Trump está ‘estudando o assunto’, diz assessor da Casa Branca sobre possível demissão do presidente do Fed


Nesta quinta (17), Trump havia dito que Powell está ‘sempre muito atrasado e errado’ na condução da política de juros do país. Trump fala na Casa Branca
Reuters/Kevin Lamarque
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua equipe estão “estudando o assunto”, disse o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, nesta sexta-feira (18), quando questionado por um repórter se demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, era uma opção.
Nesta quinta (17), Trump havia dito que Powell está “sempre muito atrasado e errado” na condução da política de juros do país.
A declaração veio apenas um dia após Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano. Na quarta (16), Powell disse que o nível das tarifas anunciadas por Trump é muito maior do que o Fed esperava, mesmo nos cenários “mais extremos”.
O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho.
Trump reclamou do tempo que falta para o fim do mandato de Powell à frente do Fed, dizendo que esse momento “não chega rápido o suficiente”. Os mandatos de presidente e vice do Fed têm duração de quatro anos. Powell deve deixar o cargo em maio de 2026.
Mais tarde, Trump disse a repórteres que, caso ele peça para o chefe do BC deixar o cargo, ele irá deixar.
Apesar disso, Powell afirmou que a lei não permitiria sua remoção, que ele não sairia se fosse solicitado por Trump e que pretende servir até o final de seu mandato como presidente do Fed.
Fed é instituição independente
O Fed é uma instituição independente e o governo não pode interferir nas decisões sobre os juros, o que evita o uso das taxas de juros para aquecer a economia em um momento de inflação acelerada.
“É muito importante o Fed ser independente porque é a instituição responsável por olhar para a economia de um jeito técnico”, explica o analista de investimentos Vitor Miziara.
“Os governos, de forma geral, torcem para juros muito baixos porque estimulam a economia, trazem dívidas com custos menores e facilitam a vida das pessoas. Mas isso só funciona no curto prazo porque juros muito baixos sem uma base técnica para isso trazem inflação. A conta sempre chega lá na frente”, pontua.
“A independência do banco central é importante para que a instituição não tome decisões com base no populismo, mas sim tentando assegurar uma economia saudável no médio e longo prazo, e não apenas no curto prazo para beneficiar o presidente da vez”, destaca Miziara.
Esta reportagem está em atualização.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.