Em relação estremecida, Zelensky recusa mais uma conversa com Lula

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, recusou um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma conversa telefônica que estava prevista para sexta-feira (11/4). A informação foi confirmada ao Metrópoles por uma fonte diplomática próxima ao governo ucraniano.

Essa é só mais uma das várias tentativas frustradas de diálogo entre os dois países. Outro contato entre os líderes estava previsto para acontecer em 4 de abril, a partir de uma solicitação feita pela embaixada do Brasil em Kiev no início do mês. Apesar da disposição brasileira, Zelensky também optou por não atender à ligação. Segundo fontes ucranianas, a decisão teve como base uma série de frustrações acumuladas com a postura do governo brasileiro ao longo do conflito.

Procurados, a diplomacia brasileira na Ucrânia ainda não retornou o contato sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestações.

O gesto de Lula de buscar uma reaproximação com Kiev foi interpretado por autoridades ucranianas como inoportuno e até contraditório. Um dos motivos apontados foi a viagem do presidente brasileiro à Rússia, marcada para o início de maio, que, na avaliação de Kiev, simboliza um alinhamento com o governo de Vladimir Putin.

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Ricardo Stuckert/PR

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Ainda segundo diplomatas próximos ao governo ucraniano, houve diversas tentativas de estabelecer contato com Lula ao longo do último ano e meio, incluindo solicitações formais de conversa por telefone e convites para uma visita à Ucrânia — enviados por meio de cartas em outubro e novembro de 2024. Todas, segundo essas fontes, ficaram sem resposta.

Em março deste ano, Lula havia anunciado que pretendia conversar com Zelensky por telefone, durante uma visita à Ásia. Segundo ele, o objetivo seria entender se o presidente ucraniano estaria disposto a buscar uma solução pacífica para o conflito. A proposta, porém, foi recebida com desconfiança em Kiev, que considera a atuação brasileira enviesada em favor da Rússia.

A Ucrânia também criticou o plano de paz proposto por Brasil e China, alegando que o conteúdo favorecia Moscou. A iniciativa acabou reforçando a percepção negativa do governo ucraniano sobre a atuação brasileira no conflito.

A desconfiança aumentou após declarações públicas de Lula, que já afirmou ver com bons olhos a abordagem de Donald Trump em relação à guerra, e voltou a defender uma solução negociada, sem condenações diretas ao Kremlin. Para interlocutores de Zelensky, a postura compromete qualquer possibilidade de mediação brasileira.

“Agora, de repente, por causa da próxima visita de Lula a Moscou, ele quer falar com Zelensky sobre mediação? Isso é uma piada”, declarou um funcionário do governo ucraniano, sob condição de anonimato. Outro diplomata foi categórico ao afirmar que a Ucrânia não vê mais o Brasil como um ator relevante nas discussões de paz.

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