Mulher que perdeu Jeep após demissão ironiza proposta de acordo

São Paulo — A empresa que demitiu a auxiliar de contabilidade Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, que ganhou um Jeep Compass em um sorteio e teve o carro tomado após o desligamento, propôs que a mulher publicasse uma nota de esclarecimento (leia abaixo) em suas redes sociais para tentativa de acordo. Segundo a empresa Quadri Contabilidade, de Santos, no litoral de São Paulo, onde a mulher trabalhava, o acordo previa uma retratação das acusações e indenização de R$ 75 mil à ex-colaboradora. Para Larissa, contudo, a nota sugerida pela companhia é “humilhante” e não resolve a questão.

A ex-funcionária exibiu nesse domingo (27/4), em seu perfil oficial do Instagram, a nota proposta pela empresa Quadri Contabilidade para tentativa de acordo pelo ocorrido com o carro. A mulher alega que foi desligada após ter questionado a firma sobre as condições do automóvel, que, segundo ela, apresentava defeitos mecânicos.

Na publicação, no entanto, Larissa recusa o acordo e aponta que a empresa queria ter a “imagem limpa”, enquanto ela “sairia como errada”. Além disso, ela acrescenta que a questão não foi resolvida e a proposta não compensaria o valor total correspondente ao prêmio — divulgado como um carro avaliado em mais de R$ 100 mil reais, segundo a ex-colaboradora.

O que diz a nota

Na legenda da postagem, Larissa divulgou e ironizou o texto proposto pela antiga companhia. Confira, na íntegra, a nota que a empresa sugeriu:

“Venho, por meio desta nota, esclarecer publicamente os fatos relacionados às minhas publicações anteriores referentes a um sorteio e à minha rescisão contratual. Inicialmente, realizei algumas publicações impulsionada pela emoção e antes que houvesse uma comunicação formal comigo, agindo de forma incorreta.

Posteriormente, fui contatada pela parte envolvida, que se fez representar por seus representantes e acompanhada de seu departamento jurídico. Após diálogo, a questão foi resolvida de forma satisfatória.

Em relação ao sorteio, fui devidamente compensada pelo valor correspondente ao prêmio.

Diante do exposto, declaro que as publicações anteriores foram excluídas por minha própria iniciativa e por querer me retratar com a empresa.

Ademais, manifesto meu descontentamento com o fato de que algumas pessoas não souberam separar os assuntos e direcionaram comentários a pessoas vinculadas à parte envolvida que não possuem qualquer relação com o ocorrido. Reitero que tais pessoas não têm qualquer envolvimento com a situação em questão.

Assim, a presente nota tem como objetivo esclarecer que não estou sofrendo qualquer prejuízo financeiro em decorrência do ocorrido. Reconheço, desta forma, a boa-fé da parte envolvida na resolução da situação.

Declaro a todos publicamente, assim como fiz anteriormente, que esta é minha livre e espontânea manifestação”.

Ainda na publicação, ela afirma que “em nenhum momento a empresa teve a boa-fé de querer resolver se não fosse pela repercussão que o caso teve nas redes sociais”.


Entenda o caso

  • Larissa Amaral da Silva ganhou um Jeep Compass em um sorteio da Quadri Contabilidade, de Santos, onde ela trabalhava.
  • Para contemplar a ganhadora, a empresa impôs condições, como continuar trabalhando por mais um ano e cumprir metas estabelecidas.
  • O carro, segundo a empresa, valeria mais de R$ 100 mil.
  • Larissa alega que o veículo tinha problemas mecânicos.
  • Ela diz que gastou cerca de R$ 10 mil com os consertos.
  • A auxiliar de contabilidade afirma que, ao questionar a empresa sobre os defeitos do carro, foi demitida.
  • A demissão ocorreu antes de completar o tempo suficiente para manter o prêmio.
  • A documentação do automóvel estava em processo de transferência.
  • O carro, então, foi tomado de volta pela empresa.

Empresa destaca “questões comportamentais”

O chefe da empresa que sorteou o Jeep Compass, ganhado pela auxiliar de contabilidade afirmou que a funcionária foi demitida por questões éticas e comportamentais. Ao Metrópoles, a assessoria da Quadri Contabilidade explicou que o sorteio fazia parte de uma ação interna de marketing. O ganhador poderia usufruir do veículo durante o ano inteiro e, nesse meio tempo, deveria bater algumas metas de três em três meses.

Como não conseguia arcar com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) do carro, Larissa decidiu sublocar o Jeep para outra funcionária da empresa, o que não era permitido pelo contrato, já que o veículo estava no nome da empresa e seria transferido para o nome dela no final do ano. Assim, ela teria que assumir a responsabilidade e os gastos de documentação, gasolina e IPVA. Ao final do ano, com as metas batidas, o carro seria passado para o nome dela.

Segundo a assessoria da empresa de contabilidade, a demissão ocorreu após a ex-funcionária ter começado a falar mal do plano de ação, com o qual ela mesma teria concordado e assinado, em outros setores da empresa. Em contraponto, em entrevista ao Metrópoles, a mulher rebateu que “sempre foi reservada no ambiente de trabalho” e negou a acusação.

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