT) reagiu com veemência: “Democracia não é para quem participou de atos antidemocráticos ou faz apologia à ditadura. O que o senhor quer homenagear é um genocida.”

A vereadora Professora Luciana Martins (PT) criticou o pedido de vista: “Esse pedido é um deboche com a cara de todo mundo que está aqui.” Já Daia Hanich (MDB) lamentou o tom do debate: “Estamos assistindo a uma briga entre extrema-direita e extrema-esquerda. Onde está o diálogo?”

Outros parlamentares também apontaram o descompasso entre a mobilização em torno da proposta e os problemas reais enfrentados pela população. “Quando tivemos um aumento de 25% na conta de água, não vimos essa mobilização”, disse Joelson de Araújo (Republicanos). Eliton Ávila (Podemos) criticou a polarização: “No embate entre os extremos de Lula e Bolsonaro, quem perde é o Brasil.”

Apesar das críticas, o pedido de vista foi aprovado pela maioria dos vereadores, com exceção de Brizola e Luciana Martins, que votaram contra. A matéria poderá voltar à pauta em até 15 dias, podendo receber apenas mais um pedido de vista, conforme o regimento interno.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.