Banco usado por PCC e CV é investigado por financiar campanha política

Um banco digital que se apresenta como fintech, mas tem conexões profundas com o crime organizado, voltou a ser alvo de uma operação policial nesta quinta-feira (10/4), desta vez no Rio de Janeiro. O 4TBank, apontado como mecanismo usado para a lavagem de bilhões de reais pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) e pelo Comando Vermelho (CV), já havia sido investigado em 2024 pela Polícia Civil de São Paulo por envolvimento com financiamento de campanhas eleitorais.

A nova ofensiva, batizada de Operação Contenção, é considerada a maior já realizada contra o Comando Vermelho no Rio. Segundo a Polícia Civil fluminense, o núcleo financeiro da facção movimentou cerca de R$ 6 bilhões em apenas um ano, operando por meio de bancos digitais, fintechs ilegais, empresas de fachada e plataformas contábeis clandestinas — todas sem autorização do Banco Central. A ação também apontou ligações diretas com o PCC e envolvimento interestadual, com ações em São Paulo e outros estados.

Banco do crime

Com sede em Mogi das Cruzes (SP), o 4TBank foi o centro de uma investigação revelada em 2024 pela Polícia Civil paulista. O banco, que oferecia serviços típicos de fintechs — como pagamento de contas, transferências online e compra de criptoativos — foi identificado como uma engrenagem financeira do PCC.

Segundo a investigação, o 4TBank movimentou R$ 8 bilhões em conjunto com outras 19 empresas. Somente pelo CNPJ de Mogi, o banco girou R$ 600 milhões — sendo R$ 100 milhões em espécie. A empresa, que também mantinha escritórios na zona sul de São Paulo e em Palmas (TO), não possuía autorização do Banco Central para operar.

Entre as descobertas mais alarmantes da operação está o uso da estrutura financeira para financiar campanhas eleitorais. Pelo menos três candidatos em Mogi das Cruzes, Ubatuba e Santo André foram beneficiados com dinheiro do tráfico, conforme revelou troca de mensagens interceptadas entre Fabiana Lopes Manzini, mulher de um dos fundadores do banco e integrante do PCC, e João Gabriel de Mello Yamawaki, também do núcleo financeiro da facção.

Yamawaki, conhecido entre os criminosos como integrante do “câmbio” do PCC, orientava Fabiana sobre quais candidatos deveriam receber apoio financeiro. A estratégia incluía a eleição de vereadores em cidades-chave do interior paulista, como Campinas, São José do Rio Preto e municípios da Baixada Santista.

Lavagem para o Comando Vermelho

Na operação desta quinta-feira, o foco foi o uso do 4TBank e outras estruturas similares para movimentar dinheiro do tráfico de drogas controlado pelo Comando Vermelho. O objetivo, segundo a Polícia Civil do Rio, é “asfixiar financeiramente” o crime organizado, cortando o fluxo que abastece a compra de armas, drogas e a expansão territorial da facção na Zona Oeste da capital fluminense.

Foram cumpridos 46 mandados de busca e apreensão, com apoio das polícias civis do Rio e de São Paulo.

 

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