Toyota SW4 é o carro mais endeusado do Brasil | Avaliação

É muito comum ver o processo de endeusamento de alguma pessoa no mundo do futebol, política e música. Para os fãs, essa pessoa sempre está acima do bem e do mal, gerando brigas intermináveis na internet para quem diz o contrário. Quando trazemos isso ao mundo dos automóveis, o Toyota SW4 é o carro mais endeusado do Brasil.

Sei que essa avaliação será como colocar a mão em um vespeiro, especialmente por conta do título. Mas é inegável que o Toyota SW4 é colocado como Deus dos SUV. Quase como se fosse um carro acima de qualquer defeito e problema. E, para a marca japonesa, ter fãs tão cegos de admiração é a maior vantagem mercadológica existente.

Ele é um tanque

Derivado da Hilux, o Toyota SW4 é um verdadeiro tanque de guerra. Ele tem construção chassi sob carroceria, aumentando sua versatilidade no off-road e também a robustez. A fama de indestrutível da sua irmã, também é aplicada a ele. Isso fica nítido dirigindo o SUV grande, que aguenta todo tipo de desaforo.

Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares branco de traseira com uma casa antiga e um gramado ao fundo
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

Buraqueira e ruas ruins parecem ser o território do modelo, que encara com valentia. Contudo, ele não passa por cima dos obstáculos sem uma penalidade. Além da construção chassi sob carroceria, ele traz suspensão dianteira com braços duplos triangulares e barra estabilizadora, enquanto a traseira é 4-link com molas helicoidais.

A calibração é pensada para o conforto em asfalto, o que faz com que a terra e a buraqueira devolva na cabine um solavanco forte. O SW4 pula, como a maioria dos carros chassi sob carroceria, ainda que nitidamente menos do que a Hilux. Entretanto, não existe correções de volante constantes como acontece em vários modelos desse tipo de layout.

Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares branco de lado com uma casa antiga e um gramado ao fundo
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

A direção é hidráulica, nitidamente muito pesada para manobras e até para andar no dia-a-dia na cidade. O fato de ter um couro rugoso de qualidade ruim, também não ajuda na sensação ao volante. Ao menos, as reações são mais rápidas do que as da Nissan Frontier, por exemplo, que também usa direção hidráulica.

Grandão, parrudão

Como resultado, você tem um SUV de suspensão relativamente dura e direção pesada que te dão a sensação de que sobreviveriam a um apocalipse. Entretanto, não torna o SW4 um carro confortável plenamente. Ele cansa ao volante depois de horas dirigindo, especialmente porque o banco não é tão macio.

motor do toyota sw4
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

Debaixo do capô, reside um motor 2.8 quatro cilindros turbo diesel de 204 cv e 50,9 kgfm de torque. Mesmo com sete pessoas dentro, ele não nega fogo, sendo capaz de fazer ultrapassagens rapidamente e sem negar fôlego. No off-road, por conta da tração reduzida, ele tem poderio de sobra.

O que falta é uma atualização na transmissão. A caixa automática tradicional de seis marchas parece não dar conta do motor diesel do Toyota SW4. As primeiras marchas são mais curtas, mas demoram a ser trocadas e são recebidas com trancos. Já as últimas, especialmente a sexta, cortam a brincadeira.

Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares branco de traseira com uma casa antiga e um gramado ao fundo
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

Para uma retomada de verdade, ele costuma reduzir até para terceira para ganhar fôlego. Considerando que os rivais diretos já contam com caixas mais modernas e com mais marchas, está na hora da Toyota atualizar. Assim como os sistemas de auxílio de condução, como piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e alerta de tráfego cruzado.

Por mais que estejam presentes, eles não atuam de maneira tão natural como o mesmo sistema usado em outros carros da própria Toyota, como os irmãos Corolla e Corolla Cross. Aliás, pelo preço de R$ 410.790, digno de Lexus cobrado no SW4, era de se esperar alto nível de tecnologia. Mas, ele entrega apenas o básico.

Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares branco de frente com uma casa antiga e um gramado ao fundo
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

Itens de série

De fábrica, o Toyota SW4 sai com seis airbags, chave presencial, retrovisores elétricos sem rebatimento automático, bancos dianteiros elétricos com resfriamento, volante com ajuste de altura e profundidade, ar-condicionado digital de duas zonas com regulagem individual de ventilação para a traseira, além de porta-malas com abertura elétrica.

O SUV grande, na versão SRX Platinum testada, ainda é equipado com faróis full-LED com acendimento automático, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, central multimidia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, câmera 360° de qualidade muito ruim, sistema de som JBL e porta-luvas refrigerado.

Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares branco de traseira com uma casa antiga e um gramado ao fundo
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

A lista de equipamentos ainda traz frenagem autônoma de emergência, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, banco traseiro reclinável, luz de neblina, assistente de partida em rampa, assistente de descida, tração 4×4 com seletor eletrônico, volante revestido em couro e madeira, além de estepe com mesma medida e roda do restante do carro.

Diferente da Hilux, mas ainda falta

Quando falamos de um carro de R$ 410.790, o refinamento é o que mais conta. Mas nisso o SW4 deve. O interior tem revestimento de couro nos bancos, volante e painel, mas cada um com uma qualidade diferente. O dos bancos é bom, mas levemente áspero para ser digno de um carro de luxo e inferior ao do RAV4 que, em teoria, é um carro abaixo do SW4.

interior do toyota sw4
Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

Já o couro do volante é áspero e rugoso, que tenta ser compensado por um revestimento de madeira na parte superior. Já o material usado no painel é um tipo de corino que não aparenta durar muitos anos sem esfarelar. Os plásticos usados na cabine são inferiores aos do Corolla, chegando ao nível de Yaris.

Ao menos a ergonomia de botões e comandos é perfeita, visto que isso é uma preocupação constante da Toyota. Há botões para tudo que deve ser operado assim, enquanto todos os comandos principais ficam na zona de visão do motorista e na região alcançável pelas mãos. Destaque ainda para os porta-copos na saída de ar, que são bem práticos.

A central multimídia evoluiu ao longo dos anos, mas segue ruim. O layout é genérico, fazendo parecer algo instalado fora da fábrica. Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio e é rápida na execução desses aplicativos, mas o som, que é assinado, deveria ter mais qualidade. O painel de instrumentos é analógico é bem datado, mas elegante e funcional.

Espaço para sete?

Verdadeiramente grande, o Toyota SW4 mede 4,79 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,83 m de altura e 2,74 m de entre-eixos. Isso se traduz em um bom espaço interno. A fileira do meio pode ser inclinada ou arrastada para frente ou para trás, provendo mais espaço a quem senta no fundão. 

Os bancos lá de trás contam com espaço relativamente aceitável para as pernas e boa altura de cabeça. Há saída de ar para todos e até porta-objetos para o pessoal de trás. Mas, só o motorista tem saída USB para carregamento de celular. Além disso, o sistema para armazenamento da terceira fileira é muito ruim.

Os bancos ficam pendurados na lateral do porta-malas e são bem pesados para serem manuseados. Uma lingueta prende eles à lateral e é difícil de ser operada. Ao menos o porta-malas em abertura elétrica (que faz barulho de microondas) e pode carregar 500 litros com cinco lugares em uso o 180 litros com todos os bancos ocupados.

Veredicto

A grande questão sobre o Toyota SW4 é que o problema não é ele, mas sim seus fãs. Ele é um verdadeiro tanque de guerra capaz de aguentar qualquer desaforo, tem uma quantidade aceitável de itens de tecnologia e anda bem. Mas não é refinado o suficiente para custar quase meio milhão de reais.

E, o pior de tudo, qualquer SUV que exista no Brasil é sempre comparado a ele como se fosse o Deus da categoria. Ele é, de fato, um carro muito bom. Mas longe de valer o que custa. E, como vende muito bem e tem ótima fama, a Toyota deita e rola com ele, cobrando o que bem entende e ditando as regras do segmento. 

Toyota SW4 SRX Platinum 7 lugares [Auto+ / João Brigato]

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