Economia ainda aquecida no Brasil não dará refresco ao Banco Central, diz Caio Megale

O IPCA de março com alta de 0,56% revela que a inflação não mostra arrefecimento. Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP, que participou nesta segunda (14) do programa Morning Call da XP, o dado mostra que “continua um quadro de inflação alta e atividade aquecida”.

Ele aponta o cenário muito parecido com ano passado. “O IPCA, quando se tira itens mais voláteis, que cai muito ou sobe muito, e tenta pegar a tendência subjacente da inflação, a gente chega à conclusão que a inflação fica rodando ali em 6%”, explicou.

Dobro da meta

“Isso é o dobro da meta do Banco Central (de 3%) e essa tendência vem subindo desde o final do ano passado, como reflexo do desequilíbrio entre oferta e demanda”, complementou.

Megale vê uma demanda ainda forte na economia, que “está bastante aquecida”. Para o economista, há uma dificuldade de a oferta fazer o acompanhamento. “Portanto, tem pressão de custo, além do efeito da desvalorização da taxa de câmbio do ano passado”, comentou.

Ainda assim, o economista da XP apontou que está desacelerando, ainda que de forma lenta. Ele disse que dados de varejo, serviços e produção industrial mostram recuo da atividade.

“Todos esses indicadores na semana passada vieram um pouco mais fraco, e o IBC-Br, excluindo a parte agrícola, que é muito forte nessa época do ano, também”, afirmou.

Agronegócio

“Mas como o setor agrícola é muito importante, ele gera o efeito secundário, que é uma renda forte, que movimenta os serviços, o comércio”, disse. Isso, segundo ele, acaba gerando impacto em setores ligados ao agronegócio, como distribuição e logística.

“É um quadro de crescimento um pouco mais fraco que o ano passado, mas ainda bastante significativo”, pontuou. “Não é uma desaceleração muito pronunciada”, destacou.  

A XP elevou recentemente a projeção do PIB de 2025 de 2% para 2,3% e do ano que vem, de 1% para 1,5%.

“Então, a gente está vendo uma economia firme que não vai dar muito refresco para o Banco Central. A queda da inflação vai ser tênue e provavelmente não chega na meta no horizonte relevante do Banco Central”, afirmou.

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