China promete “medidas firmes e contundentes” contra tarifas de Trump

A China do presidente Xi Jinping declarou nesta quarta-feira (9/4) que irá continuar a tomar medidas “firmes e contundentes” para proteger seus direitos e interesses legítimos, após a entrada em vigor das novas taxas de importação impostas pelos Estados Unidos.

As tarifas adicionais do governo de Donald Trump sobre os produtos importados de 60 países entraram em vigor à meia-noite pelo horário de Brasília, causando novas perdas às bolsas de valores mundiais.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês reafirmou em Pequim “o direito inalienável e legítimo do povo chinês ao desenvolvimento”.

Trump ainda indicou tarifas adicionais de 10% no caso do Brasil, 25% para México, Canadá e Coreia do Sul, 20% para a União Europeia, e 104% para a China, depois de Pequim responder a uma escalada anterior, impondo 34% de sobretaxa aos produtos importados dos Estados Unidos, a partir desta quinta-feira (10/4).

Na terça-feira (8/4), durante evento organizado pelo Comitê Nacional Republicano do Congresso, Trump justificou a alta de 104% para os importados chineses como um meio de fazer justiça, alegando que a China manipula sua moeda para compensar os direitos aduaneiros.

O Ministério do Comércio chinês afirmou nesta quarta a sua “disposição firme” de responder à guerra comercial de Washington, informou a agência de notícias oficial Xinhua.

“A China tomará contramedidas e lutará até o fim se os Estados Unidos insistirem em continuar sua escalada de medidas econômicas e comerciais restritivas”, disse o ministério.

Em um relatório publicado nesta quarta pela agência de notícias estatal, Pequim acredita que ainda pode resolver suas disputas comerciais e econômicas com Washington por meio de um diálogo justo.

“A China e os Estados Unidos podem resolver suas diferenças nos campos econômico e comercial por meio de um diálogo igualitário e cooperação mutuamente benéfica”, afirma o documento.

As bolsas asiáticas voltaram a fechar em queda nesta quarta-feira, repercutindo o impacto do tarifaço de Trump: o índice Nikkei de Tóquio perdeu 3,93%, a bolsa de Taiwan despencou 5,8%.

Repercussões do tarifaço

Na terça, o yuan offshore, que circula fora da China continental, atingiu o seu nível mais baixo em relação ao dólar desde que as negociações foram abertas em 2010, cotado a 7,4290 yuans por dólar.

Para Ipek Ozkardeskaya, analista do Swissquote Bank, a China poderia “deixar o yuan se desvalorizar para absorver parte do custo das tarifas de Donald Trump”. Ela espera que “cortes de taxas, injeções de liquidez e outras medidas aconteçam sucessivamente”.

“Isso aumenta os temores de que os EUA e a China possam acabar em uma espiral de tensões crescentes”, observa Jim Reid, economista do Deutsche Bank.

O Banco Central indiano reduziu suas taxas de juros nesta quarta-feira, na esperança de estimular a economia do país, em meio à tempestade da guerra comercial.

A Coreia do Sul, por sua vez, anunciou hoje um pacote de ajuda de emergência de 2 bilhões de dólares, cerca de R$ 12 bilhões, para sua indústria automobilística.

Para a principal potência econômica da Europa, a Alemanha, cujas empresas exportam em grande volume para os Estados Unidos, o golpe da sobretaxação é severo. As exportações alemãs para os EUA atingiram 160 bilhões de euros, sendo que os americanos se tornaram os principais parceiros comerciais de Berlim.

Tanto a Alemanha quanto a França querem uma resposta firme da Europa às taxas alfandegárias impostas por Washington. O chanceler alemão Olaf Scholz e o ministro de Economia Robert Habeck têm feito declarações firmes.

“Ninguém tem interesse em que essa espiral ascendente de taxas alfandegárias continue. Para evitar isso, os europeus precisam se unir”, disse Habeck em Luxemburgo, na segunda-feira (7/4).

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