BCE deve cortar juros para enfrentar política comercial errática dos EUA

FRANKFURT (Reuters) – O Banco Central Europeu deve reduzir as taxas de juros pela sétima vez em um ano nesta quinta-feira, buscando sustentar uma economia já em dificuldades que sofrerá um grande impacto das tarifas dos Estados Unidos.

O BCE vem diminuindo rapidamente os custos dos empréstimos conforme pressões excessivas sobre os preços desaparecem em grande parte e a recente turbulência nos mercados globais provavelmente reforçará a convicção do banco de que a inflação da zona do euro está sob controle, aumentando a justificativa para um maior afrouxamento monetário.

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Mas a presidente do BCE, Christine Lagarde, não deve ofereçcer muitas pistas sobre o futuro, mantendo-se fiel à sua linha de que a incerteza continua grande demais para que o banco se comprometa com qualquer coisa e que decidirá seus próximos passos à medida que os dados forem chegando.

Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha suspendido a maioria das tarifas, muitas continuam em vigor e a volatilidade nos mercados financeiros já causou danos, justificando um corte de 25 pontos-base, para 2,25%, segundo a grande maioria dos economistas consultados pela Reuters.

“Cortar a taxa de depósito em 25 pontos-base para o topo da faixa (neutra) deve ser simples, dada a enorme incerteza e a probabilidade de que a guerra comercial não seja apenas um choque de oferta, mas provavelmente também atinja a demanda”, disse Greg Fuzesi, economista do JPMorgan.

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O BCE estimou anteriormente que o crescimento dos 20 países que compartilham o euro pode cair 50 pontos-base se as tarifas forem impostas, eliminando cerca de metade da expansão esperada do bloco. Essa estimativa ainda pode se mostrar muito otimista se Trump voltar a impor barreiras comerciais maiores ou se a União Europeia retaliar.

A turbulência causada pela política comercial errática dos EUA também pode pesar sobre os preços e ajudar o BCE a levar a inflação de volta à meta mais rapidamente, já que quase todos os indicadores financeiros que afetam os preços mudaram drasticamente nas últimas semanas.

O euro se firmou em 9% em meio à volatilidade e está sendo negociado no maior valor de todos os tempos em uma base ponderada pelo comércio, os preços da energia estão acentuadamente mais baixos, o crescimento está desacelerando e a China, o principal alvo das tarifas dos EUA, pode despejar parte de sua produção na Europa.

O Morgan Stanley argumenta que, com base nas condições de financiamento vigentes, a inflação pode até mesmo cair abaixo da meta de 2% do BCE.

“As premissas revisadas empurram o índice significativamente para baixo, abaixo de 2,0% a partir do segundo trimestre”, disse. “E a inflação da área do euro poderia ficar abaixo da meta durante a maior parte de 2026.”

Um argumento final a favor de um corte nos juros é que os investidores já precificaram totalmente um movimento e o BCE não vai querer perturbar os mercados já nervosos. Os investidores, então, preveem pelo menos mais dois movimentos este ano, e alguns até mesmo precificam um terceiro, à medida que o crescimento vacilar.

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