Advogado compara Filipe Martins a Jesus: “Processo de crucificação”

Um dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrante do chamado “núcleo 2” dos investigados por uma suposta trama golpista, o ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, foi comparado a Jesus Cristo durante a defesa feita pelo seu advogado, o desembargador aposentado Sebastião Coelho, no julgamento da denúncia, nesta terça-feira (22/4), no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Filipe Martins aguarda que esse tribunal, hoje, dê ouvidos à sua defesa e que aquele processo de crucificação que Jesus sofreu e Filipe Martins está sofrendo desde 8 de fevereiro de 2024 tem que acabar hoje. Vossas excelências têm o poder para acabar com isso”, afirmou Coelho.

“Não há justa causa para o recebimento dessa denúncia. É comprovado que Filipe Martins, no dia 7 de 1, estava em Ponta Grossa, embora a Polícia Federal tenha dito que ele estava nos Estados Unidos”, ressaltou o advogado.

A defesa ainda pediu para que, caso haja o recebimento da denúncia, que as medidas cautelares impostas a Martins sejam extintas. “Não há razão para que ele permaneça com essas medidas cautelares. Digo a vossas excelências: as guerras não importam como começam, mas existe um momento em que a guerra precisa parar. Que seja, de preferência, por um processo de paz. Porque se não houver processo de paz, teremos vencidos e vencedores, mas, no fim, não teremos nem vencidos nem vencedores”.

Martins chegou ao STF acompanhado dos advogados, após ser autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes a comparecer ao julgamento. Ele está com a esposa e, diante de restrições impostas por Moraes, não parou para conversar com jornalistas.

À imprensa, Sebastião Coelho disse: “Se ele não fosse assessor do ex-presidente Bolsonaro, não estaria aqui. Tudo será respondido hoje”, declarou.

Núcleo 2

A Primeira Turma do STF analisa, a partir desta terça, se aceita ou rejeita denúncia da PGR contra mais um grupo de acusados de tentativa de golpe de Estado.

O chamado núcleo 2 é formado por seis integrantes – entre os quais, o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques, acusado de gerenciar ações para um possível golpe de Estado.

Veja quem integra o núcleo 2

  • Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Jair Bolsonaro;
  • Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;
  • Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;
  • Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
  • Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública da Distrito Federal; e
  • Mário Fernandes – general da reserva do Exército e “kid preto”.

Uma das acusações da PGR nesse caso é que os integrantes do núcleo 2 usaram a máquina pública, como a PRF, para dificultar o acesso de eleitores aos locais de votação no segundo turno das Eleições 2022, especialmente no Nordeste, maior reduto eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então concorrente de Bolsonaro na disputa presidencial.

Com colaboração de Carlos Estênio Brasilino.

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