Com fábrica em Varginha, Philips Walita dribla impacto do câmbio e da Selic no Brasil

Em um cenário doméstico de juros elevados, câmbio volátil e crédito caro, a Philips Walita tem adotado uma combinação de estratégias para manter competitividade e crescimento. À frente da operação da empresa na América Latina, o CEO Fernando Bueno contou no podcast Do Zero ao Topo, do InfoMoney, que a fábrica em Varginha (MG) tem sido essencial para mitigar os impactos da economia adversa.

“O câmbio e a taxa de juros são variáveis que impactam diretamente a maneira com que precificamos nossos produtos. Atuamos no segmento médio premium, que costuma sofrer menos nesses momentos, mas ainda assim é desafiador”, afirma Bueno. Ele explica que a produção local permite à empresa reduzir a necessidade de repassar variações de custos ao consumidor, principalmente em tempos de dólar mais caro.

Apesar disso, ele admite que, em alguns momentos, repassar parte do custo é inevitável. “Senão, a gente não consegue ter fôlego para continuar investindo e mantendo essa marca tão querida pelos brasileiros”, diz. A diversificação do portfólio e o equilíbrio entre produtos fabricados no Brasil e itens importados também fazem parte da equação.

Outro ponto de atenção está no varejo. Com a Selic ainda alta, o acesso ao crédito se torna mais restrito, impactando diretamente os parceiros comerciais da Philips Walita. “Trabalhamos muito próximos aos varejistas, pois a saúde financeira deles é fundamental para que todos cresçamos juntos”, observa.

Do vôlei ao mundo corporativo

Antes de chegar ao comando da Philips Walita, Fernando Bueno construiu uma longa trajetória em empresas como Johnson & Johnson, Whirlpool, Kimberly-Clark e Procter & Gamble. E, apesar de ser engenheiro químico de formação, ele se orgulha de ter feito carreira como vendedor — título que ainda assume com entusiasmo.

“Todo CEO deveria ser um vendedor na essência, porque vender é servir, é entender o consumidor”, defende. Ele relembra com carinho o início da trajetória profissional, quando, com uma pasta cheia de papéis e um carro da empresa, saía pelas ruas do Rio de Janeiro para abastecer supermercados com os produtos da P&G. “Era um orgulho ver meus produtos nas prateleiras.”

Apesar de nunca ter exercido a engenharia, ele reconhece o valor da formação como estruturante do seu modo de pensar. “A engenharia me ajudou a ter um raciocínio lógico e uma visão generalista, que hoje aplico na gestão.”

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Transição difícil, mas necessária

Bueno também falou sobre a mudança para São Paulo, em 2001, quando assumiu uma função interna na Procter & Gamble. “Foi uma transição difícil. Eu vinha do Rio de Janeiro, de um ambiente mais leve, e me deparei com uma cidade densa, cheia de prédios. Além disso, todos os diretores com quem trabalhava na época eram estrangeiros. As reuniões eram em inglês, com culturas muito diferentes.”

Ele conta que, apesar dos desafios iniciais, o ambiente o ajudou a amadurecer e a crescer profissionalmente. E atribui grande parte de sua jornada ao compromisso de “dar o melhor de si a cada dia” e ao prazer em desenvolver pessoas. “Chega uma hora em que sua maior responsabilidade é desenvolver gente. E isso também é uma forma de vender: passar conhecimento, inspirar.”

Com quase 30 anos de carreira, Fernando Bueno afirma que ainda encontra motivação todos os dias. “Vendas têm tudo a ver com paixão. Se eu não acordar apaixonado, talvez esteja no lugar errado.”

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Sobre o do Zero ao Topo

Em mais de 200 episódios, o videocast/podcast de negócios Do Zero ao Topo conta a história dos empreendedores e empresários por trás das maiores empresas do país.

Em cada episódio, o ZAT traz um fundador ou fundadora, em uma conversa franca sobre como iniciou os negócios, os desafios enfrentados ao longo dos anos, as incertezas e os momentos decisivos para a empresa

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