O mundo fake de Bolsonaro não tem limites. Quem quiser, acredite nele

Duvide sempre de tudo o que Bolsonaro faz ou diz. Ele vive num mundo de fantasia onde o que parece ser nunca é. Ou dito de outra maneira: onde quase tudo é fake.

Uma vez operado por causa de uma obstrução intestinal, no dia seguinte, em situação deplorável, ele foi filmado tentando caminhar em um corredor do hospital DF Star, em Brasília.

Quem acessou o vídeo, postado nas redes, certamente sentiu pena dele. Poucas horas depois, outro vídeo o mostrou caminhando com razoável rapidez amparado apenas em  sua mulher.

Fato ou fake? O primeiro vídeo ou o segundo?

Na véspera da Quinta-feira Santa, quando Jesus lavou os pés dos seus discípulos antes de cear com eles, Michelle Bolsonaro ajoelhou-se diante do marido e massageou seus pés.

Fato ou fake? Ou, digamos, mera coincidência?

Diariamente, o hospital divulgava um boletim sobre o estado de saúde de Bolsonaro. Parou de divulgar.  Ora, Bolsonaro é um homem público. A informação é de utilidade pública.

O último boletim dizia que Bolsonaro passava bem, mas seguia internado na UTI, sem previsão de alta e proibido de receber visitas. Neste dia (21), Bolsonaro concedeu uma entrevista ao SBT.

No mesmo dia, participou de uma live junto com seus filhos Flávio, Carlos e Eduardo para impulsionar as vendas de um capacete recém-lançado a preços módicos. Negócios são negócios.

Os Bolsonaro não fabricam capacetes. Eles se associaram a uma empresa que os fabrica. Emprestam seu prestígio. E repartem o lucro com o fabricante.  Vez em quando, leiloam um capacete.

No dia 22, Bolsonaro recebeu no hospital a visita de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Conversaram por uma hora e meia sobre o projeto de anistia para os golpistas do 8 de janeiro.

“Saí de lá muito feliz ao ver que a cada dia ele está melhor”, disse Costa Neto a jornalistas. “A conversa foi ótima. Estou na torcida pela recuperação total e o mais rápido possível”.

Quem é capaz de conceder entrevista direto de uma UTI, participar de uma live para vender capacetes e acolher ali visitantes, pode recepcionar um oficial de justiça direto de uma UTI.

“O oficial botou o pé na porta da UTI”, anunciou Bolsonaro, ontem (23). Se lida literalmente a frase, a oficial, a mando do Supremo Tribunal Federal, empurrou a porta para forçar a entrada.

Fake. Fake. Fake.

A oficial pediu para ser atendida.  Sua missão: intimá-lo da abertura do processo penal sobre a trama golpista de dezembro de 2022.  Bolsonaro mandou-a entrar.

Equipe de filmagem a postos, antes de assinar a intimação, Bolsonaro discursou por cerca de 11 minutos. Criticou Alexandre de Moraes, falou sobre as próximas eleições e disse à oficial:

“Você só está cumprindo ordem, mas as pessoas dos tribunais do Hitler também cumpriram: colocavam judeus na câmara de gás. Todas pagaram seu preço. Não vai ser diferente no Brasil”.

Enquanto falava com a oficial de Justiça, uma pessoa, não se sabe quem, entrou em cena para dizer a Bolsonaro que sua pressão subira. Nenhum médico confirmou o aumento de pressão. Fake.

No início da noite, à porta do hospital, o Padre Kelmon, que se diz padre e que concorreu à Presidência em 2022 com a pretensão de ajudar Bolsonaro a se reeleger, celebrou uma missa… fake.

Kelmon foi ligado a uma tal de Igreja Ortodoxa do Peru. Depois, à Igreja Ortodoxa Grega da América e Exterior. É dono em Brasília de uma loja de produtos religiosos. (Melhor verificar a procedência.)

O mundo de Bolsonaro é de outro mundo.

 

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