Méliuz vai se financiar com dívida para comprar Bitcoin?

Em um movimento que pode redefinir o mercado de capitais brasileiro, a fintech Méliuz (CASH3) anunciou nesta terça-feira (15) de abril, a conclusão de um estudo para expandir sua estratégia de tesouraria, tornando o Bitcoin o principal ativo estratégico da companhia.

A proposta ainda vai passar por uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) no dia 6 de maio, segundo Israel Salmen, CEO da empresa, e Diego Kolling, head de estratégia de Bitcoin na Méliuz.

“O que propomos aos acionistas é a expansão da Estratégia Bitcoin, tanto com uma maior alocação do caixa no ativo, quanto com a conversão de fluxos de caixas futuros e iniciativas financeiras diversas, bem como algumas operações estratégias, para adição incremental de Bitcoins por ação”, comentou Kolling ao BlockTrends.

A iniciativa reflete uma tendência global de adoção do Bitcoin por empresas. Além disso, pode posicionar a Méliuz como uma das primeiras “Bitcoin Treasury Companies” no Brasil. O movimento segue o exemplo de gigantes como Strategy, dos EUA, e Metaplanet, do Japão.

A pauta da assembleia inclui a alteração do objeto social da companhia para permitir investimentos em Bitcoin como parte central de sua estratégia de alocação de capital.

Se aprovada, a proposta tornará o Bitcoin o principal ativo estratégico da Méliuz, com investimentos sustentados pelo fluxo de caixa operacional e por iniciativas financeiras.

“Buscaremos variadas formas de aumentar os nossos Bitcoins por ação. Desde usar o nosso fluxo de caixa futuro até operações no mercado de capitais”, escreveu Kolling no X.

Méliuz vai financiar compra de Bitcoin com dívidas?

A falta de especificação em “operações diversas para aumentar o caixa em Bitcoin” intrigou o BlockTrends, que questionou Kolling sobre quais métodos a empresa pensa em usar. Visto que a MicroStrategy se financia por meio de notas conversíveis. Ou no Brasil, um equivalente seriam debêntures (dívidas da empresa) que dão ao credor a opção de as converter posteriormente em ações da empresa.

“São companhias que admiramos e nunca escondemos de ninguém. Tanto o é, que as citamos nominalmente nos documentos publicados para o mercado. Acreditamos que o que elas estão fazendo é uma das coisas mais interessantes do universo das finanças corporativas e um passo importante do amadurecimento do Bitcoin como ativo de tesouraria e ativo estratégico para as empresas”, respondeu Kolling.

Kolling reforçou o anúncio em seu perfil do X, e destacou que a empresa propõe se constituir como uma “Bitcoin Treasury Company”. O termo refere-se a um modelo em que o Bitcoin passa a ser o principal ativo de reserva da tesouraria.

Detalhes da proposta

A proposta da Méliuz envolve expandir a atual “Estratégia Bitcoin” da empresa, que já alocava 10% de seu caixa em Bitcoin. Se aprovada, a estratégia permitirá:

  • Aumento da alocação em Bitcoin: Uma parte maior do caixa será destinada ao Bitcoin, indo além dos 10% atuais.
  • Operações no mercado aberto: A Méliuz planeja realizar operações financeiras para aumentar sua exposição ao Bitcoin.
  • Utilização de fluxos de caixa futuros: O fluxo de caixa operacional futuro poderá usado para adquirir mais Bitcoin, visando maximizar os “Bitcoins por ação”.
  • Kolling destacou que a empresa acredita que o mundo está caminhando para o “Bitcoin Standard”, ou seja, um futuro em que o Bitcoin se tornará a principal referência de valor global.

Tendência global de adoção do Bitcoin

A proposta da Méliuz alinha-se a uma tendência global de adoção do Bitcoin por empresas. O site bitcointreasuries.net já lista 176 empresas públicas e privadas que possuem Bitcoin em suas reservas.

A lista inclui gigantes como a Strategy, que se tornou o maior detentor corporativo de Bitcoin. Contudo, no Brasil a Méliuz foi a primeira empresa pública a adotar a estratégia.

De qualquer modo, a proposta da Méliuz marca um momento histórico para o mercado brasileiro. Portanto, posicionando a empresa como uma pioneira na adoção do Bitcoin como ativo de tesouraria.

Se aprovada na AGE de 6 de maio, a estratégia poderá inspirar outras empresas brasileiras a seguir o mesmo caminho, contribuindo para a “Bitcoinização” do mercado de capitais local.

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