O que esperar da temporada de resultados nos EUA do primeiro trimestre de 2025?

Em meio ao “tarifaço” de Donald Trump, presidente dos EUA, e investidores aguardando o desenrolar da guerra comercial contra a China, a temporada de balanços dos Estados Unidos começa nesta semana. Apesar da divulgação dos dados de alguns nomes como Delta Airlines e Levi’s, o pontapé oficial será dado com os balanços de bancos como JPMorgan, Wells Fargo, BlackRock e Morgan Stanley.

A tônica será, sem dúvidas, o potencial efeito das tarifas na economia e nas principais companhias. Por isso, mais do que olhar números, a safra deve ser marcada por escutar executivos e esperar por guidances.

Ao contrário do normalmente esperado, superar as expectativas pode não ter tanto impacto como de costume, de acordo com análise do Bank of America (BofA). O temor das tarifas pode ter antecipado demandas e, por isso, gerar superações que poderiam afetar o crescimento futuro.

“Com base em nossa estrutura de lucros, o impacto direto estimado das tarifas da China e da retaliação é de aproximadamente 15%, assumindo elasticidade unitária, sem impacto cambial e sem repasse de preço. O impacto provavelmente será atenuado por alavancas contábeis, poder de precificação e outros fatores, mas também pode piorar em meio ao aumento das tarifas”, diz o BofA.

Primeiro a divulgar seus dados, o setor financeiro, a princípio, não é diretamente impactado pelas tarifas, porém é inegável que o efeito na economia interessa, e muito, para as instituições.

Na visão do JPMorgan, a pergunta que deve nortear os bancos nesta temporada, e talvez o ano todo, é a possibilidade ou não de entrada em recessão. “A narrativa para os bancos e instituições financeiras não bancárias ao entrar em 2025 era uma de excepcionalismo dos EUA”, afirma o relatório sobre a temporada de balanços do 1T25. O banco considera que os lucros observados serão “essencialmente irrelevantes” para as instituições, enquanto investidores concentrarão sua atenção nas teleconferências.

“Nesse sentido, os lucros do 1T serão essencialmente irrelevantes; eles serão fortes, refletindo resultados robustos de IB (banco de investimento) e de mercado, juntamente com uma qualidade de crédito otimistas. Esperamos que os comentários da gestão sejam cautelosos, refletindo incerteza e destacando que os bancos estão preparados para o que o ambiente pode trazer”, afirma.

E as orientações?

Embora parte das expectativas estejam justamente nas orientações (guidances) que tradicionalmente seriam fornecidos com os balanços de todos os setores, o BofA antecipa a possibilidade de “vácuo de informação”. Em sua análise, o banco estima que seja possível que a menos que haja alguma resolução a respeito, a transparência pode ser comprometida pelas turbulências atuais.

“As empresas que regularmente fornecem orientação têm negociado a um prêmio em relação àquelas que não o fazem”, afirma o banco.

A suspensão de fornecimento de guidances tende a acontecer em períodos de maior incertezas, como durante a pandemia de Covid-19, por exemplo. E isso afetou negativamente o valuation das companhias que optaram por suspender informações no período, na época.

“Durante a pandemia, a avaliação premium para empresas que continuaram a fornecer orientação atingiu um pico, e as empresas que retiraram a orientação anual tiveram um desempenho inferior aos grupos de pares em uma média de cerca de 3 pontos percentuais entre a data em que emitiram pela última vez a orientação e a reinstauração da orientação”, diz o BofA.

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