Governo Trump propõe grande reforma do Departamento de Estado dos EUA

WASHINGTON (Reuters) – O governo Trump está propondo uma grande reformulação do Departamento de Estado dos EUA que eliminaria mais de 100 escritórios, incluindo alguns que trabalham com crimes de guerra e defesa de direitos, para garantir que a agência esteja alinhada com as prioridades do presidente Donald Trump.

O plano, sobre o qual o Congresso foi notificado, eliminaria 132 dos 734 bureaus e escritórios do departamento, segundo um memorando interno do Departamento de Estado visto pela Reuters. Os subsecretários apresentarão planos para reduzir a equipe em 15%, acrescentou o documento.

Não ficou imediatamente claro quantas pessoas seriam demitidas como resultado da reformulação, mas uma notícia da publicação online The Free Press, que o secretário de Estado, Marco Rubio, publicou no X, disse que mais 700 cargos seriam eliminados nos escritórios fechados.

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Um grupo de trabalho interno conduzirá a implementação da reorganização e desenvolverá planos detalhados para cada parte do departamento até 1º de julho, escreveu o vice-secretário de Estado Christopher Landau à equipe em um email interno visto pela Reuters.

A mudança faz parte de um esforço sem precedentes de Trump e de seu conselheiro bilionário Elon Musk para reduzir o governo federal, dizendo que o dinheiro do contribuinte norte-americano está sendo mal gasto. O esforço levou à demissão de milhares de funcionários públicos.

“Em sua forma atual, o Departamento está inchado, burocrático e incapaz de realizar sua missão diplomática essencial nesta nova era de competição entre grandes potências”, disse Rubio em um comunicado.

Tanto Rubio quanto as autoridades disseram que a estrutura inchada do Departamento de Estado impossibilitava a tomada de decisões de forma rápida e eficiente, e que o novo plano tentaria capacitar os escritórios regionais para aumentar a funcionalidade e remover escritórios e programas não alinhados com os principais interesses nacionais dos Estados Unidos.

Trump emitiu um decreto separado em fevereiro instruindo Rubio a reformular o Serviço de Relações Exteriores dos EUA e o funcionamento do Departamento de Estado para garantir que o corpo diplomático dos EUA implemente fielmente sua agenda.

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A reorganização proposta parece ser menos dramática do que muitos no departamento temiam, e um memorando que circulou entre os funcionários do Departamento de Estado no fim de semana propunha a eliminação de quase todo o departamento de assuntos africanos do Departamento, entre outras mudanças drásticas.

A senadora Jeanne Shaheen, de New Hampshire, a principal democrata do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disse que examinaria o plano e queria que Rubio depusesse ao painel sobre ele. “Quando os Estados Unidos se retraem — como aconteceu com o presidente Trump — a China e a Rússia preenchem o vazio”, disse ela em um comunicado.

“CAPTURA IDEOLÓGICA”

As maiores mudanças propostas são a eliminação do subsecretário de Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos, uma parte do Departamento que Rubio acusou de se desviar das prioridades dos EUA ao apontar para o que ele chamou de “captura ideológica” na agência.

Esse setor, escreveu ele em um artigo do Substack, “proporcionou um ambiente fértil para que os ativistas redefinissem “direitos humanos” e “democracia” e levassem adiante seus projetos às custas do contribuinte, mesmo quando estavam em conflito direto com as metas do secretário, do presidente e do povo norte-americano”

Ele acusou os funcionários que trabalham com democracia, direitos humanos e trabalho de promoverem vinganças contra o que ele chamou de líderes “anti-woke” na Polônia, Hungria e Brasil e disse que o departamento de migração ajudou a estimular a migração em massa.

Vários programas da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) apoiaram durante anos o trabalho de fortalecimento da mídia independente e da sociedade civil em países cada vez mais autocráticos. Não se sabia imediatamente se isso ainda era uma prioridade.

Embora alguns departamentos do ramo abolido estivessem sendo incorporados a outras partes do Departamento, um importante escritório de monitoramento de crimes de guerra e atrocidades em todo o mundo — o Escritório de Justiça Criminal Global — havia desaparecido do novo organograma fornecido.

A porta-voz Tammy Bruce disse aos repórteres que a proposta era um roteiro e que as coisas ainda poderiam mudar. O fechamento de um escritório focado em uma questão específica não significa que o trabalho nessa questão seria completamente interrompido, disse ela, sem detalhar como essas questões continuariam sendo prioridades do departamento.

Na semana passada, Rubio também fechou um escritório do Departamento de Estado criado para combater a desinformação estrangeira, acusando-o de censurar opiniões conservadoras.

Em março, autoridades norte-americanas disseram que o departamento também estava se preparando para fechar quase uma dúzia de consulados.

O plano anunciado nesta terça-feira concentrou-se em mudanças na sede do departamento em Washington, disse um autoridade de alto escalão do Departamento de Estado aos repórteres quando perguntado sobre o número de missões que podem ser fechadas no exterior como parte da mudança.
“Esse é um plano puramente doméstico. Não tem nada a ver com nenhuma missão no exterior. Isso não quer dizer que não haverá decisões posteriores sobre missões no exterior”, disse o funcionário, sob condição de anonimato.

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