Jornal conquista cada vez mais espaço como ferramenta de aprendizagem

A proibição do uso de celulares em sala de aula é uma realidade que ainda gera discussões sobre como manter os alunos engajados e informados. A utilização de jornais é uma estratégia que pode ser utilizada para a formação dos futuros cidadãos e o desenvolvimento do seu senso crítico.

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“O jornal consegue puxar o estudante tanto para a questão social como para a questão científica”, destaca a professora de escrita criativa e autora do livro “A leitura do jornal na sala de aula: dialogismo e alteridade”, Edilaine Vieira Lopes. Também responsável pela curadoria de conteúdo do Jornal na Sala de aula, projeto do Grupo Sinos, a professora destaca que como educadora sempre trabalhou as notícias em sala.

Diante da proibição dos alunos em usar o celular, Edilaine salienta que vê o jornal como potencial neste momento. “É um momento que nos convida, tanto professores quanto alunos, a olharmos para nós mesmos, a voltarmos a olhar para o livro impresso e físico, para o jornal, para o fascículo, para a própria notícia, para a reportagem, para crônica, enfim, para os gêneros pessoais que estão ali, formas que foram deixadas de lado em detrimento dessa concorrência desleal, que é a tela”, acredita.

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É claro, sublinha, que não há como concorrer com a tela. “O algoritmo fica ali enviando notificações, o aplicativo fica o tempo todo controlando o nosso movimento ocular, vendo que não foi pego o telefone e, de tempo em tempo, está disputando com a nossa atenção. Então, a leitura de meios tradicionais, como do livro impresso, do jornal, ficavam de lado, porque a demanda digital era demais, e havia pouca procura por gêneros tradicionais. Porém, agora, com essa inversão dos papéis, de deixar de lado o aplicativo, deixado o celular para um segundo momento, mais mediado pedagogicamente, volta-se o holofote para aquilo que era dito como antigo”, explica Edilaine.

Diversidade de conteúdos no colégio

Um ponto destacado pelos estudantes é a diversidade de conteúdos, desde política até cultura e meio ambiente. Colegas da turma 82, da Escola Municipal Rui Barbosa, de Campo Bom, Laura Keller e Camila Grazieli Ramos, ambas com 13 anos, destacam a forma de interação

“Eu tenho experiência com o jornal há três anos. Utilizo desde os 6º, 7º e 8º anos. Tem atividades legais e ajuda a turma a se conectar com o mundo, com as notícias”, declara Laura. Camila, por sua vez, arremata: “auxilia na leitura porque é basicamente um livro.”

Colega das meninas, Pedro José Knop, 13 anos, ao folhear a página depara-se com o tema bullying. “É muito importante, porque o bullying não pode ser feito e, como diz aqui, bullying é crime”, exemplifica o estudante.

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A coordenadora pedagógica da Escola Rui Barbosa, Fernanda Caroline Klein, explica que o jornal é utilizado em diferentes disciplinas, como Educação Física, Matemática, História, Geografia, Artes, Português. “O jornal traz realidades, como no esporte há a informação prática para educação física, a matemática temos a porcentagem e gráficos, a arte vem com as charges e fotos”, explica.

A professora de Língua Portuguesa Rebeca Cavalcanti Lopes conta que em sua disciplina são trabalhadas como habilidades relacionadas a diferenças de fato, opinião, como funciona uma notícia, a diversidade de fontes. “O jornalismo tem um papel fundamental e é responsável em informar o que está acontecendo no mundo, na nossa comunidade. Ter o jornal na sala de aula nos permite ter o debate com os alunos”, conclui.

Escolas de Campo Bom integram o projeto

Por meio de assessoria, a secretária de Educação de Campo Bom, Mara Daubermann, relata que o uso do jornal em sala de aula promove a leitura, a cidadania e o desenvolvimento do pensamento crítico, amplia o vocabulário, estimula o debate sobre temas atuais, ajuda a compreender a realidade, insere os alunos na sociedade.

Campo Bom recebe às segundas-feiras o Jornal NH, por meio do projeto Jornal na Sala de Aula, distribuído aos alunos do 5º ao 9º anos das 20 escolas municipais de ensino fundamental.

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“Com a retirada do uso do celular na escola, o jornal impresso surge como uma alternativa pedagógica valiosa para manter os alunos conectados com o mundo e estimulados intelectualmente. Enquanto o celular oferecia acesso rápido à informação digital, muitas vezes, dispersando a atenção e dificultando a concentração, o jornal permite um consumo mais focado, crítico e aprofundado das notícias. Diferente da leitura dinâmica e fragmentada das telas, o jornal convida à reflexão, à análise detalhada e ao debate coletivo, promovendo o desenvolvimento da leitura crítica, da argumentação/oralidade e da escrita”, declara a secretária por meio de nota.

Além disso, acrescenta a secretária, ao manusear o jornal, os alunos desenvolvem o hábito de buscar informações de forma mais ativa e consciente, sem as distrações típicas dos meios digitais.