Setor calçadista gaúcho pode se beneficiar de disputa entre EUA e China; saiba o que diz economista-chefe da Fiergs

A tensão comercial entre Estado Unidos e China está deixando a economia global em estado de alerta. Enquanto os americanos anunciaram uma taxação de 145% para a importação chinesa, os chineses retaliaram e taxaram as importações americanas em 125%.

O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Giovani Baggio, diz que a guerra comercial não é boa para ninguém, afinal, o livre comércio é essencial para o crescimento.

Giovani Baggio, economista-chefe da Fiergs | abc+



Giovani Baggio, economista-chefe da Fiergs

Foto: Dudu Leal/ Fiergs

Baggio explica que há incerteza e o temor de recessão é ruim para os negócios. No entanto, avalia que o estresse entre as potências pode ser vista por duas óticas, especialmente no RS. “Há um grande risco, mas também uma oportunidade pode se abrir.”

LEIA MAIS: Saiba como RS pode ser afetado pelas tarifas recíprocas anunciadas por Trump

O otimismo está direcionado ao setor calçadista, onde a indústria gaúcha pode aproveitar a escassez de produtos chineses no mercado dos Estados Unidos. “Temos dificuldade de entrar no mercado americano e eles vão tentar buscar alternativas. Exemplo disso é a área calçadista, mas não acontece de uma hora para a outra.”

Baggio reitera que o espaço dos produtos oriundos da China pode ser ocupado pelo Brasil. “Temos que aproveitar o momento para melhorar a economia em termos de competitividade. É uma oportunidade muito forte e não podemos deixar o bonde passar.”

CONFIRA: Não houve nenhuma exceção tarifária anunciada na sexta-feira, diz Trump

Além disso, lembrou que os preços praticados pelo Brasil serão inferiores aos da China. “Outros países asiáticos também foram taxados, mas ouve essa pausa por 90 dias anunciada pelo governo dos EUA. É um período de indefinição, o que contribui para incerteza.”

Private Label

Outra situação exposta por Baggio foi a questão do Private Label, ou seja, a fabricação de produtos de terceiros no Brasil. Atualmente alguns produtos de marcas americanas são produzidas no País, exemplos da New Balance e da Nike. “Claro que corremos riscos com produtos de fora, mas também temos possibilidades de exportação.”

Setor calçadista | abc+



Setor calçadista

Foto: Divulgação

Risco chinês

No que se refere a enxurrada de produtos chineses no Brasil, Baggio diz que o consumo nos Estado Unidos é diferente. “O que entra no mercado americano é diferente do que o público brasileiro consome. Isso não deve ocorrer imediatamente. Precisamos saber se as mercadorias teriam aderência no nosso mercado.”

Melhoria na infraestrutura e investimentos na logística

Questionado sobre a logística para transportar mercadorias fabricadas no Brasil para os Estados Unidos, Baggio concordou ser mais fácil e perto. “Mas, às vezes o custo logístico acaba sendo até maior. O combustível é mais cara, estradas mais precárias, uma série de fatores.”

Mais uma vez o economista-chefe da Fiergs afirma que é preciso aproveitar o momento. “Esse é o momento para a reconstrução da indústria gaúcha, aproveitar para investir. Precisamos que o Estado fique melhor que era antes”, completa.

  • CLIQUE AQUI PARA RECEBER NOSSA NEWSLETTER

Ainda na questão das tarifas, Baggio diz que “para o Brasil ficou barato, já que a indústria envia muitos produtos intermediários, necessários para fomentar as fábricas nos EUA.” Dito isso, o especialista afirma que o ideal é manter o diálogo com o governo americano. “Melhor a fazer é fazer é não fazer nada, evitar confrontos.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.