Anvisa aprova novo remédio para Alzheimer que retarda avanço da doença

Logotipo da Eli Lilly exposto em um dos escritórios da companhia em San Diego, California, EUA.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (22) um novo medicamento para auxiliar no tratamento de adultos com Alzheimer, no seu período inicial. A Kisunla (donanemabe), fármaco desenvolvido pela Eli Lilly, é indicada para pacientes com comprometimento cognitivo leve (CCL) ou em estágio leve de demência.

Nos estudos clínicos, os melhores resultados apareceram nos pacientes que estavam nos estágios mais iniciais da doença. Eles foram acompanhados por 18 meses e divididos em dois grupos: um com menor presença da proteína tau (indicando fase mais precoce da doença) e outro com uma população geral de pacientes.

Em comparação com placebo, o avanço do Alzheimer foi 35% mais lento nos pacientes com a doença menos avançada, e na população geral, foi 22% mais devagar. Além disso, o risco de progressão para o próximo estágio da doença caiu até 39% entre os que usaram donanemabe.

Além disso, o medicamento ajudou a remover as placas amiloides do cérebro em boa parte dos pacientes:

  • 30% tiveram níveis considerados negativos após 6 meses de tratamento;
  • 66% após 12 meses;
  • 76% após 18 meses.

O donanemabe é administrado por injeção, uma vez por mês. Ele é o primeiro remédio aprovado no Brasil que atua diretamente na remoção das placas amiloides, com evidências de que o tratamento pode ser interrompido quando essas placas desaparecem. Isso traz mais previsibilidade tanto para os pacientes quanto para os médicos e o sistema de saúde.

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Como funciona o novo medicamento aprovado para Alzheimer

O donanemabe é indicado para tratar adultos com comprometimento cognitivo leve ou demência leve causados pela doença de Alzheimer. Ele é voltado especialmente para pacientes que são heterozigotos ou não portadores do gene ApoE ε4, associado à doença.

O medicamento só pode ser usado com prescrição médica e é aplicado por via intravenosa. O esquema de tratamento é feito a cada quatro semanas: nas três primeiras aplicações, a dose é de 700 mg; depois disso, passa para 1400 mg nas infusões seguintes.

A ação do donanemabe está diretamente ligada às chamadas placas beta-amiloides, um dos principais marcadores do Alzheimer. Essa proteína é produzida naturalmente no organismo, mas se acumula de forma anormal no cérebro em pessoas com a doença, formando placas que afetam áreas responsáveis pela memória, cognição e pela capacidade de realizar atividades do dia a dia.

O donanemabe ajuda o organismo a remover essas placas, o que pode retardar a progressão do Alzheimer, preservando por mais tempo a memória, a cognição e a autonomia do paciente.

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Possíveis efeitos colaterais do donanemabe

Apesar dos benefícios, o uso do medicamento pode causar alguns efeitos colaterais, sendo o mais comum a chamada ARIA (sigla em inglês para Anormalidades de Imagem Relacionadas à Amiloide). Esse efeito adverso é frequente em medicamentos que atuam sobre as placas amiloides no cérebro.

Na maioria das vezes, a ARIA não causa sintomas e é identificada apenas por meio de exames de ressonância magnética. Quando aparece, pode se manifestar como um inchaço temporário em uma ou mais áreas do cérebro, que tende a desaparecer com o tempo. Também pode surgir como pequenos sangramentos na superfície cerebral. Em casos mais raros, pode haver sangramentos maiores, o que representa um risco à vida.

Além disso, o remédio pode causar reações alérgicas, podendo ser leves, graves e até fatais. Essas reações geralmente ocorrem durante a aplicação do medicamento (que é feito por infusão na veia) ou até 30 minutos depois. Dor de cabeça também foi um efeito colateral relatado com frequência.

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