FAB trava guerra aérea contra voos ilegais e intercepta 4 mil aviões

Criminosos que se arriscam a desafiar a Força Aérea Brasileira (FAB) nos céus do país enfrentam um sistema de vigilância contínuo e altamente preparado. Desde 9 de abril de 1982, quando ocorreu a primeira interceptação após a invasão de uma aeronave estrangeira, a FAB vem aprimorando suas técnicas e reforçando o controle do espaço aéreo. Entre 2019 e 2024, mais de 4 mil aeronaves foram interceptadas, sendo 207 apenas em 2024 — número que segue uma tendência de queda. Embora atue com rigor, a FAB não divulga dados detalhados sobre aeronaves abatidas.

No domingo (13/4), narcotraficantes bolivianos que sairam do Peru em um bimotor recheado de skunk foram mirados pela FAB e tiveram a aeronave abatida. Os criminosos foram presos e, em estado grave, levados ao Hospital Regional de Alta Floresta (MT).

Essa interceptação, porém, é apenas mais uma das diversas que as equipes já realizaram. A coluna separou algumas ações emblemáticas, envolvendo voos irregulares e criminosos.

Relembre

Em fevereiro deste ano, uma aeronave, carregada de drogas, foi classificada como hostil e submetida ao Tiro de Detenção (TDE) — que consiste no disparo de tiros, com a finalidade de impedir a continuidade do voo. A aeronave, vinda da Venezuela, entrou clandestinamente no espaço aéreo brasileiro.

No mesmo mês, a FAB impediu a entrada de 500 Kg de drogas no país após uma interceptação bem-sucedida. A aeronave, capturada no Amazonas, vinha do Peru, trazendo maconha e haxixe. Após ser ordenado o pouso obrigatório, um pouso forçado foi feito em uma pista de terra, a cerca de 80 quilômetros de Manaus (AM), colidindo com algumas árvores. Depois da aterrissagem, os pilotos incendiaram a aeronave e fugiram do local.

Em setembro do ano passado, 240 Kg de drogas foram encontrados em um helicóptero interceptado. Já em julho de 2023, uma aeronave de modelo Beechcraft Baron 58, vinda do Paraguai, foi intecerceptada nas proximidades de Gavião Peixoto (SP). O avião transportava mais de 500 Kg de cloridrato de cocaína.

A investigação é coordenada pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), da Aeronáutica, em conjunto com a Polícia Federal e outros órgãos de segurança e mira voos irregulares que possam estar ligados a crimes como o narcotráfico. A FAB acredita que após a operação, o tráfico na fronteira do país diminuiu em até 80%.

Entenda o procedimento

Para garantir a segurança do espaço aéreo, a Aeronáutica tem o respaldo legal para derrubar aeronaves hostis ou suspeitas de tráfico de drogas. A Lei do Abate regulamenta no Brasil a autorização para a destruição de aeronaves que invadem indevidamente o espaço aéreo brasileiro. A norma foi instituída pela Lei nº 9.614 de 1998, regulamentada em julho de 2004 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida estabelece que, se o piloto oponente se recusar a seguir as ordens da defesa aérea, é iniciada uma série de procedimentos que pode resultar no abate da aeronave, o que pode ser fatal para quem está dentro do veículo.

A interceptação segue um processo rigoroso que começa com a detecção de uma aeronave não identificada, ou suspeita, dentro da Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA). O controle de tráfego aéreo (civil ou militar) tenta entrar em contato com a aeronave para determinar sua identidade e intenções. Se não houver resposta, ou se a resposta for considerada insatisfatória, são enviados caças interceptadores para identificar visualmente a aeronave.

Caso a aeronave não responda às tentativas de comunicação e continue a se comportar de maneira suspeita, o próximo passo é o tiro de aviso. Esse tiro é uma medida dissuasiva, destinada a mostrar à aeronave que ela deve obedecer as ordens emitidas. O tiro é gravado e auditado para garantir a transparência e a conformidade com as leis em vigor.

Nos últimos anos, a Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), tem intensificado as ações de inteligência e monitoramento do espaço aéreo nacional, com operações 24 horas por dia. Por meio do emprego contínuo de radares, satélites e aeronaves especializadas, a FAB tem atuado de forma incisiva para coibir tráfegos aéreos ilícitos e garantir a segurança do território brasileiro.

Em maio do ano passado, um levantamento da Global Fire Power apontou que a frota da FAB é composta por 195 helicópteros, 46 caças, além de uma variedade de outras aeronaves, como aviões de treinamento e ataque.

7 imagens

Polícia faz operação conjunta contra o tráfico internacional de drogas

Avião interceptado pela FAB
1 de 7

Supermaconha apreendida

Reprodução

2 de 7

Polícia faz operação conjunta contra o tráfico internacional de drogas

Reprodução

3 de 7

Avião interceptado pela FAB

Reprodução

4 de 7

FAB/Reprodução

5 de 7

FAB/Reprodução

6 de 7

FAB/Reprodução

7 de 7

FAB/Reprodução

Apoio

As operações são complexas e exigem muito dos profissionais. Além do piloto do caça, uma grande equipe de apoio é mantida em alerta. Os que executam esse serviço permanecem durante todo o plantão no esquadrão. São eles: mecânico da aeronave, mecânico de armamento e auxiliar do mecânico. O grupo, literalmente, corre contra o tempo para providenciar a decolagem o mais rapidamente possível.

Cada um tem responsabilidades bem definidas. Aos mecânicos cabe manter a aeronave pronta para o acionamento, possibilitando a partida dos motores e a ativação dos sistemas de armamento em tempo recorde para permitir uma decolagem imediata e segura.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.