Volvo EX30 Core tenta reinventar a roda — com algumas ressalvas | Avaliação

Dizer que a segurança é o principal pilar da Volvo pode soar redundante. Em 1959, o modelo PV544 foi o primeiro carro a oferecer o cinto de segurança de três pontos — um marco da indústria. Paralelamente à evolução, com assistentes de condução e direção semiautônoma, a marca também abandonou as linhas conservadoras, adotando um design mais dinâmico.

Uma mudança de pensamento e de rota estilística em relação aos icônicos PV444, Duett, 240, 850 e S60. Trata-se de uma nova visão — para o bem e para o mal — que se materializa no EX30, o SUV 100% elétrico já à venda no Brasil em três versões: Core (a partir de R$ 229.950), Plus (R$ 269.950) e Ultra, topo de linha, por R$ 299.950.

A versão de entrada avaliada pode atrair tanto consumidores do mercado premium quanto aqueles que desejam elevar o padrão ao dirigir um carro desse segmento gastando menos de R$ 230.000. Ou seja, o valor da versão Core é um ponto positivo, mas algumas concessões foram feitas para que ela se tornasse um Volvo competitivo.

Volvo EX30 Core parado de traseira com muro ao fundo
Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

O minimalismo do Volvo EX30 Core

Seja nos automóveis, na arquitetura ou na decoração, o minimalismo está em alta. Uma fórmula já adotada pela Mini, mas que, no Volvo EX30, atinge um novo patamar. Aqui, a simplicidade nasce de uma equação clara: quanto menor a quantidade de materiais e componentes, maior o controle dos custos.

Só que o minimalismo do EX30 Core, à primeira vista, causa certa estranheza. Afinal, grande parte dos comandos básicos foi concentrada na tela do multimídia. Confesso: alguns detalhes não precisam ser reinventados. Mas são sinais dos tempos — decisões alinhadas com a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente.

Interior do Volvo EX30 Core
Volvo Ex30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Logo de início, há a sensação de que é preciso reaprender o básico. Não há comandos físicos para ajustar os retrovisores; é necessário acessar um menu na tela multimídia de 12,3 polegadas, com a regulagem feita pelos botões à direita do volante.

À frente dos olhos, não há quadro de instrumentos; a velocidade, autonomia, luzes de direção e informações do ADAS, por exemplo, são exibidas na parte superior da tela central. Até a abertura do porta-luvas central é feita por meio da central multimídia.

Os comandos dos vidros elétricos estão localizados no console e outras funcionalidades, como o controle de velocidade adaptativo, são acionadas pela alavanca seletora de marchas. Algo que pode incomodar é a chave tradicional substituída por um cartão. Na versão Core, ela não é nada prática, além de ser fácil de perder.

O volante tem um desenho mais quadrado com ótima empunhadura, enquanto os bancos possuem design ergonômico que garante conforto em longos deslocamentos. Embora não ofereça ajustes elétricos, o acabamento da cabine é de encher os olhos.

E quem viaja na segunda fileira de bancos? Lá atrás, os ocupantes encontram bom espaço para as pernas e os joelhos, graças aos 2,68 m de entre-eixos, bem como o padrão de acabamento da porção dianteira da cabine é repetida na traseira.

Reinvenção? Prazer, sou o Volvo EX30

A ausência de alguns comandos físicos causa uma estranheza, mas que é superada com a convivência diária no EX30 Core. O lado positivo é andar em uma cabine sóbria, sem precisar parear o smartphone, já que o multimídia conta com o sistema operacional da Google Automotive. Outro detalhe interessante é a ausência dos alto-falantes tradicionais nas laterais de portas, com o som sendo emitido por uma soundbar na parte superior do painel.

Ok, é uma reinvenção. Aliás, o EX30 utiliza é sustentado pela plataforma SEA2 (Sustainable Experience Architecture), a primeira da marca dedicada a carros elétricos. Uma base compartilhada com os modelos Smart #1 e #3, além do Zeekr X, que é comercializado nas versões Premium RWD (R$ 298.000) e Flagship AWD (R$ 338.000).

Volvo Ex30 Core branco parado de frente com muro e plantas ao fundo
Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

As dimensões do EX30 são de 4,23 m de comprimento, 1,83 m de largura, 1,54 m de altura e 2,68 m de entre-eixos — maior que o Toyota Corolla Cross (2,64 m) e similar ao Volkswagen Taos (2,68 m). O porta-malas tem capacidade para 318 litros e há um compartimento na dianteira.

Na dianteira, destacam-se os faróis de LED com a assinatura “Martelo de Thor”, enquanto na traseira as lanternas possuem um design vertical. O coeficiente aerodinâmico da carroceria é de 0,28, sendo um dos pontos fortes da plataforma SEA a possibilidade de configuração com motor dianteiro, traseiro ou duplo.

O Volvo EX30 é um canhão?

Para sair dirigindo, basta encostar o cartão na coluna B, abrir a porta e colocar a alavanca seletora de marchas na posição D (Drive). Não há botão para ligar o Volvo. A configuração Core utiliza um motor elétrico no eixo traseiro, capaz de entregar 272 cv e 35 kgfm.

Ao contrário de outros modelos elétricos, seu comportamento ao volante é bastante progressivo, sem reações abruptas ou fortes acelerações. O melhor de tudo: não emite uma grama de poluentes na atmosfera.

Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

O EX30 Core não tem seletor de modos de condução, mas a direção elétrica pode ficar mais leve ou pesada. Embora mostre reações progressivas, ao pisar fundo no acelerador, ele muda de comportamento fazendo de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos.

A carroceria e a estrutura combinam alumínio e aços reciclados, resultando em um peso de 1.842 kg – a relação peso-potência é de 6,76 kg/cv. E as suspensões são independentes nas quatro rodas, com arquitetura McPherson na frente e multibraço atrás.

Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Dependendo do tipo de piso, elas reclamam um pouco, e as rodas de 18 polegadas vestem pneus 225/55 R18 em ambos os eixos. Assim como em outros modelos da Volvo, como o XC40 e o C40, o EX30 Core também aproveita muito bem a inércia em descidas ou quando se retira o pé do acelerador.

Sendo assim, a energia é regenerada de volta à bateria durante as desacelerações ou frenagens, que são realizadas por discos de freio ventilados na dianteira e sólidos na traseira.

Volvo EX30 Core parado de lateral com casa ao fundo
Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Dia a Dia

A Geely controla a Volvo há algum tempo e também é dona da Lotus, Smart e Zeekr, que já iniciou suas operações no Brasil com os modelos X e 001. A gigante chinesa retornou ao nosso mercado sob a responsabilidade da Renault, com o EX5, um SUV 100% elétrico e o primeiro a ser comercializado em nosso mercado.

Voltando ao EX30, ele é um carro agradável de dirigir, graças ao silêncio a bordo, embora as suspensões não adaptativas emitam ruídos ao passar por asfaltos mal pavimentados. Mesmo assim, elas são confortáveis, e o perfil 55 dos pneus ajuda o conjunto a absorver os impactos, além de contribuir para a dinâmica de condução.

Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

É um carro sem rolagem de carroceria e a direção rápida ao esterço/retorno contribui na dirigibilidade – o que é contribuído pela tração traseira. Contudo, a altura em relação ao solo de 16,5 cm exige uma atenção extra, especialmente na hora de vencer lombadas ou valetas mais pronunciadas ou profundas.

A condução do Volvo EX30 conta com os principais assistentes de condução e um detector de atenção que, ao menor sinal de distração, emite um alerta para ajudar a evitar acidentes. Além disso, um carro elétrico exige planejamento e o alcance do Volvo EX30 Core é de 250 km, de acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro.

Detector de atenção do Volvo EX30 Core
Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Além disso, é possível guiar o Volvo EX30 Core utilizando apenas o pedal do acelerador quando a função One Pedal, ideal para o uso na cidade, está acionada por meio do multimídia. Após acostumar com essa comodidade dificilmente se pisa no pedal de freio para reduzir ou parar o carro.

Veredicto

O Volvo EX30 Core é uma porta de entrada tanto para o segmento premium quanto para o mundo dos carros 100% elétricos. O preço de R$ 229.950 é, sem dúvidas, um atrativo que o coloca no mesmo patamar de modelos a combustão, como o Jeep Compass Limited T270 (a partir de R$ 227.990).

Além disso, ele é mais acessível, por exemplo, do que modelos alemães. É um carro prazeroso de guiar, mesmo que tente reinventar a roda ao adotar um cartão como chave e oferecer uma cabine minimalista. Talvez até demais!

Detalhe da coluna C do Volvo EX30
Volvo EX30 Core [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

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