Má saúde bucal pode causar dores e enxaqueca em mulheres, diz estudo

Uma má saúde bucal pode estar associada a enxaquecas e dores abdominais e corporais em mulheres. A descoberta foi realizada por pesquisadores da Universidade de Sidney, na Austrália, e publicada nessa terça-feira (8/4) na revista científica Frontiers in Pain Research.

O estudo identificou bactérias orais específicas relacionadas a algumas condições que causam dor, sugerindo uma possível relação entre o microbioma oral e o sistema nervoso. Os resultados destacam a importância de uma boa saúde bucal para reduzir dores, levando a um bem-estar geral.

De forma mais aprofundada, os pesquisadores exploraram o papel da microbiota bucal em condições de dor crônica. Entre as síndromes incluídas no estudo estava a fibromialgia, condição presente em 67% das participantes.

“Este é o primeiro estudo a investigar a saúde bucal, a microbiota bucal e a dor comumente sentida em mulheres com fibromialgia. Nosso estudo mostrou uma associação clara e significativa entre má saúde bucal e dor”, disse a pesquisadora principal e professora Joanna Harnett, da Faculdade de Medicina e Saúde, na Austrália, em comunicado à imprensa.

A fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dores musculoesqueléticas generalizadas e dores de cabeça, além de fadiga, distúrbios do sono e problemas cognitivos.

“Nossas descobertas são particularmente importantes para a fibromialgia que, apesar de ser uma condição reumatológica comum, muitas vezes é subdiagnosticada”, destaca uma das autoras do estudo e candidata a doutorado Sharon Erdrich.

Como foi realizada a pesquisa

Os pesquisadores contaram com a participação de um grupo de 168 mulheres da Nova Zelândia com e sem fibromialgia para avaliar a associação entre saúde bucal e dores crônicas.

A saúde bucal de cada uma delas foi avaliada através de um questionário elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir daí, eles compararam os resultados com a presença de diferentes tipos de dor, como dores de cabeça, enxaquecas e dor abdominal, utilizando outros questionários validados cientificamente, incluindo o Short-form 36 (que mede a qualidade de vida), o questionário de cefaleia da Sociedade Internacional de Cefaleia, e o índice de gravidade de distúrbios intestinais funcionais.

As fortes associações foram evidenciadas pela relação entre os problemas bucais e a presença e intensidade das dores avaliadas. Além disso, utilizando uma tecnologia genômica avançada, os cientistas descobriram que microrganismos específicos presentes na boca eram responsáveis pelos sintomas.

As participantes com pior saúde bucal apresentaram maior probabilidade de ter dores pelo corpo: 60% tinham maior chance de sentir dores de moderadas a intensas e 49%, de sofrer com enxaqueca. Uma má saúde bucal foi um fator significativo para a ocorrência de enxaqueca frequente e crônica.

Mesmo considerando fatores como idade, índice de massa corporal (IMC) e quantidade de açúcar na alimentação, quatro espécies microbianas orais foram ligadas à presença de dores. Elas são dos gêneros Dialister, Fusobacterium, Parvimonas e Solobacterium.

Apesar de fraca, também foi encontrada uma correlação entre a qualidade da rotina alimentar e a saúde bucal. No entanto, os pesquisadores acreditam que esse assunto precisa ser investigado melhor futuramente.

Para ter uma saúde bucal saudável, os especialistas recomendam escovar os dentes e usar fio dental regularmente, além de fazer visitas periódicas ao dentista.

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