Patrono do crime: polícia aponta advogado como operador de facção

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, nesta quinta-feira (16/4), a Operação Patrono do Crime, com o objetivo de cumprir ordens judiciais contra um advogado e quatro detentos investigados por integrar uma facção criminosa. A ação mira crimes como organização criminosa, associação para o tráfico de drogas, comércio ilegal de armas de fogo, falsidade ideológica, fraude processual, favorecimento pessoal, entre outros delitos.

O principal alvo é um advogado de Várzea Grande, apontado como integrante ativo da facção. Segundo as investigações conduzidas pela Delegacia de Apiacás, o profissional do direito utilizava as prerrogativas da advocacia não apenas para oferecer suporte jurídico aos criminosos, mas também para atuar em diversas frentes operacionais da organização.

Ele é suspeito de vender armas ilegalmente, consultar dados de terceiros para identificar possíveis rivais da facção, além de intermediar o resgate de drogas antes que fossem apreendidas pelas forças de segurança. Nessas situações, ele recebia informações dos presos e indicava o local exato onde os entorpecentes estavam escondidos, permitindo que cúmplices em liberdade recuperassem a carga ilícita a tempo.

O advogado também teria atuado na recuperação de veículos roubados pela própria facção, cobrando valores das vítimas para devolvê-los. Em fevereiro deste ano, chegou a ser preso em flagrante ao tentar entrar na Penitenciária Central do Estado com 1,2 kg de cigarros escondidos no forro do paletó, sendo descoberto no momento em que passava pelo scanner corporal.

Em outro episódio, em junho de 2023, foi encaminhado à delegacia após ameaçar um promotor de Justiça durante uma sessão do Tribunal do Júri, em Lucas do Rio Verde. Ainda segundo a investigação, ele chegou a arquitetar a gravidez de uma presidiária como estratégia para obter prisão domiciliar, pedido que acabou negado pela Justiça, e a reeducanda teve o bebê ainda na unidade prisional.

Além do advogado, os mandados também foram cumpridos contra dois homens e duas mulheres detidas na Penitenciária Central do Estado e no Presídio Ana Maria do Couto. Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão domiciliar, autorizados pela Vara Única de Apiacás.

A operação contou com apoio de equipes da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), além das delegacias de Paranaíta, Apiacás e do Núcleo de Inteligência de Alta Floresta. A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) também colaborou com a ação. Os trabalhos foram acompanhados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O nome da operação, Patrono do Crime, faz referência à distorção do papel constitucional do advogado. Em vez de exercer sua profissão em defesa da legalidade e dos direitos individuais, o investigado se valeu de seus conhecimentos e prerrogativas para proteger e fomentar a atividade criminosa, em total afronta aos princípios éticos e legais da advocacia. A ação faz parte da Operação Inter Partes, integrada ao programa Tolerância Zero do Governo do Estado, voltado ao combate efetivo às facções criminosas em Mato Grosso.

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