Emirates pode ampliar suas ofertas no Brasil? Stephane Perard responde

Stephane Perard, diretor-geral (Ana Azevedo/M&E)

SÃO PAULO – Com 18 anos de presença no país, a Emirates Airlines consolida sua operação no Brasil com resultados positivos e perspectivas otimistas. Durante a WTM Latin America, Stephane Perard, diretor-geral da companhia para Brasil e Argentina, conversou com o M&E sobre as rotas operadas, o sucesso da nova classe Prime Economy e o papel do Brasil na estratégia global da companhia.

“Atualmente temos um voo diário entre São Paulo e Dubai operado com o Airbus A380, além de cinco voos semanais entre Dubai, Rio de Janeiro e Buenos Aires com o Boeing 777”, detalha Perard.  A taxa de ocupação reflete a forte demanda do público brasileiro: “Percebemos a continuidade do impacto da pandemia, que aumentou o valor dado às experiências e consolidou o lazer como uma prioridade. Os brasileiros continuam com forte apetite por viagens”, afirma.

Dubai tornou-se um dos destinos preferidos dos brasileiros — e a isenção de visto colabora para isso. “A Emirates opera no Brasil desde 2007. São 18 anos de trabalho, de parceria com agentes de viagens, e hoje Dubai está consolidado como um dos destinos preferidos do brasileiro. Aproveito para lembrar: brasileiro não precisa de visto para visitar Dubai”, destaca.

Segundo Perard, cerca de um terço dos passageiros que embarcam do Brasil permanece em Dubai, enquanto dois terços usam a cidade como ponto de conexão para outros destinos na Ásia, Europa e além.

Prime Economy: uma aposta vencedora

Lançada no Brasil em novembro de 2023, a Prime Economy tem se mostrado um sucesso entre os passageiros que buscam mais conforto, mas não estão dispostos a pagar por uma classe executiva.

“A Prime Economy foi uma visão estratégica de oferecer um produto mais sofisticado que nossa classe econômica — que, na minha opinião, já é muito boa.

A cidade de São Paulo foi o 13º destino global a receber o novo serviço. “Estamos vendo muitos passageiros de econômica fazendo upgrade para a Prime Economy, sem que haja um movimento de downgrade da classe executiva. Isso mostra a relevância do produto e o bom posicionamento entre perfis distintos”, explica.

Desde que a Premium Economy foi lançada para os clientes da Emirates em 2022, cerca de 1,1 milhão de passageiros fizeram o upgrade da Classe Econômica, optando por experimentar a experiência aprimorada que a cabine oferece.

Expansão e desafios do setor

Questionado sobre a possibilidade de novas rotas no Brasil ou o aumento de frequência na rota do Rio de Janeiro, Perard foi cauteloso, mas otimista: “A médio prazo, certamente será uma oportunidade possível. Hoje, a maior limitação é a disponibilidade de aeronaves, um desafio global.”

Sobre o cenário da aviação internacional, o executivo aponta a manutenção da estabilidade como o maior desafio atual: “Hoje estamos em um patamar alto de demanda. O desafio é manter essa qualidade e seguir oferecendo novos destinos aos passageiros.” Ele cita a abertura de novas rotas da Emirates para Shenzhen (China), Da Nang (Vietnã) e Siem Reap (Camboja), reforçando o apelo da companhia aos viajantes interessados na Ásia.

Perard também destacou a resiliência do setor diante de instabilidades geopolíticas e econômicas: “O consumidor está mais maduro, mais determinado. Criou-se uma certa imunidade a eventos globais. Variação do dólar, guerra, desaceleração econômica… Apesar de tudo isso, o desejo de viajar persiste. O que pode mudar é o tempo da viagem, não o destino em si”, analisa.

Relação com agentes e presença na WTM

Durante a WTM Latin America, a Emirates investiu em relacionamento com agentes e operadores de viagem — uma base estratégica para a companhia. “A última vez que participamos foi em 2018. Agora voltamos com um estande forte, trazendo nosso assento de Prime Economy para que os visitantes possam experimentar. A WTM é uma grande vitrine para reforçar conexões com o ecossistema de turismo regional”, comenta.

Ele reforça que a Emirates é uma companhia acessível e próxima do mercado: “Temos duas equipes comerciais no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Participar da WTM-LA é também uma forma de desmistificar a imagem da empresa — estamos aqui, disponíveis, falando com todos.”

No encerramento da entrevista, Perard resumiu a posição da companhia: “Estamos extremamente satisfeitos com os resultados e com a receptividade do público brasileiro. O Brasil é, sem dúvida, um mercado estratégico para a Emirates.”

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