Dólar em xeque? Especialista analisa pressão sobre a moeda americana

dólar

A recente volatilidade do mercado cambial reacendeu um velho debate: o dólar estaria perdendo sua hegemonia como moeda de referência global? Em entrevista à BM&C News, Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, analisou a pressão recente sobre o dólar e a perspectiva de médio e longo prazo para a moeda americana diante da intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Segundo o especialista, a atual desvalorização do dólar é resultado de um conjunto de fatores que incluem movimentos estratégicos da China — como a venda de títulos americanos — e ajustes técnicos do mercado. “O dólar está se desvalorizando por vários motivos, mas principalmente pela preocupação global com sua hegemonia“, destacou Saravalle. No entanto, ele reforça que a moeda ainda mantém seu papel central nas transações internacionais e como reserva de valor mundial.

Pressão de curto prazo não altera cenário estrutural

Saravalle explicou que, apesar das oscilações recentes, o dólar deve continuar sendo a principal referência global no curto e médio prazo. “Minha opinião é que o dólar não vai perder sua hegemonia. Ele permanece forte, sendo a principal moeda de negociação. Mas o tema certamente vai ganhar relevância, e o mercado vai continuar questionando essa liderança“, analisou.

O especialista apontou que moedas alternativas, como o euro e o yuan, devem crescer em relevância, especialmente no comércio bilateral e em acordos específicos entre países. Ainda assim, o dólar mantém vantagem devido à profundidade do mercado financeiro americano e à confiança dos investidores internacionais.

Impactos nos investimentos e recomendação de diversificação

O CIO da MSX também avaliou os reflexos dessa dinâmica para investidores. Saravalle sugeriu que, diante da volatilidade, uma estratégia de diversificação internacional se torna cada vez mais prudente. “Alguns investidores estão priorizando ações europeias e até empresas de países emergentes como forma de reduzir a exposição direta à volatilidade dos ativos americanos“, comentou.

Ele destacou ainda o movimento de valorização do ouro, que atingiu novos recordes recentes. “Na minha visão, o ouro continua sendo talvez o único ativo principal para proteção patrimonial“, afirmou Saravalle, reforçando a importância de manter ativos defensivos em carteiras globais.

Cenário global de crescimento e inflação pressionando

Por fim, Saravalle alertou que a combinação de menor crescimento econômico global e inflação persistente complica a atuação dos bancos centrais. “As projeções para a China e para os Estados Unidos estão sendo revistas para baixo. Isso, junto com pressões inflacionárias, pode levar a juros nominais mais altos no mundo“, completou.

O debate sobre a hegemonia do dólar está longe de ser encerrado, e segundo Saravalle, continuará movimentando os mercados globais e pautando as estratégias dos investidores nas próximas décadas.

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