Jaecoo 7 é o carro com mais potencial da nova marca da Chery | Impressões

Estrear uma nova marca no Brasil é complicado. Afinal, ainda não há histórico, modelos a serem comparados e alguns detalhes para o gosto nacional podem não ter sido acertados. Por isso que resolvi também dar minhas impressões novamente sobre o Jaecoo 7, visto que já rodamos com o modelo por mais de 1.000 km em uma outra oportunidade. 

Vendido em duas versões com preços entre R$ 229.990 e R$ 249.990, o Jaecoo 7 chega posicionado acima e abaixo do CAOA Chery Tiggo 7 PHEV. Contudo, a vantagem de preço do modelo é frente a modelos a combustão, como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos, que tem valores parecidos.

Lista de itens de série

Na lista de itens de série do Jaecoo 7, as duas versões contam com ar-condicionado digital de duas zonas, volante com ajuste de altura e profundidade, freio de estacionamento eletrônico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, seis airbags, sistema de câmeras 360°, faróis com acendimento automático e chave presencial.

Há ainda sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema de som com 4 alto-falantes, farol alto automático, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e assistente de descida. 

Já a versão Prestige conta com bancos dianteiros com ajuste elétrico, além de aquecimento e ventilação, iluminação ambiente, luz no para-sol, porta-malas com abertura elétrica, memória no retrovisor, descanso do pé esquerdo em metal, carregador de celular por indução, sistema de som Sony com 6 alto-falantes e alerta de colisão traseira.

Vale pagar o valor extra pela versão topo de linha? Honestamente sim. São R$ 25 mil de diferença, mas que trazem muito mais itens de assistência à condução, porta-malas automático e até painel de instrumentos de melhor definição. A versão de entrada vale a pena, mas só leve se seu orçamento apertar. 

Qualidade perceptiva 

Um ponto que me agradou muito no Jaecoo 7 é o acabamento interno. Já se tornou padrão que marchas chinesas ofereçam um nível de a mais de cuidado na cabine. O estreante tem material macio e couro por várias partes do painel e das portas. Até mesmo o carregador de celular por indução tem suede na sua base, trazendo refinamento.

A central multimídia é uma tela vertical que parece com as usadas pela BYD quando rodam, mas ela é fixa. A definição é ótima e o layout é muito semelhante a um tablet Android, facilitando o uso no dia-a-dia. Vale lembrar que há Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além de duas entradas USB na parte inferior do console.

Outro ponto curioso sobre o modelo é que ele não tem botão de partida. Basta entrar, colocar o cinto e pisar no freio que o Jaecoo 7 liga. É algo bem comum em carros elétricos, mas é a primeira vez que vejo algo semelhante em um híbrido. A manopla de câmbio fica na coluna e é copiada da Mercedes-Benz.

Espaço interno é bem bom, especialmente na traseira, onde há uma boa dose de espaço para as pernas e cabeça dos ocupantes. O encosto traseiro pode ser inclinado em duas posições diferentes, melhorando o conforto de quem senta lá. Pena que a saída de ar traseira é única, não podendo direcionar o vento para cada passageiro.

O porta-malas carrega 500 litros e tem o piso bem rente com a abertura da tampa. O maior problema é que o para-choque também fica muito rente à tampa, fazendo com que pequenas colisões traseiras possam causar um efeito Honda Fit batido. Grande também é o teto solar panorâmico, que é de série em todas as versões.

Como o Jaecoo 7 anda?

O conjunto híbrido plug-in do Jaecoo 7 é praticamente o mesmo do Tiggo 7 PHEV, mas com acerto diferente para Omoda e Jaecoo. Ele trabalha com motor 1.5 quatro cilindros turbo de 135 cv e 20,4 kgfm combinado a um elétrico de 204 cv e 31,7 kgfm na dianteira. Ao todo, são 339 cv e 52 kgfm, segundo a marca. 

Na hora de acelerar, o conjunto mecânico é muito eficiente. As respostas de acelerador são instantâneas, levando a retomadas velozes. Diferentemente do que ocorria antigamente com esse conjunto nos CAOA Chery, o Jaecoo 7 não tem tranco entre a ativação do motor a combustão e o uso do elétrico.

Primeiro ele acelera com eletricidade para depois deixar a gasolina fazer seu papel. O curioso é que, quando as baterias estão acabando, o motor 1.5 turbo ronca muito mais alto, se fazendo presente no interior em acelerações mais fortes. Em ritmo mais tranquilo, ele é bem silencioso e tem bom isolamento acústico.

Assim como acontece com o Omoda E5, o Jaecoo 7 peca na leveza excessiva da direção elétrica. Ela é muito mole, vazia e não transmite segurança em altas velocidade, exigindo constantes correções de volante. Uma calibração mais firme seria interessante para trazer um feeling mais europeu a ele. Afinal, a suspensão é muito bem calibrada e o carro é sólido.

Veredicto

O Jaecoo 7 entra em um mercado muito complicado e lotado de concorrentes. GWM e BYD já provaram que o futuro da categoria é com os SUVs híbridos. O fato de ele ter um conjunto muito potente e com bom torque é um bom primeiro passo. Mas ainda falta um acerto de direção para fechar o conjunto.

Com preço forte e interior refinado, o Jaecoo 7 é o carro com maior potencial de vendas hoje dentro da O&J. Basta a marca conseguir trabalhar bem seu pós-venda e criar uma fama como as outras chinesas fizeram. Afinal, um bom produto ela já tem em mãos.

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