Quem são os funkeiros extorquidos pelos policiais presos pela PF

São Paulo — Pelo menos três funkeiros, acusados de divulgar rifas ilegais nas redes sociais, eram extorquidos pela quadrilha de policiais civis que foi alvo da Operação “Latus Actio III”, deflagrada nesta sexta-feira (25/4) pela Polícia Federal (PF) em parceria com o Ministério Público de São Paulo (MPSP).

São eles: Silas Rodrigues Santos, conhecido como MC Brisola; Davi José Xavier Paiva, o MC Paiva; e Gustavo Henrique Ramos Toledo, o MC GHdo7. Juntos, eles possuem mais de 4 milhões de seguidores no Instagram. De acordo com as investigações, a plataforma era usada para divulgar as rifas.

Na operação, quatro policiais foram presos preventivamente, em cumprimento a mandados expedidos pela 1ª Vara Criminal de Santo André. Eles trabalhavam no 6º Distrito Policial da cidade. São eles: o chefe dos investigadores, Fábio Marcelo Fava; os agentes Adriano Fernandes Bezerra, Magally Ivone Rodrigues e Múcio de Assis Ladeira.

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MC Brisola

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A ação é um desdobramento das operações “Latus Actio” e “Latus Actio II”, deflagradas pela PF em março e dezembro do ano passado, respectivamente, quando uma organização criminosa para arrecadar propinas dentro da repartição policial foi identificada. Naquela ocasião, um policial foi preso preventivamente e outro afastado do serviço.

Os policiais são acusados de instaurar procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) para supostamente apurar a prática de sorteios (rifas) ilegais, realizados por influenciadores em suas redes sociais, condutas que poderiam configurar a contravenção penal por exploração de jogos de azar e crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.

No entanto, o objetivo real dos agentes era cobrar propina dos investigados e de seus advogados, a pretexto de não dar prosseguimento às apurações.

No documento, o Ministério Público afirmou que os policiais civis chegaram a cobrar R$200 mil do MC Brisola para arquivar uma investigação, que entrou em um acordo para pagar uma propina de 10% do valor (R$ 20 mil).

Latus Actio II

Na segunda fase da operação, em dezembro do ano passado –a primeira ocorreu em 12 de março de 2024 –, novas evidências coletadas no material apreendido permitiram constatar que policiais civis de São Paulo teriam solicitado propina a produtores, empresários e cantores de funk para não investigá-los por exploração de jogos de azar – no caso, rifas promovidas e divulgadas por artistas e influenciadores em suas redes sociais.

Conforme nota informativa da Coordenação Geral de Fiscalização Comercial do Ministério da Fazenda, a realização de sorteios que caracterizem “rifa” não é autorizada pela pasta, tratando-se, portanto, de jogo ilegal.

Artistas e influenciadores que promoveram as rifas ilegais temiam que as investigações conduzidas pelos policiais civis resultassem em ordens judiciais, determinando o bloqueio — ainda que temporário — de suas contas e perfis nas redes sociais, principalmente no Instagram.

Por essa razão, teriam concordado em pagar as propinas, a fim de evitar prejuízos econômicos e de imagem.

Foram cumpridos, na época, um mandado de prisão preventiva e seis de busca e apreensão nas cidades paulistas de São Paulo, Mauá, São Caetano do Sul, Mogi das Cruzes e São José dos Campos.

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