Tarifas dos EUA, varejo no Brasil, ata do Fomc e mais destaques desta 4ª

A agenda econômica desta quarta-feira (9) no Brasil começa com a divulgação dos juros e do spread bancário referentes a fevereiro, às 8h30. Às 9h, os investidores acompanham os dados de vendas no varejo e os preços ao produtor, indicadores que ajudam a medir o ritmo da atividade econômica e possíveis pressões inflacionárias. No período da tarde, o Banco Central divulga o fluxo cambial semanal, às 14h30.

Nos Estados Unidos, o mercado aguarda com atenção a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), prevista para as 15h, que pode trazer pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve em relação à política monetária.

Enquanto os agentes econômicos monitoram os dados, o ambiente permanece instável por causa da escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos. O temor de desaceleração global, na véspera, derrubou os preços das commodities e penalizou ações ligadas ao minério de ferro e petróleo, que têm forte peso no Ibovespa. O principal índice da B3 caiu 1,32% na terça-feira, aos 123.931,89 pontos, com volume financeiro de R$ 27,4 bilhões.

Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,84%, para 37.645,59 pontos; o S&P 500 perdeu 1,57%, fechando abaixo dos 5.000 pontos, aos 4.982,77; e o Nasdaq cedeu 2,15%, encerrando a 15.267,91 pontos. O dólar à vista teve forte valorização no Brasil, fechando em alta de 1,49%, a R$ 5,9985 — maior nível desde 21 de janeiro. Em três sessões, a moeda norte-americana acumula alta de R$ 0,37, impulsionada pela aversão ao risco e pela busca por proteção em meio às tensões comerciais.

O que vai mexer com o mercado nesta quarta

Agenda

Na manhã desta quarta-feira (9), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa de uma audiência com representantes do Banco Morgan Stanley e investidores, entre 9h15 e 10h15. Em seguida, das 11h às 12h, reúne-se com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego). Ambos os compromissos são fechados à imprensa.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, às 7h (horário de Brasília), da sessão de abertura da 9ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado da CELAC, no Banco Central de Honduras. Às 10h, ele participa de um almoço oferecido pela presidenta de Honduras aos chefes de Estado e delegações. Às 11h10, Lula parte de volta para Brasília.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem uma reunião às 9h com Wopke Hoekstra, comissário para a Ação do Clima da União Europeia. Às 10h, encontra-se com Flávio César Mendes de Oliveira, presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz).

Brasil

8h30 – Juros/spread (fevereiro)

9h – Vendas no varejo (fevereiro)

9h – Preços ao produtor (fevereiro)

14h30 – Fluxo cambial (semanal)

EUA

11h30 Estoques de petróleo (semanal)

15h – Ata do Fomc

Internacional

Guerra comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs nesta quarta-feira (9) uma tarifa de 104% sobre todas as importações chinesas, somando-se às já existentes. A decisão vem após a China manter o plano de retaliar com tarifas de 34% sobre produtos dos EUA. Diante disso, Trump adicionou 50% extras, elevando a carga total para quase 125%. A China criticou as medidas e prometeu contra-atacar. As ações americanas recuaram após o anúncio. A União Europeia também poderá ser alvo de novas tarifas ainda nesta semana.

Negócio lucrativo

Trump afirmou que as tarifas globais recém anunciadas por seu governo — incluindo as taxas sobre as importações de aço e alumínio — estão trazendo para os cofres nacionais quase US$ 2 bilhões por dia. A declaração foi dada em evento na Casa Branca. O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse que não haverá isenções às tarifas impostas por Trump no curto prazo. Segundo ele, exceções comprometeriam a meta de reciprocidade comercial. Greer também destacou que não há cronograma definido para negociações.

Chantagista

O Ministério do Comércio chinês prometeu fortes contramedidas caso os EUA avancem com novas tarifas nesta quarta-feira (9), acusando Washington de chantagem econômica. A resposta chinesa inclui tarifas retaliatórias e restrições comerciais a empresas americanas. Ao mesmo tempo, Pequim tenta transformar a crise em oportunidade, reforçando sua imagem como defensora da globalização. O governo chinês afirma estar pronto para competir com os EUA na reformulação da ordem comercial global. Internamente, aposta no consumo para compensar o impacto das tarifas. Especialistas alertam, porém, para o risco crescente de escalada no conflito.

Não gostam

Uma pesquisa Genial/Quaest revela que 43% dos brasileiros afirmam que não gostam ou têm opinião negativa sobre Donald Trump, enquanto apenas 22% avaliam positivamente o presidente dos EUA. Outros 23% o consideram regular e 12% não souberam opinar. A rejeição é maior entre mulheres (47%), pretos (53%) e eleitores de Lula (61%). Já entre os homens, a desaprovação cai para 38% e, entre evangélicos, para 36%. A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre 27 e 31 de março, com margem de erro de 2 pontos percentuais.

Economia

Orçamento 2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar a Lei Orçamentária Anual (LOA) nesta sexta-feira (11), segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). A ministra Gleisi Hoffmann sinalizou que Lula vetará poucos trechos. O texto, aprovado em março, prevê R$ 5,8 trilhões para o Orçamento de 2025, com teto de R$ 2,2 trilhões para despesas e superávit de R$ 15 bilhões. A sanção é esperada por servidores públicos que aguardam reajustes. Lula está em Honduras para a Cúpula da Celac. Após a sanção, vetos devem ser avaliados pelo Congresso.

Imposto de Renda

O projeto de reforma do Imposto de Renda deve passar por mudanças na Câmara, sob relatoria de Arthur Lira (PP-AL). Ele articula resgatar a taxação de 15% sobre lucros e dividendos, proposta de 2021. A medida não afetaria empresas do Simples Nacional nem pequenos negócios com lucro de até R$ 20 mil mensais. Para compensar perdas com a ampliação da isenção até R$ 5 mil mensais, o governo propôs cobrar 10% de quem ganha acima de R$ 1,2 milhão por ano. A Câmara discute um modelo mais diluído e analisa cortar benefícios fiscais. O relatório deve sair em até 45 dias.

Cesta básica

Em março, apenas três capitais brasileiras registraram queda no custo da cesta básica: Aracaju (-1,89%), Natal (-1,87%) e João Pessoa (-1,19%), segundo o Dieese. As maiores altas ocorreram em Curitiba (3,61%), Florianópolis (3%) e Porto Alegre (2,85%). O café subiu em todas as capitais, enquanto a carne caiu em 15 delas. São Paulo segue com a cesta mais cara (R$ 880,72), e Aracaju, a mais barata (R$ 569,48). Com base na cesta paulista, o salário mínimo ideal seria de R$ 7.398,94 — 4,87 vezes o atual.

Baratear o crédito

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo prepara uma nova medida para baratear o crédito, preservando o uso da poupança nacional para investimentos. A proposta segue o modelo do consignado para trabalhadores do setor privado e, segundo ele, será uma “solução elegante” para equilibrar acesso ao crédito e sustentabilidade do FGTS. Sem detalhar a iniciativa, Haddad disse que ela visa proteger o direito ao crédito barato e fortalecer o investimento produtivo. A declaração foi feita durante a abertura do Encontro Internacional da Indústria da Construção, em São Paulo.

Minha Casa, Minha Vida

O governo federal vai abrir uma nova seleção do Minha Casa, Minha Vida com 100 mil moradias, anunciou o ministro das Cidades, Jader Filho. A medida será lançada nas próximas semanas. Durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção, o ministro ressaltou que a reforma tributária aprovada facilitará a construção de moradias populares. A expectativa é de que a nova etapa do programa acelere o acesso à habitação. A iniciativa, segundo ele, integra o esforço do governo para impulsionar o setor.

Aeroportos

O Brasil deve investir R$ 9,7 bilhões em aeroportos entre este ano e 2026, segundo o ministro Silvio Costa Filho. As obras alcançarão 55 unidades, com destaque para Guarulhos, Congonhas e Belém. Do total, R$ 8,7 bilhões virão de concessionárias e R$ 1 bilhão do setor público. Congonhas terá R$ 2,6 bilhões antecipados. Em Guarulhos, a GRU Airport investirá R$ 1,4 bilhão após reequilíbrio contratual. Em Belém, as obras da CCR serão aceleradas para a COP30. O montante supera os investimentos dos biênios anteriores: R$ 6 bilhões (2023-2024) e R$ 3,1 bilhões (2021-2022).

Apostas on-line

Entre janeiro e março de 2025, os brasileiros movimentaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês em apostas on-line, segundo o Banco Central. O volume representa uma alta ante os R$ 20 bilhões mensais estimados para 2024 e reflete o início da regulação do setor. De acordo com o BC, cerca de 93% dos valores apostados retornam aos jogadores como prêmios.

Política

Demissão

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), decidiu pedir demissão após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão responsável por investigar e acusar autoridades com foro privilegiado, como ministros e parlamentares. Ele é suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de emendas parlamentares. A decisão foi selada em almoço com Gleisi Hoffmann e lideranças do partido. Lula já havia sinalizado que o afastaria em caso de denúncia formal. A saída visa evitar desgaste político. Juscelino é acusado de direcionar R$ 50 milhões do “orçamento secreto”, beneficiando obras em Vitorino Freire (MA), onde sua irmã era prefeita. A PF o acusa de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

PEC da Segurança

O governo aposta numa aprovação rápida da PEC da Segurança, apresentada na terça-feira (8) aos líderes partidários na residência oficial da Presidência da Câmara. Segundo o líder José Guimarães (PT-CE), há apoio majoritário para dar urgência à proposta, que unifica o sistema de segurança pública, constitucionaliza fundos e integra as polícias. Apesar disso, bolsonaristas criticam pontos do texto. O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) questionou a limitação de atuação da GCM em áreas rurais e a proposta de um sistema único semelhante ao SUS. A PEC será analisada pela CCJ e por uma comissão especial. O texto ainda pode sofrer alterações durante a tramitação.

Fechados com Lula

O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), declarou que a “ampla maioria” do partido quer apoiar a reeleição de Lula em 2026. Em entrevista ao Roda Viva, sugeriu até pleitear a vaga de vice na chapa petista. A fala contrasta com a de Ronaldo Caiado, correligionário e pré-candidato ao Planalto, que subiu em palanque com Bolsonaro. Sabino minimizou a candidatura de Caiado e destacou o apoio de líderes como Antonio Rueda e Davi Alcolumbre a Lula. Ele também defendeu uma federação com o PP e disse acreditar que até 2026 haverá consenso em torno da reeleição do atual presidente.

Fim da reeleição

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado começou a tramitação, na terça-feira (8), da PEC que propõe o fim da reeleição para cargos do Executivo e amplia os mandatos no Legislativo. Relatada por Marcelo Castro (MDB-PI), a proposta prevê mandato único de cinco anos para presidente, governadores e prefeitos, valendo a partir de 2030. Também estende os mandatos de deputados e vereadores para cinco anos e de senadores para dez. A PEC, de Jorge Kajuru (PSB-GO), conta com apoio de Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre, mas enfrenta resistência do governo, inclusive de Lula. A proposta ainda unifica as eleições municipais e gerais. Se aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, segue para o plenário.

Investigação

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso articula a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a relação do governo com a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). Deputados e senadores buscam assinaturas após protocolarem o requerimento. Segundo levantamento, a OEI firmou R$ 710 milhões em contratos com ministérios ligados ao PT. A oposição, liderada por Luciano Zucco (PL-RS), aponta suspeitas de irregularidades e aumento da influência da entidade. A proposta foi discutida em reunião com a presença de Jair Bolsonaro. A OEI nega irregularidades.

Porte de arma

A Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou projeto que autoriza o porte de arma para advogados em todo o país. A proposta segue para a CCJ. O uso será restrito à defesa pessoal, com exigência de comprovação de atuação profissional, avaliação psicológica e capacidade técnica. O relator Alessandro Vieira (MDB-SE) negou que haja liberação indiscriminada. O porte será proibido em fóruns, presídios, escolas e outros locais com segurança própria. Vieira defendeu isonomia com juízes e promotores.

Desarmados

Parlamentares da oposição bolsonarista querem proibir o uso de armas pelos seguranças do presidente Lula e seus ministros. O projeto, de autoria do deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), será analisado na terça-feira (8) pela Comissão de Segurança Pública da Câmara. Apesar de defender o armamento no governo Bolsonaro, Bilynskyj diz que a proposta é “coerente” com a visão do atual governo de promover a cultura de paz. O relator é Gilvan da Federal (PL-ES), também aliado de Bolsonaro. Nos bastidores, o texto é visto como “desnecessário” e “sem noção”, com baixa chance de avançar.

Correta e ponderada

O ministro Gilmar Mendes (STF) rebateu na terça-feira (8) a fala de Luiz Fux, que sugeriu que os julgamentos dos réus do 8 de Janeiro ocorreram “sob violenta emoção”. Em entrevista à GloboNews, Gilmar afirmou que a Corte agiu de forma correta e ponderada, aplicando a nova legislação de defesa do Estado Democrático de Direito. A declaração vem após Fux pedir vista no caso de Débora Rodrigues, que pichou “perdeu, mané” na estátua da Justiça. Gilmar ainda sugeriu que Fux pode ter sido influenciado pelo movimento bolsonarista e criticou a ideia de absorção entre os crimes julgados.

(Com Reuters, Estadão e Agência Brasil)

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