“Limitar ativismo”: saiba por que Trump congelou recursos para Harvard

O governo dos Estados Unidos anunciou o congelamento dos fundos federais destinados à Universidade de Harvard. A decisão foi tomada após a instituição declarar, na segunda-feira (14/4), que não irá acatar as exigências da administração Trump para “limitar o ativismo” no campus.

Na sexta-feira (11/4), o governo Trump enviou uma carta exigindo que a universidade de Harvard reduzisse o poder de alunos e professores sobre os assuntos internos da instituição.

Também solicitou que a instituição denunciasse imediatamente às autoridades federais estudantes estrangeiros que cometessem infrações disciplinares.

Além disso, a Casa Branca pediu a contratação de uma entidade externa para garantir que cada departamento acadêmico fosse “diverso em pontos de vista”. Embora não tenha definido o que significa diversidade de pontos de vista, o governo geralmente usa esse termo para se referir à inclusão de visões políticas conservadoras.

A resposta da Harvard

A Harvard se tornou a primeira universidade a recusar abertamente as mudanças exigidas pela administração Trump, marcando um confronto direto entre o governo federal e a universidade mais rica dos Estados Unidos.

Outras instituições já haviam contestado a interferência do governo na educação superior, mas a resposta de Harvard – que classificou as exigências como ilegais – representa uma mudança significativa de postura.

A universidade vinha sendo criticada por supostamente ceder à pressão do governo nas últimas semanas.

Em carta enviada à comunidade universitária, Alan Garber afirmou que as exigências violam os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição americana e ultrapassam os limites legais do governo sob o Título VI, que proíbe discriminação com base em raça, cor ou origem nacional.

“Nenhum governo – independentemente do partido no poder – deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo podem seguir”, escreveu. Ele também ressaltou os esforços da universidade no combate ao antissemitismo.

Garber disse também que compete à Universidade corrigir quaisquer falhas ou zelar pela manutenção de seus valores. “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder desconectadas da lei, para controlar o ensino em Harvard e ditar o nosso funcionamento. O trabalho de corrigir falhas, cumprir compromissos e encarnar nossos valores cabe a nós, como comunidade”, pontuou.

Cerco a Universidades

Desde que assumiu o governo em janeiro, a administração Trump intensificou os ataques às universidades, alegando que investiga dezenas de instituições para erradicar programas de diversidade e combater o que classifica como antissemitismo desenfreado nos campi. Centenas de milhões de dólares em fundos federais já foram suspensos em universidades por todo o país.

O foco do governo tem sido especialmente voltado às universidades mais prestigiadas dos EUA. Autoridades discutem a queda de uma grande instituição como parte de uma campanha para reformar o ensino superior. A ofensiva começou por Columbia e avançou para outras integrantes da chamada Ivy League, como Harvard.

A carta enviada a Harvard tem conteúdo semelhante à que levou Columbia a implementar mudanças sob ameaça de perder bilhões de dólares.

Outras instituições como a Universidade da Pensilvânia, a Brown University e a Universidade de Princeton também tiveram o repasse de verbas pausado até que cumpram as exigências da Casa Branca.

Cifras milionárias em jogo

No mês passado, após a suspensão de US$ 400 milhões – o equivalente a R$ 2,06 bilhões – em fundos federais, a Universidade de Columbia cedeu às exigências do governo.

A instituição concordou em transferir a supervisão do departamento de estudos do Oriente Médio e criar uma nova força de segurança com 36 “agentes especiais” autorizados a prender e remover pessoas do campus.

As exigências feitas a Harvard foram mais abrangentes e impactaram diversas áreas operacionais da universidade, o que tornou a resposta de resistência ainda mais significativa. Estão em jogo, mais de US$2,2 bilhões – R$11,33 bilhões – em subsídios e US$60 milhões – R$309 milhões- em contratos do governo com a Universidade.

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