Eleições democráticas – Chegou 2026! (por Roberto Caminha Filho)

Preparem os seus corações pras coisas que eu vou contar, eu venho lá do sertão… e os bolsos, de brasileiros e brasileiras, sequinhos, que nem o Orós!         2026 está chegando com todo o seu brilho de ano eleitoral. A cada esquina, uma promessa, em cada balcão uma esmola e um joguinho pra te fazer feliz e milionário. A cada outdoor, um sorriso Colgate. E de Brasília? Ah, de lá vem uma avalanche. Não de neve — que disso o cerrado não sabe — mas de recursos, bondades, abraços, sorrisos e…precatórios! Sim, eles mesmos, aqueles R$ 115 bilhões que estavam dormindo em berço esplêndido, naquela gaveta de aço, misteriosamente, acordaram!

A eleição é o maior festival da democracia — uma mistura de carnaval com São João, mas com santinhos, ou capetinhas, no lugar de confetes e jingles que grudam mais que chiclete no sapato. E não importa se você tem 16 anos e está votando pela primeira vez ou 70 e já viu de tudo: o espetáculo se repete com novos figurantes, mas o mesmo roteiro encantador.

De repente, os cofres públicos se tornam generosos. Ruas que estavam esburacadas há anos são artisticamente asfaltadas pela madrugada. Postos de saúde ganham tinta nova e até poltronas de couro e ar-condicionado. E claro, começam as inaugurações de encapirotados viadutos, escolas, pontes, praças, creches, até se precisar, um “mini Cristo Redentor” de 20 metros, feito por um artista da comunidade.

E os precatórios? Ora, que maravilha! Um verdadeiro milagre da multiplicação das nossas minguantes poupanças. São R$ 115 bilhões prometidos como quem abre um baú do tesouro ou encontra a palavra chave para os brincos e coroas mais valiosos do “Abre-te Sésamo”. O Ali Babá, lindo e louro, imediatamente, se vê cercado de quarenta Fadas Madrinhas, todas de rosa-choque, distribuindo casas, sandubas de queijo suíço, copos de milk shake e um ticket para a volta ao lar…de Uber. Se assinalaram com R$115 bilhões, é porque virão muitos mais. É tanto dinheiro anunciado parecendo que Brasília virou um episódio do Pato Donald com o Tio Patinhas, domando as renas, jogando moedas pra cima, dando cambalhotas e rindo com “Ho ho ho”.

Mas será que esse dinheiro todo vai mesmo cair na conta? Ou será só promessa de campanha com glitter e purpurina por cima? A dúvida paira, mas a esperança é o combustível da democracia — e, aqui pra nós, esperança é algo que o brasileiro não deixa acabar. Está no nosso DNA.

Você lembra do 8 de janeiro? Aquele dia em que o país quase virou episódio extra de uma Pompéia, destruída pelo Vesúvio, modernamente chamada  de “Brasília em Chamas”? Pois é! Agora ele está sendo relembrado como um marco da reconciliação nacional. A classe política, que até então parecia viver em mundos paralelos, resolveu se abraçar (ao menos em público) e lançar o movimento da anistia ampla, geral e, claro, irrestritamente democrática.

Tudo em nome da “Pacificação da Nação Brasileira”. O que isso quer dizer exatamente? Todos os políticos, que já sentiram que o povo não votará em quem não anistiar aqueles Cristos do 8 de janeiro, estão adotando as sábias palavras do genial tributarista brasileiro, Dr. Ives Gandra da Silva Martins, um lúcido. A reeleição, em silêncio, ficará muito difícil, para quem não orar pela Bíblia da anistia para os novos Filhos.

De repente, o país volta a vestir suas cores com orgulho. Camisas da terrível seleção reaparecem e livres do fedor político. Faixas patrióticas enfeitam palanques, e nos comerciais, até a pomba da paz, de Picasso, aparece voando ao redor dos candidatos, como um emoji da esperança.

Para o jovem de 16 e o colega de 70:

Se você tem 16 anos, e já está com a sua “Carta de Alforria” nas mãos, talvez ainda esteja se perguntando: “Mas como eu vou saber em quem votar?”. A resposta é simples: pergunte, pesquise, duvide, compare, observe. Não caia só no brilho da propaganda. Lembre-se de que prometer é fácil, é no cumprir que está a nossa perdição.

E se você tem 70 aninhos, já viu esse filme muitas vezes. Talvez esteja pensando: “Ah, isso daí eu já vi, não acredito e já sei como termina”. Mas a democracia é teimosa.

Meu pai já dizia e repetia: vamos imitar o voleibol feminino do Brasil. Nós éramos fregueses das peruanas. Treinamos exaustivamente e conseguimos vencê-las. O voto é o treinamento que a democracia nos exige. É votar muito para aprender. O treinamento continuou e vencemos as fenomenais cubanas e ganhamos de americanas, japonesas e marcianas. Temos todos os troféus que o voleibol ofereceu. A Democracia está bem ali. Ao nosso alcance. É só treinar com seriedade, como as meninas do voleibol e os Pelés de 1970.

Roberto Campos, o nosso Bob Fields, pregava: a expectativa de muito dinheiro, e seus gastos, desperta o Dragão da Inflação com muita antecedência.

E que a Pomba de Picasso voe leve e soberana, mas de olhos bem abertos!

 

Roberto Caminha Filho, economista, torce pelos anistiados, na camisa do Flamengo.

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