DENGUE: Avanço da doença em Porto Alegre preocupa apesar da redução nos casos registrados no Vale do Sinos

O Rio Grande do Sul registra historicamente o auge dos casos de dengue em abril. Passada a primeira quinzena do mês, o Estado registrou cinco óbitos e mais de 8 mil casos da doença. As mortes aconteceram em Porto Alegre (2), Alvorada (1), Viamão (1) e Cachoeira do Sul (1).

Os municípios com maior número de confirmações são justamente Viamão (2.274) e Porto Alegre (1.230). Na terceira posição aparece Novo Hamburgo, onde 978 pessoas tiveram o diagnóstico da doença confirmado. No total, 474 cidades gaúchas estão infectadas pela dengue. Os dados são do Painel da Secretaria Estadual da Saúde (SES).

Cuidados com a dengue | abc+



Cuidados com a dengue

Foto: PAULO PIRES/GES

Segundo o virologista da Universidade Feevale, Fernando Spilki, a doença causada pelo mosquito Aedes aegypti não pode mais ser tratada como exótica no Estado. “É uma realidade que vai persistir ao longo dos anos no RS, veio para ficar. Não é mais um assunto de outras regiões do país, é um problema nosso.”

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A avaliação é compartilhada com a secretária estadual da Saúde, Arita Begmann. “Os números estão melhores em 2025, mas a situação ainda é preocupante. Por isso necessitamos dessa união de esforços”, diz, se referindo ao Centro de Operações de Emergência (COE).

Visando alinhar as estratégias, a Defesa Civil afirma que está disposta a trabalhar com a saúde para reduzir os prejuízos causados pelo mosquito. Uma das maiores preocupações no momento são as cisternas utilizadas em municípios afetados pela estiagem.

“Os cuidados de precaução devem ser prioritariamente aqueles já preconizados ao longo dos anos: combate aos focos de proliferação do mosquito; uso de racional de repelentes testados e com indicação de ação contra o mosquito transmissor; buscar a vacinação conforme a disponibilidade no sistema de saúde” explica o professor Spilki.

Redução na região

Apesar da preocupação das autoridades com um possível pico no número de casos, o Estado tem apresentado redução de casos confirmados. Após uma elevação entre as semanas epidemiológicas 12 e 15, com mais de 1 mil confirmações diárias, novos casos caíram drasticamente a partir da 15ª, quando registrou 611 novos casos.

Na semana 16 a redução foi ainda maior, com apenas 82 casos confirmados. No mesmo período de 2024 haviam sido 20,3 mil confirmações na 16ª semana.

Aedes aegypti causa dengue e doenças como chikungunya | abc+



Aedes aegypti causa dengue e doenças como chikungunya

Foto: Freepik

Na região, apesar de Novo Hamburgo ocupar a 3º posição no ranking estadual da dengue, Canoas e São Leopoldo aparecem bem abaixo. Em Canoas foram 546 notificações até quinta-feira (17), destas, apenas 98 acabaram confirmadas.

Em São Leopoldo os números são ainda menores, com apenas 18 casos confirmados em 16 semanas. Os municípios de Campo Bom e Sapucaia do Sul registram números superiores, com 32 e 216, respectivamente.

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Em Taquara, no Vale do Paranhana, são apenas 11 confirmações. No entanto, a Vigilância Ambiental de Taquara emitiu um alerta à população sobre o crescimento dos casos de dengue no município.
Dos 11 casos confirmados, seis foram registrados somente na primeira quinzena de abril. Os outros cinco haviam sido em janeiro, representando um aumento superior a 100%.

“Felizmente é o que ocorre usualmente após anos muito duros de dengue. Mesmo assim, precisamos considerar que são números mais altos que o histórico anterior a 2022, quando a doença nitidamente passou a ser uma constante no Estado”, avalia Spink.

O professor também mostra preocupação com a proximidade de municípios com casos fora da curva em 2025. “Considerar ainda que Porto Alegre e Viamão, cidades próximas, são hoje polos com elevação importante do número de casos e que na nossa região a doença tem tido elevações importantes entre abril e maio.”

Estado de emergência em Porto Alegre

A preocupação com a proximidade de Porto Alegre tem uma razão a mais do que apenas o número de casos na capital. Nesta quinta-feira (17), o prefeito Sebastião Melo (MDB), decretou situação de emergência por epidemia de dengue. O decreto foi publicado no Diário Oficial da Capital.

Um hospital de campanha para tratamento de casos leves da doença foi aberto ao lado da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, Zona Norte de Porto Alegre. Com gestão do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), o hospital vai funcionar 24 horas.

Importância da vacinação e testagem

Além de precauções como evitar acúmulo de água parada, há a possibilidade de vacinação para uma faixa etária definida pelo Ministério da Saúde. Crianças e adolescentes do 10 aos 14 anos devem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para se imunizar. São duas doses necessárias para completar o esquema vacinal.

Conforme o governo federal, vacinas com prazo de validade de dois meses poderão se aplicadas em um público-alvo ampliado, englobando pessoas de 6 a 16 anos.

“A questão da vacinação e disponibilidade está muito ligada à disponibilidade, sempre lembrar que além da vacina é possível evitar a dengue pelo combate ao Aedes e a história demonstra isso”, reitere Spink.

Dose segue sendo aplicada em crianças e adolescentes | abc+



Dose segue sendo aplicada em crianças e adolescentes

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Há também a relevância da testagem, fundamental para realizar o tratamento adequado. “Agora começam também as doenças de inverno, quando alguns sintomas característicos, como dor no corpo, são equivalentes e estamos vendo com frequência pessoas que não buscam o auxílio adequadamente porque não estão percebendo que é dengue. Só que a dengue é uma doença que usualmente precisa de cuidado e atenção médica para evitar que piore, as pessoas precisam buscar diagnóstico.”

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Spink reitera que há a necessidade de um acompanhamento, até para em casos de agravo dos sintomas, eles sejam contornados com rapidez. “Esse é um legado da pandemia da Covid-19, onde as pessoas podem buscar o diagnóstico”, completa.

Sintomas da dengue:

  • Febre alta
  • Dor de cabeça intensa
  • Dor atrás dos olhos
  • Dores musculares e nas articulações
  • Manchas vermelhas na pele (exantema)
  • Náuseas e vômitos
  • Fadiga e cansaço excessivo
  • Sangramentos (em casos graves)
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