Em último pedido, Papa Francisco clamou pelo fim do desarmamento

Um dia antes de morrer, o papa Francisco fez seu último apelo ao mundo: que a paz prevaleça e que se encerre a corrida armamentista. A mensagem foi lida por um assessor no Domingo de Páscoa, em sua tradicional bênção “urbi et orbi”, diante de uma multidão na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Apesar da saúde debilitada, Jorge Mario Bergoglio apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, sentado em uma cadeira de rodas. A missa foi celebrada pelo cardeal italiano Angelo Comastri, mas a homilia havia sido escrita pelo próprio pontífice.

Na mensagem, Francisco denunciou as consequências da guerra e pediu o fim do armamento global. “Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento”, escreveu. Para ele, a busca por segurança não pode justificar a escalada armamentista. “A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento.”

Ele também lamentou os efeitos dos conflitos sobre civis inocentes e reafirmou o valor da dignidade humana. “Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade.”

Na mesma mensagem, o papa fez referência à guerra no Oriente Médio. Chamou de “dramática e deplorável” a situação na Faixa de Gaza, cobrou a libertação dos reféns do Hamas e expressou solidariedade tanto ao povo palestino quanto ao israelense.

Francisco também defendeu a liberdade de pensamento, religião e expressão. E, em tom de alerta, disse que é preciso resistir à “lógica do medo que aprisiona” e derrubar as “barreiras que criam divisões”.

Francisco morreu na manhã desta segunda-feira (21), aos 88 anos, após cerca de 40 dias internado com um quadro de bronquite. Ele foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo máximo da Igreja Católica. O Vaticano ainda não informou detalhes sobre o funeral.