Servidores descartam proposta de reajuste de Nunes e ameaçam greve

São Paulo – O projeto de reajuste salarial enviado pelo prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), à Câmara dos Vereadores incomodou servidores municipais que estão, há meses, tentando negociar um aumento na folha de pagamento, e acirrou os ânimos dentro do funcionalismo.

Os servidores dizem que o prefeito não está aberto ao diálogo e desrespeitou as categorias ao enviar a proposta para a Câmara antes de apresentá-la na mesa de negociação com os sindicatos.

Agora, o grupo cogita a possibilidade de greve para pressionar o governo municipal a debater o tema. A gestão Nunes rebate as críticas e diz que tem feito uma política de valorização do funcionalismo.

Duas paralisações, organizadas por sindicatos que representam o funcionalismo, estão previstas para esta semana e têm como pauta a discussão sobre a greve. A primeira manifestação está marcada para esta terça-feira (15/4), em frente à sede da prefeitura, e reunirá servidores da rede municipal de ensino vinculados a três sindicatos.

“Se não tiver uma mudança de posição [do governo] é muito difícil não ter greve”, afirma Claudete Alves da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Unidades de Educação Infantil (Sedin), uma das entidades que organizam o protesto.

Outro ato, desta vez em frente à Câmara Municipal, também está marcado para a quarta-feira (16/4).

Organizado pelo Fórum das Entidades, que reúne várias categorias de trabalhadores municipais, a paralisação de quarta tem o apoio de grupos como o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) e da Aprofem, uma das entidades ligadas aos professores da rede.

Em ambos os eventos, serão feitas assembleias, nas quais a greve poderá ser votada.

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A proposta de Nunes

Nunes quer reajustar os salários dos funcionários de forma parcelada, com 2,60% de aumento a partir de 1º de maio de 2025, e 2,55% a partir de 1º de maio de 2026. O valor para este ano está abaixo da inflação dos últimos 12 meses. O IPC-Fipe, índice que mede a variação de preços no município, entre março de 2024 e março de 2025, foi de 5,16%.

A ideia de uma segunda parcela para 1º de maio de 2026, quando aconteceria a data-base do próximo ano, também é vista com desconfiança pelos sindicatos.

“A impressão que a gente tem é que ele já está nos sentenciando a mais um período de arrocho”, afirma João Gabriel, presidente do Sindsep.

O sindicalista diz que o índice geral da inflação é o “mínimo para fazer a discussão da reposição de perdas”. O grupo que ele lidera reivindica 12,9% de reajuste salarial, além do fim do que chamam de “confisco” de 14% sobre os aposentados e pensionistas.

“A gente entende que o governo tem condições de garantir uma negociação justa para todo o funcionalismo público”, afirma.

Já o grupo do qual Claudete faz parte com o Sedin, a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc), tem outras exigências.

A Coeduc reivindica que os abonos complementares pagos pelo governo sejam incorporados de forma definitiva ao salário dos trabalhadores da educação. Os abonos são espécies de pagamentos adicionais e não são contabilizados, por exemplo, para o cálculo previdenciário.

A Coeduc exige, portanto, um reajuste de 44%, o que equivaleria à recomposição com a inclusão dos abonos. O grupo também reivindica melhores condições de trabalho, o fim do “confisco” da aposentadoria, e a derrubada da lei que mudou o funcionamento da chamada jornada especial.

Nesta segunda-feira (14/4), a prefeitura divulgou nota em que diz ter valorizado o funcionalismo público nos últimos anos, com aumentos em diferentes categorias.

A gestão diz que, além do aumento geral de 5,21% proposto para todo o funcionalismo, o projeto enviado à Câmara concederá um aumento de 6,27% para parte dos servidores da educação, por meio de abonos complementares a alguns trabalhadores do meio. A administração questiona os “movimentos grevistas”. Recentemente, Nunes disse que as paralisações dos professores tinham caráter político-partidário e afirmou que descontaria salário de quem não fosse dar aulas.

“Interromper as aulas e afetar mais de um milhão de alunos e suas famílias, justamente em um momento em que os professores vêm sendo mais reconhecidos e valorizados, é uma escolha que contraria os esforços de toda sociedade para fortalecer a educação”, diz a nota.

“A Prefeitura reitera seu compromisso com os educadores, mas também ressalta que interesses corporativos não podem se sobrepor ao direito à educação das nossas crianças. Espera-se que os sindicatos atuem com equilíbrio e espírito público, reconhecendo os avanços conquistados e colocando, em primeiro lugar, o bem-estar dos alunos e suas famílias”, termina o texto.

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