BC deve subir juros com inflação persistente, diz economista

As recentes ações do governo para estimular o consumo — como a antecipação do 13º salário, a ampliação do crédito consignado e a isenção do imposto de renda para faixas de menor renda — devem intensificar a pressão da inflação no Brasil. A avaliação é do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, em entrevista ao programa BM&C News.

De acordo com ele, a combinação dessas políticas amplia o volume de dinheiro em circulação e dificulta o trabalho do Banco Central em conter a inflação. “O governo implementou várias medidas que só atrapalham a vida do Banco Central nesse momento”, disse Vale.

Crédito mais barato: impactos na inflação

Uma das iniciativas destacadas é o crédito consignado, que, segundo o economista, busca reduzir o spread bancário e facilitar o acesso ao crédito para a população. Contudo, o uso do FGTS como garantia é um ponto sensível. “É uma estrutura muito discutível, antiga, que a gente precisa, em algum momento, discutir”, afirmou.

Embora as medidas tenham apelo social, Vale chama atenção para o momento em que estão sendo implementadas. “O problema é o timing disso tudo, no momento em que a inflação é elevada e o governo busca efeitos eleitorais para o ano que vem”, alertou.

Salário mínimo e IR: aumento de renda impulsiona a demanda

O aumento real do salário mínimo previsto para 2026 e a isenção do imposto de renda também foram citados como vetores de estímulo à demanda. “O próprio ministro falou que é quase como colocar um 13º salário extra no bolso do trabalhador no fim do ano”, disse Vale.

Esse movimento pode gerar alívio no orçamento familiar, mas tende a alimentar a inflação ao longo dos próximos trimestres. “A pressão de demanda vai ser alta e as consequências inflacionárias também”, afirmou.

Inflação deve seguir pressionada, e Selic pode ir a 15,25%

Com a inflação rodando em torno de 5,5%, sem sinais de arrefecimento, a expectativa do economista é de que o Banco Central tenha que elevar a taxa Selic nas próximas reuniões. “Muito provavelmente, até junho, ela pode chegar a 15,25%”, afirmou.

Vale acredita que esse patamar elevado deve ser mantido por um período prolongado, com possibilidade de cortes apenas no fim de 2025. “Não há muito espaço para quedas mais fortes em 2026”, completou.

Cenário político em 2025 e 2026 também pesa

Além dos desafios econômicos, o cenário político deve dificultar a gestão da política monetária. “2026 será um ano eleitoral bastante tenso no Brasil, e nos Estados Unidos, o segundo ano de governo Trump também pode ser conturbado”, afirmou. Para ele, o ambiente doméstico e internacional contribuirá para a manutenção dos juros altos.

Assista na íntegra:

Leia mais notícias e análises clicando aqui

O post BC deve subir juros com inflação persistente, diz economista apareceu primeiro em BM&C NEWS.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.