Quem é Luiz Oscar Niemeyer, o empresário que convenceu Lady Gaga a vir ao Brasil

Luiz Oscar Niemeyer carrega o nome do tio, Oscar Niemeyer, um dos arquitetos mais icônicos da história. Ele também pertence a uma família de destaque na medicina: é irmão de Paulo Niemeyer Filho, um dos neurocirurgiões mais renomados do país, e filho do doutor Paulo Niemeyer Soares, uma referência na área médica, falecido em 2004. No entanto, Luiz Oscar escolheu trilhar um caminho diferente e construiu sua carreira no setor de entretenimento, onde se consolidou como um dos principais empresários responsáveis por trazer mega shows internacionais ao Brasil.

Em maio, Luiz Oscar Niemeyer trará Lady Gaga para um show gratuito em Copacabana, organizado por sua produtora, a Bonus Track, a mesma responsável por trazer Madonna para a praia no ano passado. A “Mother Monster”, como é carinhosamente chamada pelos fãs, se junta a uma lista de artistas de peso que vieram ao Brasil ao longo das últimas quatro décadas graças ao trabalho do empresário, um dos pioneiros no mercado de grandes eventos internacionais no país. Os primeiros shows que ele produziu ocorreram em períodos marcados por instabilidade política e turbulência econômica no Brasil.

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Luiz Oscar Niemeyer (à esquerda) com o ex-Beatle, Paul MacCartney (Foto: Acervo pessoal)

Em 1990, quando trouxe Paul McCarteney para um show no Maracanã, foi pego de surpresa pelo Plano Collor, lançado faltando pouco menos de um mês para a apresentação. “Os patrocinadores disseram que não ia ter como fazer. O dinheiro estava sequestrado, preso”, lembrou Niemeyer, durante sua participação no InfoMoney Entrevista desta semana.

Em 1990, Luiz Oscar Niemeyer enfrentou um grande desafio ao trazer Paul McCartney para um show histórico no Maracanã. Faltando menos de um mês para a apresentação, ele foi surpreendido pelo Plano Collor. “Os patrocinadores disseram que não ia ter como fazer. O dinheiro estava sequestrado, preso”, relembrou Niemeyer durante sua participação no InfoMoney Entrevista desta semana.

“Partimos para uma série de negociações, inclusive com o artista. O Paul queria vir ao Brasil, tocar no Maracanã, que na época tinha capacidade para 200 mil pessoas. E a gente conseguiu, né? Conseguimos chegar a um acordo para receber [o patrocínio] das empresas mais adiante”, relembra Luiz Oscar Niemeyer.

O show não apenas aconteceu, mas também quebrou um recorde mundial de maior público pagante, entrando para o Guinness Book: 184 mil pessoas assistiram à apresentação. Desde então, o ex-Beatle retornou ao Brasil diversas vezes e já acumula quase 40 shows no país, todos produzidos por Luiz Oscar Niemeyer.

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Roberto Medina e o primeiro Rock in Rio

Apaixonado por música desde a adolescência, Luiz Oscar Niemeyer estudou comunicação e, ao concluir a faculdade, ingressou na Artplan, agência de publicidade de Roberto Medina. Foi lá que nasceu o projeto da primeira edição do Rock in Rio, em 1985. Inicialmente idealizado como um festival para promover uma marca de cerveja da Brahma, o evento acabou entrando para a história ao reunir grandes nomes internacionais, como Queen, Ozzy Osbourne, James Taylor e Rod Stewart, além de uma seleção de artistas brasileiros, incluindo Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e Kid Abelha. O Rock in Rio se tornou um marco cultural e consolidou o Brasil como destino para grandes eventos musicais.

“Fui coordenador geral do projeto, numa época em que esse negócio ainda estava no começo. […] O showbusiness tinha suas precariedades, os profissionais não eram totalmente preparados. E eu percebi que ali havia uma oportunidade”, afirma Luiz Oscar Niemeyer.

Após deixar a Artplan, Luiz Oscar Niemeyer produziu três edições do festival Hollywood Rock, realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. O evento se destacou por mesclar bandas brasileiras com grandes astros internacionais. Entre os headliners das edições estavam nomes icônicos como Bob Dylan, Eric Clapton, Alice in Chains e Nirvana.

Niemeyer e o cantor Elton John (Foto: Acervo pessoal)

Planmusic e o primeiro show em Copacabana: Rolling Stones

Luiz Oscar Niemeyer também atuou como presidente da gravadora BMG Ariola no Brasil por mais de dez anos, deixando o cargo em um momento em que a indústria fonográfica enfrentava desafios com o surgimento das mídias digitais e o aumento da pirataria. Após sua saída, decidiu fundar a Planmusic, empresa responsável por trazer, em 2006, os Rolling Stones para um show histórico em Copacabana, marcando sua primeira experiência com eventos realizados na praia.

Inspirado por um show que o cantor Lenny Kravitz havia realizado no local no ano anterior, durante as comemorações do aniversário do Rio de Janeiro, Luiz Oscar Niemeyer sugeriu ao produtor dos Rolling Stones a ideia de uma apresentação gratuita na praia. O produtor, que buscava trazer a banda para o Brasil, aceitou a proposta, dando início a um dos eventos mais emblemáticos da história musical do país.

Show dos Rolling Stones em 2006: 1,5 milhão de pessoas em Copacabana (Foto: Acervo pessoal)

“Para mim, seria uma reentrada importante no mercado, uma forma de fazer marketing para a nossa empresa. Mas também era algo positivo para o artista e para a cidade”, afirma Luiz Oscar Niemeyer. O resultado foi impressionante: 1,5 milhão de pessoas assistiram a Mick Jagger e sua banda, marcando o maior público da história do grupo britânico — um número realmente difícil de superar.

Em 2012, Luiz Oscar Niemeyer organizou mais um show em Copacabana, desta vez com Stevie Wonder e Gilberto Gil. Embora o público não tenha sido tão grande quanto o dos Rolling Stones, ainda assim reuniu cerca de 850 mil pessoas. Mal sabia o empresário que, 12 anos depois, os megashows na praia se tornariam uma tradição anual, consolidando Copacabana como um dos principais palcos para eventos de grande porte no Brasil.

A venda do negócio e o surgimento da Bonus Track

Luiz Oscar com o filho, Luiz Guilherme: sócios da Bonus Track (Foto: Acervo pessoal)

O controle da Planmusic foi vendido à T4F (SHOW3) em 2016. Durante cinco anos, Luiz Oscar Niemeyer continuou colaborando com a empresa como associado, trazendo projetos de grande destaque, incluindo mais shows de Paul McCartney. No entanto, o carioca de coração começou a se sentir incomodado com as viagens semanais para São Paulo. Em 2021, em um movimento semelhante ao que viveu no final dos anos 1980, decidiu deixar a T4F para se dedicar a uma nova empreitada.

“Eu gosto de estar no controle do negócio”, admite Luiz Oscar Niemeyer. Foi com esse espírito que surgiu a Bonus Track, uma sociedade com seu filho, Luiz Guilherme Niemeyer. O encerramento da turnê Celebration Tour, da cantora Madonna, em Copacabana, marcou o início de um projeto ainda mais ambicioso. Este ano, a produtora firmou uma parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro para a realização de megashows na praia até 2029. A plataforma “Todo Mundo no Rio” dará início às atividades oficialmente com a apresentação de Lady Gaga, em maio.

Mas a Bonus Track não se limita apenas aos megashows em Copacabana. Atualmente, a empresa também atua no empresariamento artístico de grandes nomes, como a banda Capital Inicial, o cantor Criolo e o trio Os Garotin. Além disso, organiza o festival de música brasileira Doce Maravilha, que este ano tem data marcada para o final de setembro no Rio de Janeiro. A companhia também é proprietária da Mangolab, uma empresa especializada em eventos e marketing digital, e realiza a gestão do Teatro I Love Prio por meio de uma controlada, a LGL Promoções. Para completar, a Bonus Track integra o consórcio responsável pela reconstrução do Canecão, uma das casas de shows mais icônicas do Rio de Janeiro.

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