Após caso Sarah Raíssa, grupos de desafios na web são alvos da polícia

A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) deram início à “Operação Adolescência Segura” nesta terça-feira (15/4). O objetivo é desarticular uma das maiores organizações criminosas do país voltadas à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes em sete estados: São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.

De acordo com as investigações, a rede criminosa é responsável por diversos crimes graves no ambiente virtual, entre eles incentivo à automutilação, apologia ao nazismo e até mesmo maus-tratos a animais.

Com o apoio de policiais civis e do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, a operação cumpre mandados de prisão temporária e de busca e apreensão, além de internação provisória de adolescentes infratores.

Até o momento dois homens foram presos e dois menores foram apreendidos.

As investigações foram iniciadas em 18 de fevereiro deste ano, depois que um morador de rua, que estava dormindo, foi atacado e teve 70% do seu corpo queimado por um adolescente que atirou dois coquetéis molotov em sua direção. Um homem filmava todo o evento e transmitia em tempo real o crime em uma plataforma on-line.

A partir disso, policiais da Delegacia da Criança e dos Adolescente Vítima (DCAV) descobriram que o crime não se tratava de uma fato isolado. Os administradores do servidor utilizado para a transmissão ao vivo faziam parte de uma organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos tendo como principais alvos, crianças e adolescentes.

A rede criminosa é responsável por diversos crimes graves no ambiente virtual, entre eles:

  • Tentativa de homicídio.
  • Induzimento e instigação ao suicídio.
  • Incentivo à automutilação.
  • Armazenamento e divulgação de pornografia infantil.
  • Maus-tratos a animais.
  • Apologia ao nazismo.

A atuação do grupo é tão significativa no cenário virtual que chamou atenção, até mesmo, de duas agências independentes dos Estados Unidos, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis brasileiros envolvidos no caso.

A ação do grupo se espalhava por diferentes plataformas digitais criptografadas como Discord e Telegram, onde promoviam desafios e competições, sempre de crimes de ódio através de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar.

Caso Sarah Raíssa

A morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, que não resistiu e teve morte cerebral confirmada dias após inalar gás desodorante aerossol por causa de um “desafio” que circula na plataforma TikTok, chamou a atenção para o tema. Dados do Instituto DimiCuida mostram que, de 2014 até 2025, foram registrados 56 casos de crianças ou adolescentes entre 7 e 18 anos que morreram ou ficaram severamente feridas no Brasil por conta de desafios da internet.

O instituto realizou um mapeamento em casos noticiados na imprensa ou famílias que procuram organizações da sociedade civil dedicadas à temática. Ao Metrópoles, o Ministério da Justiça confirmou os números.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) detalhou que Sarah Raíssa deu entrada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na quinta-feira (10/4), após ter inalado gás de desodorante. A menina teria sido influenciada por uma “trend” – algo que se tornou popular – do TikTok.

Sarah Raíssa chegou à unidade de saúde com uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada após uma hora de tentativas por parte da equipe de saúde.

Ela, no entanto, não respondeu mais aos estímulos e a morte cerebral confirmada nesse domingo (13/4). Agora, a PCDF investiga como a criança teve acesso ao “desafio”. O caso é apurado pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro).

Adicionar aos favoritos o Link permanente.