Advogado descarta cliente em tribunal do PCC: “Estado deve desculpas”

São Paulo — Um dos homens condenados por participar de um tribunal do crime do Primeiro Comando da Capital (PCC), em janeiro de 2023, passou mais tempo na cadeia do que o período estipulado pela condenação. Condenado a um ano de reclusão, W.G.F. passou quase dois anos preso preventivamente, até sair a sentença, em fevereiro deste ano. Por isso, o Estado lhe deve desculpas, argumenta o advogado do réu, Carlos Percival.

O crime ocorreu em janeiro de 2023 na zona rural de Sandovalina, região de Pirapozinho, no interior de São Paulo. W.G.F. chegou a ficar foragido até ser preso cerca de quatro meses após o crime.

“Nós vamos buscar por meio da Justiça, tanto uma indenização, quanto saber se o promotor ou o delegado de polícia que manteve ele preso vão pedir desculpa para ele ou qualquer coisa nesse sentido”, disse o advogado.

Conforme Percival, W.G.F. cumpriu pena e está solto. Ele é empresário e atua no setor de estética automotiva.

Tribunal do crime

Para o advogado do réu, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) erra ao falar em tribunal do crime, já que nenhum dos réus foi enquadrado na Lei de Organizações Criminosas (12.850/2013). “Eles não pegaram a organização criminosa, a história desse tribunal do crime não tem como existir”, disse.

Na denúncia, o MPSP afirmou que os três réus “integravam, como de fato integram, pessoalmente, a organização criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC)”.

O fato, no entanto, não ficou provado para a juíza Maria Fernanda Sandoval Eugenio Barreiros Tamaoki, da 1ª Vara Judicial da Comarca de Pirapozinho, que absolveu os réus deste crime específico.


Condenações

  • W.G.F. e mais dois suspeitos foram condenados por envolvimento em um homicídio qualificado. Ele foi sentenciado a um ano de reclusão e pagamento de 10 dias-multa por ocultação de cadáver.
  • J.O.S foi condenado a 17 anos e quatro meses de reclusão e pagamento de 10 dias-multa por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
    R.S.M. foi sentenciado a 11 anos, dois meses e 12 dias de reclusão e 14 dias-multa, também por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
  • O empresário recebeu a pena mais branda por não ter participado diretamente da execução, mas da ocultação do cadáver da vítima, decidiu a Justiça.

Assassinato e envolvidos no crime

Ao Metrópoles, Percival disse que a vítima, identificada como Alex Sandro de Moreira da Silva, estava em um bar junto com os acusados, em 9 de janeiro, na cidade de Paranacity, no Paraná. No loca houve uma troca de tiros.

Todos os quatro entraram em um carro, rumo à Teodoro Sampaio, município no estado de SP. Esta foi a última vez que Alex Sandro foi visto com vida.

Na madrugada de 9 para 10 de janeiro, a vítima usou o celular de W.G.F. para ligar para o dono do bar onde houve a troca de tiros, perguntando sobre o ocorrido. A ligação apontou para a polícia e para o MPSP que os acusados estavam com o rapaz morto no momento do crime.

“Essa é a única prova que se tem [do envolvimento de W.G.F], e essa ligação dá de uma torre que fica a praticamente 50km de distância de onde o cadáver foi encontrado”, afirmou Percival.

De acordo com as investigações, Alexandro foi morto entre os dias 9 e 11 de janeiro de 2023, em horário que não foi possível precisar, no Assentamento Bom Pastor, próximo ao Sítio do Loro, na zona rural de Sandovalina. A morte foi resultado de “golpes produzidos com instrumentos perfuro-contundentes e instrumentos perfurocortantes”.

Segundo o advogado, não ficou claro o que levou ao suposto do tribunal do crime, visto que o rapaz não estava envolvido na troca de tiros.

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