Falsa enfermeira está no centro de golpe que lesou paciente e fraudou óbito de chefe do crime organizado no RS

Uma falsa enfermeira virou alvo de uma ação da Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (14) em Canoas. A batizada Operação Dupla Face dá sequência à apuração de um esquema de estelionato em um hospital da cidade.

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Operação, na manhã desta segunda-feira (14), dá sequência a ação para desmantelar esquema de estelionato identificado no ano passado



Operação, na manhã desta segunda-feira (14), dá sequência a ação para desmantelar esquema de estelionato identificado no ano passado

Foto: POLÍCIA CIVIL/REPRODUÇÃO

Conforme a investigação conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, a suspeita roubava dinheiro de pacientes do hospital, além de estar relacionada a um grupo criminoso para quem falsificava informações.

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Como a investigação começou

Foi em agosto de 2024, por meio do relato de uma vítima de golpe, que a Polícia identificou um esquema que se valia da confiança de parentes de pacientes internados para subtrair somas em dinheiro. Na época, a suspeita, que se apresentava como enfermeira do hospital, se aproximou da vítima que acompanhava a mãe, internada em estado grave.

A vítima desenvolveu uma relação de amizade e confiança e entregou até um cartão bancário à criminosa, que retirou todos os fundos da conta poupança da vítima e, utilizando informações pessoais, aumentou o limite de crédito e contraiu um empréstimo em seu nome.

O prejuízo, aponta a Polícia Civil, chegou a R$ 60 mil. A quantia foi desviada para contas controladas pela criminosa, deixando a vítima em uma situação financeira precária e emocionalmente mais debilitada.

O que foi encontrado

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, a Polícia coletou evidências e, ainda naquele mês, fez buscas nos endereços dos suspeitos. O resultado foi a apreensão de um vasto material probatório que indicava a atuação de uma organização por trás da enfermeira.

Na casa da suspeita foram encontrados receituários médicos, carimbos de profissionais de saúde e documentos que se faziam passar por funções de direção em hospitais de Canoas.

“O que mais chamou a atenção da equipe policial foi a descoberta de uma ficha de investigação de óbito, preenchida fraudulentamente”, lembra a delegada. “O documento, carimbado e assinado por um médico do hospital, descrevia a causa da morte como ‘falência múltipla de órgãos’ e mencionava um paciente que havia sido encaminhado da penitenciária com um histórico criminal extenso, incluindo homicídios e tráfico de drogas.”

A ficha de óbito se referia a um indivíduo conhecido pelas autoridades como líder de uma organização criminosa no Rio Grande do Sul, com um histórico criminal que incluía doze homicídios e outros crimes considerados gravíssimos. Coincidentemente, a data da morte era a mesma de seu alvará de soltura, levantando suspeitas sobre a veracidade do documento e as circunstâncias do óbito, segundo Luciane.

“Entramos em contato com a médica que atestou o referido óbito”, aponta. “Ela afirmou ser falsa a assinatura e os dados, inclusive referiu que nunca trabalhou no referido hospital.”

A investigação, reforça o delegado Cristiano Reschke, diretor da Polícia Civil em Canoas, visa impedir de forma efetiva o uso de documentos falsos para tornar impune líder de organização criminosa que passaria a ser tido como morto no dia da audiência judicial em que seria concedida sua liberdade.

“Para sua frustração, sobreveio dias antes uma nova ordem de prisão preventiva e acabou com o plano de ter uma nova vida forjando sua morte”, comentou.

Nova ofensiva

Com a enfermeira presa desde o ano passado, a Polícia Civil deflagrou a segunda fase da operação, com o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão em Alvorada, Porto Alegre e Arroio dos Ratos, nesta segunda-feira.

A expectativa da Polícia é de que esses mandados ajudem a angariar mais provas sobre os crimes cometidos pelo grupo, que, além de fraudes financeiras, pode ter ligações com atividades mais graves envolvendo o crime organizado.

Em tempo, o principal suspeito de receber boa parte do dinheiro dos golpes foi preso na última quinta-feira (10) por atuar esquema de agiotagem, em outra ação da Polícia Civil contra o crime organizado. 

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