Manuscrito de atirador e mais: 10 mil páginas de documentos secretos sobre assassinato de Robert Kennedy são divulgados


Arquivos do FBI incluem entrevistas com turistas que ouviram rumores sobre o assassinato semanas antes do crime, além de um manuscrito em que o atirador admite defender ‘a derrubada do atual presidente’. Cerca de 10.000 páginas de registros sobre o assassinato do senador Robert F. Kennedy em 1968 foram divulgadas na sexta-feira (18), incluindo uma nota manuscrita pelo atirador que afirmava que o democrata “deve ser eliminado”.
A liberação dos documentos foi feita conforme a ordem do presidente Donald Trump para divulgar segredos nacionais.
Não é a primeira vez que documentos secretos sobre o caso foram revelados. Em março, também por ordem do presidente dos Estados Unidos, 80 mil páginas tiveram seu sigilo retirado
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AP Photo/picture alliance
O crime ocorreu momentos após Kennedy fazer um discurso comemorando sua vitória nas primárias presidenciais democratas da Califórnia. Seu assassino, Sirhan Sirhan, foi condenado por homicídio em primeiro grau e cumpre pena perpétua.
Dessa vez, os documentos divulgados incluem fotos de notas manuscritas por Sirhan.
“RFK deve ser descartado como seu irmão foi”, dizia uma anotação do lado de fora de um envelope vazio com o endereço de retorno do diretor distrital do Internal Revenue Service em Los Angeles.
Em um dos arquivos, o assassino afirmou que defendia “a derrubada do atual presidente”. O democrata Lyndon Johnson estava na Casa Branca na época da morte de RFK.
“Ainda não tenho planos absolutos, mas em breve os elaborarei”, escreveu Sirhan, prometendo apoio à Rússia e à China comunistas.
Documentos do FBI descrevem ainda entrevistas com turistas que ouviram rumores de que Kennedy havia sido baleado semanas antes de sua morte.
Várias pessoas que visitaram Israel em maio de 1968 disseram que um guia turístico lhes informou que Kennedy havia sido baleado. Uma pessoa afirmou ter ouvido sobre um atentado contra Kennedy em Milwaukee. Outra pessoa ouviu que ele foi baleado em Nebraska.
A Administração Nacional de Arquivos e Registros publicou 229 arquivos contendo essas páginas em seu site público. Muitos arquivos relacionados ao assassinato já haviam sido divulgados, mas outros não haviam sido digitalizados e permaneceram por décadas em instalações de armazenamento do governo federal.
A liberação ocorre um mês após a divulgação de arquivos não editados relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963.
Esses documentos forneceram aos leitores curiosos mais detalhes sobre as operações secretas dos EUA em outras nações durante a Guerra Fria, mas inicialmente não deram credibilidade às teorias da conspiração que circulavam há muito tempo sobre quem matou JFK.
Trump defendeu a divulgação de documentos relacionados a assassinatos e investigações de alto perfil em nome da transparência. No entanto, ele também desconfia profundamente das agências de inteligência do governo há anos.
A liberação de arquivos antes ocultos por seu governo abre caminho para um escrutínio público adicional e questionamentos sobre as operações e conclusões de instituições como a CIA e o FBI.
Trump assinou uma ordem executiva em janeiro pedindo a divulgação de documentos governamentais relacionados aos assassinatos de Robert F. Kennedy e Martin Luther King Jr, que foram mortos com uma diferença de dois meses. (Saiba mais abaixo)
Os advogados do assassino de Kennedy vêm afirmando há décadas que é improvável que ele reincida ou represente um perigo para a sociedade. Em 2021, um conselho de liberdade condicional considerou Sirhan apto para a liberdade.
No entanto, o governador Gavin Newsom rejeitou a decisão em 2022, mantendo-o em uma prisão estadual. Em 2023, outro conselho negou sua libertação, alegando que ele ainda não tinha conhecimento do que o levou a atirar em Kennedy.
Robert F. Kennedy Jr., filho do senador de Nova York que agora atua como secretário de saúde e serviços humanos, elogiou Trump e Tulsi Gabbard, diretora de inteligência nacional, por sua “coragem” e “esforços persistentes” para divulgar os arquivos.
“Levantar o véu sobre os documentos de RFK é um passo necessário para restaurar a confiança no governo americano”, afirmou o secretário de saúde em um comunicado.
Teorias da conspiração
O presidente John F. Kennedy foi assassinado no dia 22 de novembro de 1963, enquanto ainda estava no cargo.
O assassinato de “JFK”, em particular, é uma fonte de fascínio e teorias da conspiração nos Estados Unidos. O crime foi atribuído a um único atirador: Lee Harvey Oswald.
O Departamento de Justiça e outros órgãos do governo federal reafirmaram essa conclusão nas décadas seguintes. No entanto, pesquisas mostram que muitos americanos acreditam que a morte de JFK foi resultado de uma conspiração mais ampla.
Cinco anos depois, o irmão do presidente e senador Robert F. Kennedy também foi assassinado. Um dos filhos dele, Robert F. Kennedy Jr., foi nomeado para o cargo de secretário de Saúde no governo Trump.
Kennedy Jr. afirmou acreditar que o pai foi morto por vários atiradores, o que contradiz relatos oficiais. Ele também declarou que a CIA estaria envolvida no assassinato de JFK, acusação que a agência de inteligência nega.
Já Martin Luther King Jr. foi morto em um atentado no dia 4 de abril de 1968, em Memphis, no Tennessee. Ele se tornou um símbolo da luta pelos direitos da população negra nos Estados Unidos e do combate ao racismo.
James Earl Ray foi condenado a 99 anos de prisão pela morte do ativista. Inicialmente, ele tinha assumido a autoria do crime. No entanto, após ser preso, alegou que era inocente. Ele morreu em 1998.
Ray era um racista branco. Até hoje, não está claro se ele agiu por conta própria ou se estava envolvido em uma conspiração contra o ativista.
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