Governo Lula estuda usar Pix como garantia de empréstimos para empreendedores

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda lançar uma nova modalidade de crédito que utiliza o Pix como garantia de pagamento de empréstimos, especialmente voltada para empreendedores. A proposta foi detalhada nesta quarta-feira (23) pelo secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, durante o evento CNN Talks.
Segundo o secretário, a iniciativa permitirá que parte dos valores recebidos via Pix sejam descontados automaticamente pelos bancos, de forma similar ao modelo de crédito consignado. O objetivo é reduzir os níveis de inadimplência e tornar o crédito mais acessível e barato para quem empreende.

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“A gente quer criar uma tecnologia que possa adiantar esse fluxo financeiro [do Pix] junto aos bancos. Então ele vai ao banco, contrata um empréstimo, e o banco já vai descontando, mais ou menos como funciona no consignado”, explicou Pinto.
A ferramenta, batizada informalmente de “Pix Garantia”, já está em desenvolvimento pela equipe econômica em parceria com o Banco Central. A expectativa, segundo o governo, é de que a tecnologia esteja disponível ao público a partir de 2026.

Foco no empreendedorismo

O secretário afirmou que a proposta faz parte de uma série de medidas voltadas a estimular o ambiente de negócios no país. “Temos tido um diálogo constante com os empreendedores brasileiros. Os nossos temas estão muito ligados ao empreendedorismo”, disse.
Para o governo, o novo produto pode se transformar em um instrumento de injeção de liquidez no mercado com impacto direto na base da pirâmide econômica — onde micro e pequenos empreendedores ainda enfrentam grandes barreiras para acessar crédito formal.

Tensões com o Banco Central

A proposta de estímulo ao crédito por meio do Pix caminha em direção oposta à postura atual do Banco Central, que mantém juros elevados visando conter a inflação. A autoridade monetária tem defendido cautela diante da desancoragem das expectativas inflacionárias e de um mercado de trabalho ainda aquecido.
Na avaliação do governo, no entanto, o novo modelo de garantia via Pix pode conviver com juros altos e ainda assim contribuir para reduzir o custo do crédito, já que oferece mais segurança às instituições financeiras.

Reação ao monitoramento do Pix

A proposta surge meses após uma tentativa frustrada do governo de ampliar a fiscalização sobre transações via Pix. Em janeiro, o Ministério da Fazenda e a Receita Federal anunciaram que iriam acompanhar com maior rigor movimentações superiores a R$ 5 mil por mês por meio da plataforma.

A repercussão negativa foi imediata, com críticas de que a medida representava um “imposto disfarçado” sobre o Pix. O governo recuou e revogou a regra, ressaltando que não haveria novos tributos sobre a modalidade.
A resistência demonstrou o peso político e simbólico do Pix, que hoje já responde por mais de 40% das transações financeiras realizadas no país, superando cartões de débito e TEDs.

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