Brasil crescerá menos e pagará mais juros nos próximos dois anos, segundo Austin

A Austin Rating divulgou nesta terça-feira (23) a atualização de suas projeções macroeconômicas para os anos de 2025 e 2026. Em meio a um cenário global marcado pelo retorno de políticas protecionistas nos Estados Unidos sob a nova gestão de Donald Trump, o Brasil deve enfrentar um biênio de crescimento econômico moderado, inflação pressionada e juros em patamares elevados.

Crescimento abaixo da média histórica, diz Austin

A expectativa é que o PIB brasileiro cresça 1,8% em 2025 e 1,7% em 2026, praticamente metade da média registrada entre 2021 e 2024, de 3,6%. A projeção reflete os efeitos contracionistas da política monetária vigente e as incertezas provocadas pela nova guerra comercial entre EUA e China.

Inflação e juros seguem elevados

O IPCA deve encerrar 2025 em 5,4%, acima do centro da nova meta contínua de 3%, e recuar para 4,1% em 2026. A continuidade da pressão dos preços de serviços e alimentos exigirá resposta firme do Banco Central. A taxa Selic, atualmente em trajetória ascendente, deverá atingir 15% ao ano em junho de 2025 e 2026 em 12%.

Segundo a Austin, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, deverá enviar uma “Carta Aberta” ao Conselho Monetário Nacional justificando o estouro da meta de inflação em 2025.

Câmbio e contas públicas também preocupam Austin

O câmbio nominal deve fechar 2025 a R$ 5,85/US$ e 2026 a R$ 5,80/US$, refletindo riscos fiscais e a instabilidade do cenário externo. Apesar de uma leve melhora projetada para o resultado primário em 2026 (superávit de R$ 20 bilhões), a dívida pública segue trajetória ascendente: a dívida bruta deve atingir 84% do PIB até o fim de 2026.

A Austin ressalta que o governo poderá recorrer a medidas parafiscais e uso de bancos públicos para cumprir metas do novo arcabouço fiscal, o que pode comprometer a credibilidade junto ao mercado.

Impactos no emprego e no crédito

O mercado de trabalho também deve sentir os efeitos do desaquecimento. A taxa de desemprego deve terminar 2025 em 7,2% e 8% em 2026, com avanço tímido na massa salarial e no rendimento médio. O crédito continuará crescendo, mas em ritmo mais moderado, com a inadimplência e os spreads bancários ainda elevados.

Risco global em alta

O cenário internacional também impõe riscos: o FMI revisou para baixo a expectativa de crescimento global, projetando 2,8% para 2025 (ante 3,3% em janeiro). A política tarifária agressiva dos EUA e a tensão comercial com a China são apontadas como os principais fatores de instabilidade.

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