Após lobo-terrível, empresa quer “reviver” outros animais extintos

Extinto há cerca de 13 mil anos, o lobo-terrível pode estar mais perto de reaparecer — ou pelo menos, uma nova versão dele. A empresa americana Colossal Biosciences anunciou o nascimento de três filhotes com traços genéticos do predador pré-histórico, conhecido por sua força e popularizado pela série Game of Thrones.

Segundo a empresa, os animais estão saudáveis e representam um marco para a chamada “desextinção”, iniciativa que busca recriar espécies extintas com base em engenharia genética.

“Para a Colossal, a desextinção não se trata apenas de criar um organismo que se assemelhe a uma espécie extinta. Trata-se de unir a biodiversidade do passado com as inovações do presente, em um esforço para criar um futuro mais sustentável”, afirma a empresa em seu site.

Com sede nos Estados Unidos e fundada em 2021, a Colossal reúne cerca de 130 cientistas envolvidos em projetos que miram a recriação de espécies já extintas. Além do lobo-terrível, a empresa trabalha atualmente em três outros animais extintos emblemáticos: o mamute-lanoso, o dodô e o tigre-da-tasmânia.

Possível retorno de espécies extintas

O mamute-lanoso, que habitou a Terra durante a Era do Gelo, é parente próximo do elefante-asiático — animal usado como base para receber genes antigos extraídos de fósseis congelados.

Já o dodô, ave símbolo da extinção causada por ações humanas, teve seu genoma completamente sequenciado. A estratégia da Colossal é usar pombos como “substitutos” para inserir o material genético da espécie desaparecida.

No caso do tigre-da-tasmânia, predador marsupial extinto no século 20, o objetivo é utilizar células de espécies próximas e técnicas de clonagem para tentar recriar o animal.

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Dodô ou dodó é uma espécie extinta de ave da família dos pombos que era endêmica de Maurício, uma ilha no Oceano Índico a leste de Madagascar

O mamute-lanoso foi a última espécie de mamute que se adaptou às regiões mais a norte do planeta
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O tigre-da-tasmânia, foi o maior marsupial carnívoro dos tempos modernos

Divulgação/Colossal Biosciences

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Dodô ou dodó é uma espécie extinta de ave da família dos pombos que era endêmica de Maurício, uma ilha no Oceano Índico a leste de Madagascar

Divulgação/Colossal Biosciences

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O mamute-lanoso foi a última espécie de mamute que se adaptou às regiões mais a norte do planeta

Divulgação/Colossal Biosciences

De acordo com a empresa, a meta vai além do espetáculo científico. A Colossal afirma que o retorno dessas espécies pode ajudar a reparar ecossistemas danificados, além de gerar descobertas aplicáveis à medicina humana.

A empresa também sugere que as tecnologias usadas para “reviver” espécies poderiam ser adaptadas para impedir a extinção de animais atualmente ameaçados.

Projeto ambicioso, mas controverso

Apesar da repercussão global, o projeto da Colossal vem sendo questionado pela comunidade científica. Especialistas apontam a ausência de publicações científicas revisadas por pares — etapa essencial para validar descobertas.

Segundo a empresa, os filhotes nasceram a partir da edição genética de lobos-cinzentos, os parentes vivos mais próximos do lobo-terrível. Foram realizadas alterações em 20 locais distribuídos por 14 genes, com base em fósseis encontrados em Ohio e Idaho. As mudanças visavam características específicas, como tamanho corporal, musculatura e padrão da pelagem.

Ainda assim, cientistas ressaltam que esses animais não podem ser considerados lobos-terríveis. Para eles, trata-se de lobos-cinzentos geneticamente modificados — ou híbridos — que apenas compartilham traços da espécie extinta.

Outro ponto levantado por críticos é a limitação do experimento: o genoma canino contém cerca de 19 mil genes e apenas 14 foram modificados. Isso levanta dúvidas sobre a real viabilidade de “reviver” um animal que desapareceu há milhares de anos, especialmente considerando que o DNA de fósseis antigos sofre degradação natural ao longo do tempo.

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