Vítimas desfiguradas: Cidade da região é colocada em alerta para júri de risco

Um relatório de inteligência do Tribunal de Justiça, enviado ao Ministério Público e a órgãos de segurança pública, faz alerta para o que define como “júri de risco” em Igrejinha, no Vale do Paranhana. Na próxima segunda-feira (14), três membros de facção estarão no banco dos réus por executar dois rivais há quatro anos no bairro Viaduto. As vítimas ficaram com os rostos desfigurados por tiros de fuzil e pistolas. Cada uma recebeu 20.

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Área do Fórum receberá aparato especial de segurança na segunda-feira (14) | abc+



Área do Fórum receberá aparato especial de segurança na segunda-feira (14)

Foto: Reprodução/Google Maps

Um réu, em liberdade provisória, tem 28 anos e mora no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Deve ir por meios próprios ao fórum. Os outros dois, de 36 e 23 anos, estão presos. Serão transportados com escolta da Polícia Penal. Os três têm antecedentes por homicídio e tráfico de drogas. O mais velho, acusado também de crimes como estupro, é considerado o de maior periculosidade.

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“Entendemos oportuno maior atenção por parte dos órgãos de segurança pública, sendo de grande valia o reforço de policiamento ostensivo nas vias públicas próximas ao fórum, promovendo a manutenção da tranquilidade pública no entorno, parte externa do local onde ocorrerá o júri, e mesmo das equipes envolvidas na missão”, diz o relatório.

“Poderio financeiro e bélico das facções”

O documento discorre sobre as circunstâncias e motivações do duplo homicídio. Também salienta o poderio financeiro e bélico das facções envolvidas. Ainda revela a constatação de movimentações suspeitas no entorno do fórum em fevereiro, relacionadas ao caso.

E conclui: “Por fim, informamos que este Serviço de Inteligência do Judiciário continuará acompanhando desdobramentos em relação ao júri, fazendo as interlocuções necessárias com os demais órgãos de interesse e, desde logo, atendendo ao princípio da oportunidade e conveniência, reportará fatos novos caso surja”.

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O alerta foi enviado para as cúpulas da Brigada Militar, Polícia Penal, Polícia Civil, Comando Rodoviário da Brigada Militar e setores de inteligência do Judiciário e do Ministério Público.

Ordem de execução partiu do presídio

O júri está marcado para as 8h30 e deve se estender até o fim da noite. Os réus, conhecidos como Diabinho, Dogão e Jefe, são acusados de executar Dickson Amaral França e Luan da Rosa Flores na madrugada de 11 de fevereiro de 2021, na Rua Plínio Salgado. Pela quantidade de tiros na face, o reconhecimento das vítimas só foi possível por meio das impressões digitais.

Conforme a denúncia, França e Flores postavam fotos nas redes sociais como simpatizantes da facção Os Bala na Cara, de Porto Alegre. Eles moravam em São Francisco de Paula, reduto dos rivais Os Manos, do Vale do Sinos, maior organização criminosa do Estado. As publicações, associadas a dívidas de drogas, resultaram na sentença de morte para os dois. A ordem partiu do presídio.

“Brutalidade fora do comum”

As vítimas teriam sido arrebatadas na Serra e levadas a Igrejinha em um Hyundai Creta roubado em Porto Alegre. Outros dois carros davam cobertura. “Os denunciados mataram as vítimas por meio cruel, revelando brutalidade fora do comum e em contraste com o mais elementar sentimento, o de piedade”, diz o relatório. O Creta estaria em poder de um criminoso de Parobé.

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As investigações apontam que o duplo homicídio foi praticado por mais de três pessoas. Um quarto denunciado foi impronunciado a júri, ou seja, absolvido. Dois adolescentes já teriam respondido por ato infracional na Vara da Infância e da Juventude. Os processos relacionados ao caso correm em segredo de justiça.

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