Neomonogamia: nova forma de relacionamento repensa regras da monogamia

Em um episódio da famosa série Friends, Chandler (Matthew Perry) conta que está criando uma lista com o nome de cinco mulheres famosas com as quais teria a possibilidade de ficar se as encontrasse pessoalmente, o que seria uma brecha no relacionamento com a personagem Janice.

A situação retratada na produção em 1994 tem algumas semelhanças com um modelo de relacionamento que chegou nas redes sociais em 2025: a neomonogamia. Como o próprio nome sugere, trata-se de uma nova maneira de pensar a monogamia.

A psicóloga Karliny Uchôa destaca que a neomonogamia é um modelo de relacionamento em que o casal escolhe manter a exclusividade afetiva e/ou sexual, com um “plus” de acordos mais personalizados e diálogo aberto.

“Na neomonogamia, alguns casais podem incluir práticas como flertes consentidos, consumo conjunto de conteúdo adulto, liberdade para amizades íntimas ou até beijos em festas com permissão, isso varia dos acordos de cada indivíduo”, esclarece a profissional.

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, esse modelo pode fortalecer a relação social do casal ao incentivar a comunicação aberta e acordos mais realistas, o que, à medida em que se mantém o equilíbrio, pode reduzir cobranças, inseguranças e frustrações comuns em modelos rígidos.

O mestre em psicologia Fabiano de Abreu destaca que há, na neomonogamia, concessões pontuais com base em lógica. “Neomonogamia é uma monogamia racionalizada. Não segue padrão cultural herdado, mas a lógica contratual entre dois indivíduos. Mantém exclusividade, só que insere cláusulas de exceção previamente negociadas. Exige maturidade emocional e controle dos impulsos.”

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O que fazer para aderir ao modelo de relacionamento?

Na visão de Karliny, para viver esse tipo de relação é necessário estar atento à saúde emocional, pois lidar com ciúmes e vulnerabilidades pode ser desafiador para algumas pessoas, “A terapia de casal pode ajudar bastante nesses casos”, defende.

Entretanto, a profissional salienta que, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, esse modelo pode fortalecer a relação social do casal ao incentivar a comunicação aberta e acordos mais realistas, o que diminui possíveis frustrações.

O que pode estar incluso?

• Flertes com permissão;
• Consumo erótico conjunto;
• Beijos sob condição;
• Relações não sexuais de intimidade externa;
• Abrir o relacionamento no Carnaval/Ano-Novo;
• Celebridade-crush está liberada;
• Viver um affair em viagens.

“A principal diferença está na frequência e intenção dos envolvimentos com outras pessoas. Enquanto na neomonogamia há exclusividade na maioria dos casos, com pequenas flexibilizações combinadas, no relacionamento aberto os parceiros têm liberdade frequente para se relacionar afetiva e sexualmente com outras pessoas”, encerra Karliny.