Acusado de assassinar personal trainer de Montenegro é condenado a mais de 26 anos de prisão

Acusado de matar a companheira, Alexsandro Alves Gunsch, de 49 anos, foi julgado nesta sexta-feira (25). O júri foi realizado na cidade de Montenegro, onde Débora Rodrigues Michel de Oliveira, 30, morava com o acusado e onde o crime ocorreu. Após 17 horas de julgamento, o réu foi considerado culpado e condenado a 26 anos e 8 meses de prisão em regime fechado, inicialmente.

Após 17 horas de julgamento, Alexsandro foi considerado culpado e condenado a 26 anos e 8 meses de prisão | abc+



Após 17 horas de julgamento, Alexsandro foi considerado culpado e condenado a 26 anos e 8 meses de prisão

Foto: TJRS

Gunsch foi condenado por homicídio qualificado por feminicídio, cometido contra a mulher em contexto de violência doméstica e familiar, por motivo torpe, usando meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. 

A decisão foi lida pela Juíza Débora de Souza Vissoni, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Montenegro. Ela determinou que a sentença fosse cumprida imediatamente. A defesa pode recorrer. 

O julgamento foi realizado no Salão do Júri do Foro de Montenegro, começou às 8 horas da manhã e se estendeu até 0h40 da noite deste sábado (26). Pela manhã de sexta-feira foram ouvidos os familiares Débora. Prestaram depoimento, nesta ordem, o irmão, a mãe e o pai da vítima. Logo no começo a defesa de Gunsch dispensou três testemunhas.

Pela tarde foi a vez do perito Vitor Binda, que fez os primeiros exames no corpo de Débora, e o próprio Alexsandro prestarem seus depoimentos. A defesa defendeu a tese de que a morte de Débora, ocorrida na madrugada do dia 26 de janeiro de 2024, foi um acidente em meio a uma briga física do casal.

Já a acusação, liderada pelo Ministério Público (MP) acusou o réu de ter premeditado o assassinato. Na tese do órgão acusador, Alexsandro cometeu o crime por se ver inconformado com o fim do relacionamento.

Depoimentos família

Primeiro a depor, Alex Michels, 41 anos, irmão da vítima falou sobre a relação da personal trainer com outras pessoas. Ele classificou o ex-cunhado como alguém reservado, enquanto a irmã era uma pessoa “dinâmica.” De acordo com ele, a família foi comunicada uma semana antes do crime da decisão de Débora de se separar do homem com quem vivia um relacionamento desde os 17 anos.

“Eu só pensei ‘tomara que seja tranquilo”, afirmou Alex, que se emocionou ao lembrar do momento em que viu o corpo da irmão jogado na calçada em frente à casa dos pais. “Como alguém tratar uma pessoa daquele jeito, como um animal.” A defesa questionou o irmão de Débora sobre o uso de drogas por parte da irmã bem como a respeito da forma de se vestir e as postagens da mesma nas redes sociais.

Rosane Maria Michels da Silva, mãe da vítima foi a segunda a depor, e relatou acreditar que a ida do ex-genro até a casa do casal como uma ação para tirar a vida deles também. “Eu penso que ele ia matar nós, eu e Davi. Ele sabia tudo, de nós tomarmos remédio para dormir. É claro que ele ia lá nos matar”, afirmou Rosane.

Último a depor pela manhã, Davi Rodrigues da Silva, pai da vítima contou relatou que a filha tinha independência financeira, e que ele mesmo teve que auxiliar o casal financeiramente. “Uns dois ou três anos que eles estavam juntos, como ele tinha a chave da casa, eu estou em casa preparando minha aula, ele entrou correndo desesperado dentro da minha casa. Eu até levei um susto, ele entrou correndo, assustado nervoso, trêmulo, não podia quase nem falar. Perguntei o que aconteceu e ele falou: ‘Preciso que tu me ajude, eu cometi um monte de besteiras antes, cometi coisas ruins antes nessa vida de crime, cometi um monte de coisas e o pessoal está me cobrando isso aí. Se não pagar até amanhã, eles vão me apagar ou eu vou ter que entrar nessa vida de crime de novo’, relatou Davi sobre um empréstimo feito no início do relacionamento.

Antes do anúncio da separação, o casal alugou um apartamento para Débora, o qual seria pago por Davi.

Perícia e réu

Depois de uma pausa para o almoço, o julgamento foi retomado pela parte da tarde com o depoimento do perito Vitor Binda, responsável pelo laudo de necropsia da vítima. Em seu depoimento o perito detalhou os ferimentos encontrados no corpo de Débora após a morte. Arrolado no julgamento pela primeira equipe de defesa de Alexsandro, Binda prestou um depoimento pouco favorável ao réu.

Segundo o médico perito, os levantamentos apontaram asfixia mecânica por compressão cervical como causa da morte. O que significa que Débora foi morta por estrangulamento, afastando a possibilidade de uma morte súbita.

Quando sentou no banco dos réus, Alexsandro assumiu as agressões contra a ex-companheira. Mas, de acordo com ele, a morte foi consequência de uma briga após um ataque de ciúmes por parte de Débora, que teria o agredido e ele, cerca 30 centímetros mais alto, reagiu segurando-a pelo pescoço e a atirando contra um guarda-roupa.

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Alexsandro admitiu o uso de drogas, uma situação que inclusive gerou brigas e discussões entre o casal, levando ao desgaste final. Mas de acordo com ele, Débora também era usuária de cocaína e anabolizantes.

Depois de admitir o crime, ele chegou a chorar e pediu desculpas. “Quero pedir perdão, eu juro que foi sem querer.”

por homicídio qualificado por feminicídio (cometido contra mulher em contexto de violência doméstica e familiar), motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.

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