Quem é Andrew Tate e qual é a sua relação com a série Adolescência?

Na série “Adolescência”, o influenciador Andrew Tate é citado como um expoente de um movimento misógino que teria motivado o assassinato que é o centro da história. Tate se autoproclama “misógino” e ganhou notoriedade após participar do Big Brother britânico, além de ser campeão mundial de kickboxing por quatro vezes.

A série em quatro episódios explora como as ideias de influenciadores online, como  Andrew Tate, podem moldar as opiniões de crianças viciadas em smartphones e levá-las à violência.

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Mas o que levaria um adolescente a assassinar uma colega de escola por motivações ligadas ao influenciador? Tate, que tem milhões de seguidores nas redes sociais, aborda o tema central da série: a masculinidade tóxica e seus efeitos devastadores, especialmente, mas não exclusivamente, para os jovens. Embora também seja protagonista do debate, a internet desempenha um papel crucial na disseminação de ideais de ódio contra as mulheres e na criação de um ambiente propício à violência online.

Tate, antes de ser alçado ao status de celebridade com mais de 10 milhões de seguidores no X, passou apenas seis dias no Big Brother do Reino Unido antes de ser expulso. Sua permanência foi encurtada pela divulgação de um vídeo no qual agredia uma mulher. O ex-lutador afirmou que o vídeo havia sido editado para prejudicar sua imagem e “fazê-lo parecer mal”.

De acordo com entrevistas que o influenciador já deu, antes de alcançar o estilo de vida ultraluxuoso que ostenta atualmente, sua infância foi humilde e ele chegou a buscar restos de comida em latas de lixo do KFC.

Além da ostentação, o que sustenta seu conteúdo é uma ideologia ultraconservadora, que prega a responsabilização masculina pelas mulheres e a naturalização de crimes como o estupro. Em uma postagem, o influenciador afirmou que as mulheres deveriam assumir sua própria responsabilidade ao serem violadas e que homens que permitem que suas esposas trabalhem as estão expondo a riscos de assédio e violência sexual.

Prisões

Tate já foi preso algumas vezes e será julgado novamente em 2027. O influenciador enfrentará um julgamento em 2027 em processos civis de quatro mulheres por suposto abuso físico e sexual, em um caso que seus advogados afirmam ser o primeiro do tipo no Reino Unido sobre alegações de controle coercitivo.

As quatro autoras, cujas identidades foram preservadas, alegam que Tate as submeteu a violência física ou sexual entre 2013 e 2015. Duas delas afirmam que estavam em um relacionamento íntimo com Tate, enquanto duas trabalhavam para sua empresa de webcam online.

Os advogados das mulheres afirmam nos autos que uma delas foi ameaçada com uma arma enquanto Tate dizia “você vai fazer o que eu mandar ou vai pagar caro”, enquanto outra alega que Tate a estrangulou até que ela ficasse inconsciente durante o sexo.

Tate nega as alegações, e seus advogados afirmam em sua defesa por escrito que as acusações são falsas e que toda a atividade sexual foi consensual. A advogada de Tate, Vanessa Marshall, disse que ele — que não compareceu à breve audiência de terça-feira e não era obrigado a fazê-lo — pretende apresentar provas em sua defesa durante o julgamento.

A advogada das autoras, Anne Studd, disse que “esta será a primeira ocasião em que o controle coercitivo será levado à Suprema Corte em um contexto civil”, para decidir se isso equivale a um dano intencional de acordo com a lei inglesa. Studd descreveu o controle coercitivo nos autos do processo judicial como “uma forma de aliciamento e manipulação em que a vítima se torna cada vez menos capaz de responder ao que pode ser percebido como uma forma normal”.

Tate e seu irmão Tristan estão sendo investigados em um processo criminal na Romênia por alegações de formação de grupo criminoso organizado, tráfico de adultos e menores, relações sexuais com um menor e lavagem de dinheiro, o que eles negam.

A dupla viajou para os Estados Unidos em fevereiro, após os promotores romenos suspenderem a proibição de viagem, e retornou à Romênia no mês passado para cumprir obrigações legais.

“Grande farsa”

Um dos empreendimentos de Tate era um site de webcam para conteúdo adulto. “Eu tinha 75 mulheres trabalhando para mim em quatro locais e faturava US$ 600 mil por mês com webcams”, já afirmou em uma publicação.

O irmão do influenciador, Tristan Tate, também afirmou que o principal negócio dos dois era “uma grande farsa”, na qual mulheres enganavam homens, sob seu comando, para obter dinheiro por meio de situações falsas.

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