“Minha filha morreu e minha esposa nem pôde ir no enterro”, diz pai que atribui morte de bebê a negligência no Hospital Centenário

 

O que era para ser um dos momentos mais felizes da família Frantz acabou em um enterro. Após complicações no parto na terça-feira (8), a recém-nascida Alice morreu com apenas um dia de vida. 

A mãe, Morgana Frantz, de 35 anos, também sofre em decorrência do nascimento de sua segunda filha e está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já o pai, Cristian Frantz, 34, reclama que todas essas adversidades só estão acontecendo em função de negligência médica praticada no Hospital Centenário, em São Leopoldo, onde tudo aconteceu.

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“Já era uma gravidez delicada, pois minha esposa teve diabetes gestacional. E como a bebê estava grande [5,3 quilos], eles resolveram induzir o parto sem nem fazer ecografia. A barriga estava muito grande e não fizeram a eco, pois não tinha ninguém para fazer. Isso na segunda [7] e na terça [8]. Então pedimos por uma cesárea, mas eles [equipe médica] quiseram fazer parto normal de qualquer jeito”, relata Cristian.

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Foto: GES

O procedimento acabou se complicando, assim como temia a família. “Juntou muita gente dentro da sala tentando arrancar a nenê de dentro da minha esposa. Chegaram a subir em cima da minha esposa”, relembra. 

“Machucaram o ombro da minha filha. Os médicos disseram que rompeu os ligamentos ou quebrou a clavícula. A nenê ficou com a cabeça arranhada. Foi uma tortura o que fizeram com minha esposa, com minha filha. E eu ‘tava’ ali, vendo tudo. Só resolveram fazer a cesárea porque a situação ficou extrema mesmo”, acrescentou.

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Esse impasse, de acordo com Cristian, acabou deixando Alice 10 minutos sem oxigênio. Ela acabou transferida para o Hospital Conceição, em Porto Alegre, mas não resistiu e acabou morrendo na quarta (9). Já Morgana, também em estado crítico, foi transferida para o Hospital Regina, em Novo Hamburgo, onde estava internada na UTI até a tarde desta quinta (10).

“Minha filha morreu e minha esposa nem pôde ir no enterro. Agora nem podemos ter outra filha, pois tiraram o útero da Morgana. Nos tiraram até o sonho de dar uma irmã para a Amanda [outra filha do casal, que tem 4 anos]”, lamentou o Cristian, que vive com a família no bairro Feitoria.

Um boletim de ocorrência foi registrado nesta quinta, o que colocará o caso nas mãos da Polícia Civil.

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Sindicância aberta para apurar o caso

Conforme a instituição, uma sindicância foi aberta para apurar o atendimento prestado à Morgana e à pequena Alice. A família inclusive registrou ocorrência através da ouvidoria do Centenário, destacado pela própria casa de saúde como o canal adequado para qualquer reclamação. 

O prefeito da cidade, Heliomar Franco (PL), se manifestou no fim da tarde desta quinta-feira. “Estamos apurando, queremos saber o que realmente aconteceu e se tivermos que responsabilizar quem, de alguma forma, agiu errado, nós estamos imediatamente adotando essas providências.”

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Franco diz ainda que conversou com o presidente do Centenário e determinou, de forma imediata, a suspensão do atendimento dos envolvidos neste caso. “Nós vamos ter uma outra equipe cuidando do caso, dessa mãe, do caso dessa criança que veio a óbito, e estamos providenciando todo o atendimento psicológico e material necessário para que essa família tenha amparo”, disse, em vídeo. 

O chefe do Executivo municipal disse que lamenta o ocorrido e esclareceu que será apurado quem são esses profissionais de saúde contratados por uma terceirizada, se o contrato está sendo seguido rigorosamente e se o atendimento foi o mais adequado. O nome da empresa, contudo, não foi revelado pela instituição leopoldense.

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