Osterbaum: A retomada de uma tradição para unir famílias

Uma árvore apenas de galhos secos é decorada no Domingo de Páscoa com cascas de ovos pintados. Trazida pelos imigrantes germânicos ao Brasil no século XIX, a Osterbaum, ou simplesmente Árvore de Páscoa, é uma tradição que se perdeu com o passar dos anos mesmo nas cidades marcadas pela imigração alemã.

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Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Os galhos secos simbolizam a morte de Jesus Cristo, enquanto os ovos pintados trazem justamente a simbolizam a alegria da vida para marcar a ressurreição. Tradicionalmente os a Osterbaum é colocada, com seus galhos secos e sem folhas, na Sexta-feira Santa, data que para os cristãos marca a morte de Cristo. Em contrapartida os ovos coloridos são adicionados justamente no Domingo de Páscoa, a data de ressurreição de Jesus.

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Em suas oficinas onde ensina crianças a fazerem a árvores, a pedagoga Antonia Bueno, reforça que mais importante que a data de montagem da Osterbaum, o mais importante em trabalhar a tradição com as crianças é a construção de laços familiares.

“Nosso objetivo é apresentar para as crianças, para ver se as famílias também se empolgam a fazer a árvore de Páscoa. Conversando com as crianças, vejo que muitas crianças fazem na escola, mas não fazem em casa”, conta ela que ministra as oficinas de Osterbaum na 3ª Páscoa em Ivoti.

Procura intensa

A oficina comandada por Antonia é um dos atrativos mais procurados no Espaço Infantil da Vila Germânica dos Coelhos, localizado no Núcleo de Casa Enxaimel. “Aqui na redondeza tem muita colonização alemã, então muitas crianças já conhecem, mas os visitantes turistas a maioria ainda não sabem”, relata ela sobre a reação das crianças e pais ao conhecerem a Osterbaum.

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Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Na oficina realizada no Núcleo de Casas Enxaimel as crianças são convidadas a pintar cascas de ovos e depois escolhem se levam para casa e montam sua própria Árvore de Páscoa em casa. “Dou um tema de casa para eles fazerem. E eles ficam encantados, relata Antonia.

Moradores de São Leopoldo, o casal Alice Almeida, 46, e Volnei Wolschich, 40, aproveitaram o último domingo (13) antes da Páscoa para levar as filhas Betina e Aurora, de 5 e 6 anos respectivamente, para participarem da oficina e terem novos ovos decorados, já que a tradição da Osterbaum vem de família. “A gente faz essa experiência desde que elas começaram a ter condições de pintar é um momento de interação lúdico”, conta Alice.

Mas mesmo com a experiência em casa, a família aproveitou a visita à cidade vizinha para repetir a experiência. “A gente sempre vem ver o desfile e esse ano vimos atividades diferentes e aproveitamos para fazer também.” As duas meninas aprovaram a atividade e levaram as cascas de ovos pintadas para casa.

Volta à infância

Para os Almeida a montagem da Osterbaum começou como uma atividade sem maiores pretensões e transformou em uma tradição que atrai até quem não é da família. “Começamos fazendo por fazer e virou uma tradição fazer todos os anos. Até uma senhora de 71 anos esteve lá em casa e convidamos ela para pintar e no fim ela acabou pintando e ela também se sentiu um pouco criança também”, conta Alice.

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Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Natural de Porto Alegre, a técnica em química Tielly Padilha, 37 anos, também visitou a oficina levando o filho e a Vicente Petry, 3 anos, e a afilhada Martina Padilha. De acordo com ela, a família tem incentivado experiências como esta com o menino. “Esse é o primeiro ano que ele está tendo mais entendimento da função da Páscoa, em casa ele tá montando o ninho dele, pintando os ovinhos, então ele está ficando mais encantado agora com essa parte”, relata.

A relação da família com a região de imigração alemã vem por parte dos avós paternos, que são de Novo Hamburgo. Em 2025 a família vai ter na montagem da Osterbaum mais um momento de união no Domingo de Páscoa.

“Eu não tinha costume da Árvore de Páscoa quando criança, que a gente fazia era procurar os ovos na manhã de Páscoa, então era uma alegria no domingo. E a nossa ideia é fazer com que toda essa imaginação siga para ele. Ele fala já da mamãe coelha, que está preparando o ninho, que tá se comportando para esperar ela”, conta Tielly.

Vicente, por sua vez, classificou a experiência como “muito divertida, essa é minha cor preferida”, contava ele apontando para a casca de ovo recém pintada.

A reação das famílias vai ao encontro do desejo principal de Antonia ao ministrar a oficina. “A gente queria isso para unir as famílias. Explico para eles (crianças) que vai ser um momento entre família, com os pais, para construir essas Árvores de Páscoa.”

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